No dia seguinte a sua vitória para o Senado, em 2014, Gladson Cameli (PP), já era candidato ao Governo. Mais recentemente o prefeito da Capital Marcus Alexandre (PT) também assumiu a sua candidatura com quase um ano de
antecedência do pleito. Considero os dois casos uma precipitação enorme. E as consequências nefastas e imprevisíveis. Num momento em que a política está radicalizada qualquer pessoa que assume uma pretensão ao executivo será alvo de críticas por uma parte significativa da população. Na linguagem popular vira vidraça para pedras de todos os lados. Os mais recentes resultados eleitorais tanto nacionais quanto no Estado mostram que não existe mais maioria absoluta. As disputas são cada vez mais apertadas. Mesmo se tratando do Gladson que teve
a maior votação da história acreana para o Senado e do Marcus que venceu com uma relativa facilidade a sua reeleição à prefeitura de Rio Branco, com quase 60% dos votos. São dois candidatos fortes que serão fustigados pelos adversários numa longa trajetória estabelecida até a eleição. Acredito que a prudência pudesse poupá-los de muitos dissabores que ainda acontecerão nessa jornada eleitoral se os partidos tivessem tido paciência.
Ao revés
No Acre, os processos eleitorais começam ao contrário. Na minha opinião, primeiro os partidos deveriam se reunir para traçar um plano futuro de gestão para o Estado. Só depois os candidatos deveriam ser escolhidos.
Vale quanto pesa
Claro que os nomes mais populares e com mais chances de vitória têm prioridade. Mas só isso não é suficiente. É preciso também avaliar as experiências com gestão dos candidatos. Só ganhar e administrar mal pode se
tornar um pesadelo para o próprio candidato e a população.
Condenação prematura
No caso da Operação Buracos da Polícia Federal as consequências políticas são imprevisíveis. Marcus no olho do furacão político como candidato ao Governo foi levado para depor. Mas não pode ser condenado antecipadamente. Se houve delação de um ex-funcionário do DERACRE, agora, é preciso apresentar as provas materiais que confirmem o depoimento. Senão não é Justiça, mas linchamento.
Palavra do acusado
Na entrevista coletiva à imprensa, Marcus Alexandre fez questão de afirmar que é a favor das investigações e não quis relacionar a Operação ao processo político eleitoral. Ressaltou que respondeu a 44 inquéritos, dos quais 38 foram arquivados, e que nunca se negou a prestar depoimentos. Também antecipou que têm o seu sigilo bancário quebrado desde 2009, por conta da sua gestão no DERACRE. Portanto, não é um dos possíveis investigados da Operação que movimentou mais de R$ 20 milhões em suas contas bancárias.
Mágoas ao vento
Muito tranquilo ao responder as perguntas dos jornalistas, Marcus só transpareceu duas mágoas em relação a Operação. A acusação da sua esposa, a engenheira Gicélia que, segundo ele, nunca foi ordenadora de despesa quando trabalhou no DERACRE. E os fogos soltados pelos adversários políticos em frente a sua residência enquanto a Polícia Federal estava lá.
Desapego
Perguntei ao Marcus se a grande repercussão da Operação que o envolveu poderia fazê-lo recuar das pretensões de ser candidato ao Governo. Ele jogou a bola para a FPA. Disse que tudo precisa ser analisado conforme o tempo for
passando. Admitiu que a decisão será dos partidos, mas não transpareceu nenhum sintoma de que pretende recuar.
Fato
Não acredito que o processo que será gerado pela Operação Buracos tenha um desfecho antes das eleições. Mas se o processo se acelerar e o Marcus for inocentado sairá de vítima e, se condenado, não creio que prossiga no jogo.
Assim é se lhe parece
Agora, nisso tudo entra a opinião pública. Como será a leitura que a população está fazendo de todos esses acontecimentos? Claro que conforme for passando o tempo muitos elementos irão surgir que podem mudar as opiniões a favoráveis ou contrárias.
Cadeira elétrica
Todos os mais recentes diretores-presidentes do DERACRE foram chamados a depor na Polícia Federal. Fica a dúvida daqueles que foram nomeados para o cargo se receberam um prêmio ou uma expiação dos pecados. Complicado.
Livre, leve e solto
Encontrei-me, por acaso, com o Cristovam Pontes, na ALEAC, atual diretor-presidente do DERACRE. Perguntei se ele também estava sendo investigado. Resposta: “Deus me livre. Não existe nada contra a minha gestão”. Em tempo,
Cristovam é pré-candidato a deputado federal pelo PDT.
Arte da política
Podem gostar ou não do ex-deputado estadual e atual presidente do PDT, Luiz Tchê. Mas mesmo fora do mandato o gaúcho passou 24 horas por dia fazendo política. Sempre com o foco de estruturar o seu partido que teve um ótimo
desempenho nas eleições municipais. Tchê soube fortalecer o PDT.
Destino certo
A deputada estadual Maria Antônia deverá se filiar ao PSB. Tem lá o seu “compadre” deputado federal César Messias (PSB) que é o manda chuva do partido. É uma das poucas opções disponíveis. Os partidos em geral não querem
quem tem mandato para formar as chapas.
Mais problema
O PMDB realmente terá que ter muita habilidade para reverter o jogo da formação das chapas proporcionais da oposição. O deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) me disse que os tucanos estão tentando formar coligações para deputado federal com o PSD, PSDC, PR e PROS.
A hora das mulheres
Para deputado estadual o PMDB terá três mulheres fortes na disputa. Eliane Sinhasique (PMDB), Antônia Sales (PMDB) e a esposa do prefeito de Sena, Mazinho Serafim, Meire (PMDB). Uma chapa cor de rosa com muito potencial eleitoral.
Prudência e caldo de galinha
As convenções partidárias que indicarão as candidaturas às eleições de 2018 serão só no próximo mês de julho. Portanto, ainda existem nove meses para os pretendentes atravessarem antes de irem para os palanques. No plano
majoritário acredito ainda em muitas mudanças tanto na FPA quanto na oposição. A política é dinâmica e o quadro do momento pode não ser confirmado conforme os acontecimentos. Os candidatos precisam colocar as suas barbas de molho e ter muita prudência no que vão fazer durante a “travessia” porque o eleitorado está de olho e as redes sociais não perdoam ninguém.