As atenções da mídia acreana estão sempre mais direcionadas naturalmente às candidaturas ao Governo do Estado e ao Senado, em 2018. Mas a formação das chapas proporcionais de candidatos a deputados estaduais e federais pode se constituir num problema para os majoritários. Inclusive, com a dissidência de partidos dos dois principais lados da política acreana. Por exemplo, na oposição estão querendo isolar o PMDB porque tem dois deputados federais no mandato com grande potencial de reeleição, Jéssica Sales (PMDB) e Flaviano Melo (PMDB). Os partidos que se juntarem com os peemedebistas correm o risco de não elegerem ninguém. O mesmo vale para o PT, na FPA, que tem os deputados federais Léo Brito (PT) e Raimundo Angelim (PT) como favoritos à reeleição. Os partidos da FPA que forem escalados nessa chapa correm o risco de ficar a ver navios. Esse jogo da formação das chapas é tão perigoso que no PMDB o ex-prefeito Vagner Sales (PMDB) tem ameaçado a criar problemas no plano majoritário caso não seja constituído o “chapão” com todos os partidos de oposição. O presidente do PP, José Bestene, já disse que o seu partido quer chapa pura. Bocalom do DEM, numa conversa comigo, afirmou que formou um “time” para uma disputa solo do DEM da eleição com seus candidatos proporcionais. O PSDB do deputado federal Major Rocha (PSDB) está com a tendência de se juntar ao PSD do senador Petecão (PSD) na busca pelas vagas em Brasília. O caso é tão complexo que no seu discurso de pré-candidato ao Governo da FPA, Marcus Alexandre (PT), pediu para que os partidos aliados tenham bom senso para formar as coligações. Sugeriu que todos estejam dispostos a “abrir mão” das suas prioridades partidárias em função do todo da FPA. Sem dúvida, essa questão pode causar verdadeiras “revoluções” na hora do apoio aos candidatos ao Governo.
Servindo de escada
Se o PP, o DEM, o PSDB e o PSD se empenharam em conseguir candidatos para disputar a eleição para federal, por que o PMDB não seguiu o mesmo caminho? Essa indagação me foi feita por uma liderança de oposição. Será que agora os que se mobilizaram vão simplesmente “emprestar” seus quadros para eleger os dois peemedebistas favoritos?
Única saída
Na realidade, só mesmo se esses partidos (PP, PSD, DEM e PSDB) priorizarem as eleições majoritárias de Senado e Governo. Assim vão cobrar a sua parte num futuro Governo, no caso de vitória, do candidato da oposição. Mas e se essa vitória não acontecer? Perderiam a oportunidade de crescimento com a eleição de um ou dois federais. É um jogo complicado.
Farinha é pouca…
Bocalom me disse o seguinte: “O DEM está montando chapas de estadual e federal, puro sangue. Vamos tentar eleger três estaduais e dois federais, dependendo da chegada de alguns bons nomes que estão para se filiar.”
…meu pirão primeiro
Bocalom me garantiu que o DEM não quer fazer coligação com nenhum outro partido. Quando perguntei se queria se coligar com o PMDB a resposta foi irônica: “Quem é que quer?” Um indício claro que muitos problemas ainda virão.
Por outro lado…
O PT terá que abrir mão de algumas prerrogativas se quiser manter a FPA unida em torno do nome de Marcus. A tendência é ter duas chapas para federal na coligação. PT e PSB devem sair juntos. E uma outra “chapinha” com PC do B, PDT, PRB e outros partidos menores. Vai ser uma briga de foice no escuro.
Bate papo com o Petecão
Antes de se casar no projeto Cidadão com a Marfisa, no final de semana, encontrei com o senador Petecão (PSD) no Aeroporto do Galeão no Rio. Ele estava voltando de uma viagem oficial pelo Senado à Rússia. Rapidamente conversamos sobre o momento político no Acre. Perguntei como ele estava analisando o quadro de sucessão ao Governo com o Marcus Alexandre, Gladson Cameli (PP) e o Coronel Ulysses (Patriotas). A resposta:
“Não vou mentir pra você. Estou mais focado em organizar o meu partido (PSD) e montar a nossa chapa de candidatos a deputado federal e estadual. Eu estou trabalhando para que possamos fortalecer o Gladson. Mas é muito prematuro fazer qualquer diagnóstico agora. Estou vendo as pesquisas há um ano de eleição e ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte. Sou daqueles que respeita os números e cada partido tem o seu candidato e isso é perigoso. Ficam criando mecanismos para agradar ao A, B ou C. Eu vou fazer o que puder para viabilizar o nome do senador Gladson Cameli.
Também indaguei o senador sobre a possibilidade do PSD fazer uma coligação com o PMDB.
“Penso que agora é o momento dos partidos tentarem montar as suas chapas próprias. Eu tenho procurado fazer isso. Para se ter uma ideia o PSD tem mais de 10 nomes de candidatos a federal. Uma chapa maravilhosa para estadual. Mas cada partido tem que fazer o dever de casa e depois nós vamos sentar e avaliar quais serão as melhores coligações. Eu sempre tenho dito que não podemos tentar criar qualquer tipo de mecanismo para prejudicar o partido A ou B. Temos que nos respeitar pensando em formar chapas para eleger o maior número de parlamentares possíveis.
Então perguntei: Em relação ao Senado? Como o senhor avalia a sua dobradinha com o Márcio Bittar (PMDB)?
“O PMDB lançou o Bittar que é um candidato forte, mas eu confesso que no primeiro momento a gente está preocupado é com o Petecão. Acho que fizemos um trabalho legal no Senado. Plantamos na eleição de 2016 e elegemos 19 vereadores, dois prefeitos e três vices. Graças a Deus que nós conseguimos consolidar uma base no Juruá. Em relação a minha eleição passada (2010) confesso pra você que se fizer um comparativo estou numa situação muito mais tranquila e mais confiante.”