“Lutamos contra terroristas como a Dilma para salvar o Brasil do comunismo. Apenas cumpri minha missão”. Essa era a frase do coronel Ustra, membro do Exército Brasileiro, que estava estampada em um outdoor colocado na Avenida Ceará em homenagem ao militar. Na manha desta quinta, dia 19, o painel amanheceu destruído.
Objeto de críticas tanto dos membros da sociedade civil, como de políticos e da própria Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh), o outdoor soou à um aparcela da sociedade acreana como uma “apologia à tortura”, termos bastantes utilizados quando se faz no período do governo milita, o último encerrado na década de 1980.
Na internet, a colocação do painel também gerou uma repercussão negativa. “Exaltar frase burra de um torturador, de um criminoso cruel, em outdoors pela cidade. Essa é a #direitaacre! Vamos celebrar a estupidez humana, como já diria o poeta!”, postou o cantor Diogo Soares, do Los Porongas.
Em nota, o secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirmou: “Num Estado Democrático de Direito, é plenamente compreensível o direito à livre expressão e opinião, mas isso não significa agir com irresponsabilidade em incitar a violência de alguma forma, mas, principalmente, a violência de Estado contra o cidadão”.
QUEM FOI O CORONEL
Carlos Alberto Ustra morreu em outubro de 2015. Ele foi coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos órgãos atuantes na repressão política, durante o período do ditadura militar no Brasil.
Ustra foi considerando o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador e comandante de uma delegacia de polícia acusada de ser palco de mais de 40 assassinatos e de, pelo menos, 500 casos de torturas.
O coronel Ustra é tido como uma das referências do presidenciável Jair Messias Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro.