A situação do Hospital do Câncer, que fica no complexo do Hospital das Clínicas de Rio Branco, está a cada dia mais conturbada. Pacientes em tratamento estão denunciando a falta de um medicamento essencial no processo da quimioterapia. Dois deles conversaram com o ac24horas, mas temendo represálias, pediram para não ter em os nomes divulgados.
O medicamento Bleomicina, para o tratamento do linfoma, estaria em falta desde o início do mês. Diante da situação, um dos pacientes foi orientado a comprar o medicamento, sob pena de ver todo o tratamento realizado indo por água abaixo. Uma funcionária do hospital chegou a entregar ao paciente um cartão com nome e telefone de um distribuidor.
“Eu já tomei algumas doses, e agora seria a sexta. Acontece que sem esse remédio fica difícil eu terminar o tratamento. É um ciclo: se eu não fechar esse ciclo, vou perder a primeira dose que tomei. Eu não consigo comprar esse medicamento, porque ele corre o risco de chegar aqui e não servir mais. Não sei o que fazer!”, diz o paciente.
Procurada, a Direção do Hospital do Câncer alegou que as duas licitações realizadas para a compra dos medicamentos ficaram desertas, ou seja, nenhuma empresa quis vender para o Estado, o que, agora, está prejudicando diretamente dos pacientes. Uma nova licitação será realizada e a Direção espera que haja interessados.
A questão é que, enquanto o hospital não receber novas doses do medicamento, os usuários da unidade vão ficar com o tratamento prejudicado, o que pode levar esses pacientes à morte, já que o tratamento recomendado pelos médicos deve ser seguido à risco devido à gravidade da doença. É o que teme a outra paciente, que está afastada do trabalho para se tratar.
“Eu tenho família, filhos, marido. Estou desesperada, porque preciso tomar a outra dose na segunda-feira, e não sei o que fazer para tomar esse remédio. Eu estou afastada do trabalho, só meu marido está trabalhando. O remédio só tem fora do Acre e custa mais de um mil reais. Como vou comprar? Cadê o governador para demitir esses incompetentes que administra o hospital? Vão esperar eu ou outro dali morrer?”, questiona.
O ac24horas esteve na unidade de saúde e constatou que a falta de medicamentos está de fato preocupando um número bem maior de pacientes. Além do equipamento de radioterapia não funcionar, os pacientes sofrem constantemente com o medo de não ter os remédios necessários à conclusão dos tratamentos. Uma servidora do hospital relatou o problema.
A reportagem também procurou a superintendente do Hospital das Clínicas, Juliana Quinteiro, mas ela não estava na sede administrativa do hospital na hora em que o ac24horas visitou o hospital. A enfermeira, que tem pouca aceitação entre os servidores da unidade hospitalar, é responsável por gerir todo o complexo do Hospital das Clinicas.
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