Categorias: NotíciasPolítica

Denúncia contra Temer e ministros deverá seguir mesmo rito da anterior na CCJ

Por
Da redação ac24horas

O rito de tramitação da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deverá ser praticamente o mesmo adotado na análise da primeira denúncia. Segundo o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), algumas adaptações poderão ser feitas no decorrer da tramitação, uma vez que essa nova peça envolve mais de um denunciado.


“Há uma diferença, por exemplo, em relação às defesas. Na primeira denúncia, houve o prazo de uma defesa. Nessa denúncia, temos que dar o prazo para três defesas distintas, provavelmente de três advogados diferentes. Cada um com mesmo prazo do relator para poder produzir a sua defesa”, disse. “A contagem do prazo do início dos trabalhos da CCJ será iniciada a partir da última defesa apresentada. São essas as adaptações que nós temos que fazer em razão da peculiaridade dessa segunda denúncia”, completou Pacheco.


Segundo o presidente da comissão, o único ponto ainda não totalmente pacificado é em relação à analise fatiada da denúncia. Ontem, Pacheco rejeitou questão de ordem do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que propunha a divisão da denúncia. “Já houve uma decisão da Secretaria-Geral da Mesa e do presidente da CCJ no sentido de que deve ser um processo único. O deputado Molon anunciou recurso em relação a isso e um novo requerimento de desmembramento da votação na CCJ. Assim que recebermos essas peças vamos dar dedicação e resposta a cada uma delas”, afirmou o deputado.


Na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer é acusado de tentar obstruir a Justiça e liderar organização criminosa. O ex-procurador-geral Rodrigo Janot sustenta que o presidente e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos do PMDB, foram os responsáveis por liderar esquema de corrupção, envolvendo integrantes do partido na Câmara, com o objetivo de obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública.


A defesa de Michel Temer contestou as acusações e apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que a denúncia fosse devolvida à PGR. Mas o plenário da Corte decidiu encaminhar a denúncia para a Câmara, à qual cabe autorizar ou não o prosseguimento da investigação na Justiça.


Relator


Pacheco anunciou que a relatoria da denúncia ficará a cargo do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG). O parlamentar está na 10ª legislatura como deputado federal, já presidiu a CCJ e foi membro da Constituinte. Andrada tem 87 anos, é advogado, professor de direito constitucional e cientista político.


“Temos muita convicção de que é um nome que preserva a Comissão de Constituição e Justiça, que dá o tom necessário que nós precisávamos para a necessidade de demonstração de imparcialidade e seriedade para a condução desse trabalho”, avaliou Pacheco. “Bonifácio de Andrada está muito acima de questões partidárias e tem plenas condições de resolver internamente no partido qualquer dificuldade que haja com relação a isso [relatoria]”, continuou.


A indicação de Bonifácio agradou a maioria dos parlamentares. Para o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), a relatoria deve ser marcada pela isenção. “Ele representa idoneidade e notório saber jurídico. A isenção que lhe é peculiar em toda a carreira política será necessária nesse momento. Não tenho dúvida de que o Bonifácio deverá fazer um relatório baseado na lei, nos fatos e nas provas”, disse Efraim.


O deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos principais articuladores da base governista, avaliou a decisão como normal e ressaltou o conhecimento jurídico de Andrada. “O governo logicamente quer alguém que tenha capacidade técnica pra fazer um relatório em cima de uma denúncia que é inócua”, declarou.


Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que vê a indicação com muita preocupação, pois considera que o relator já apresentou uma posição conservadora na votação da primeira denúncia e em outras situações.


“A manifestação do deputado Bonifácio em relação à denúncia número um, quando ele declarou seu voto contra o prosseguimento, disse: ‘pelas instituições e pelo progresso do Brasil’. Ora, no nosso modo de entender, essas denúncias mostram como as instituições estão apodrecidas pela corrupção, estão colapsando em razão de procedimentos que precisam sim ser fortemente investigados e apurados. E o progresso do Brasil é exatamente superar essa quadra de tanto derretimento da vida institucional”, declarou Alencar.


Compartilhe
Por
Da redação ac24horas

Últimas Notícias

Rio Branco cria Programa de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e Intrafamiliar A Câmara Municipal de Rio Branco promulgou a Lei Municipal nº 2.616, de 14 de novembro de 2025, que cria o Programa de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e Intrafamiliar de autoria do vereador Zé Lopes (Republicanos). A iniciativa tem como objetivo central promover reflexão, conscientização e responsabilização de autores de violência contra mulheres, além de estruturar grupos reflexivos de homens encaminhados por órgãos do sistema de justiça. O decreto foi publicado na edição do Diário Oficial desta sexta-feira, 21. De acordo com a lei, o programa atuará tanto na prevenção quanto na redução de reincidência de casos de violência doméstica, a partir de ações educativas e de ressignificação do papel masculino na sociedade. A medida segue as diretrizes da Lei Maria da Penha e da Lei nº 13.984/2020, que estabelece a criação de centros de educação e reabilitação de agressores. Entre as diretrizes previstas estão a desconstrução da cultura do machismo, o enfrentamento à violência em todas as suas formas e o atendimento de autores de agressões encaminhados pelo Ministério Público, Judiciário, Polícia Civil e Polícia Militar. A lei também incentiva parcerias com instituições de ensino, pesquisa e entidades da sociedade civil. O programa contará com ações específicas, como o desenvolvimento de estudos e diagnósticos sobre violência contra a mulher, capacitação de servidores e celebração de convênios para fortalecimento das políticas públicas voltadas ao tema. Também prevê o encaminhamento de mulheres vítimas e seus filhos a serviços de apoio psicológico, jurídico e social, incluindo abrigo sigiloso quando necessário. Outra frente contemplada é o acolhimento e acompanhamento dos autores de violência, promovendo ambientes reflexivos sobre alternativas para solução de conflitos familiares e a construção de relacionamentos mais saudáveis. A proposta busca ainda integrar Município, Ministério Público, Judiciário, Secretaria de Segurança Pública e demais instituições para ampliar o enfrentamento à violência contra a mulher. A lei se aplica a homens investigados, processados, com medidas protetivas em curso ou que desejem participar voluntariamente das atividades. A metodologia e duração do acompanhamento serão definidas conjuntamente pelo Município, Poder Judiciário e Ministério Público. A nova política pública entra em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial.

21/11/2025