A “esquerda” deveria ter usado uma foto do Amado Batista para criticar o presidenciável Bolsonaro (Patriotas) no Acre. Apesar de Chico Buarque ser um dos melhores compositores da história da MPB, por aqui, ele é quase um desconhecido. Poucos conhecem a sua obra magistral. O gosto musical da maioria dos acreanos é outro. Além disso, aqueles que conhecem o Chico, às vezes, só por referência da mídia, associam a sua militância política aos comunistas de Cuba ou à defesa do ex-presidente Lula (PT). Portanto, um verdadeiro tiro pela culatra esses outdoors que foram espalhados por Rio Branco.
Se a ideia era prevenir sobre o retrocesso conservador que significa a candidatura de extrema direita de Bolsonaro o efeito pode ter sido exatamente o contrário. Sabe aquela história, fale mal, mas fale de mim? É isso que vai acontecer com essa propaganda. A maioria de quem tem simpatia pelo estilo de Bolsonaro não vai mudar de ideia por frases de efeito e uma foto de Chico Buarque. Isso só faz crescer a “revolta” em relação a atual situação de corrupção envolvendo a maioria dos nossos políticos tradicionais. Quem quiser enfraquecer o “deputado federal militar” tem que argumentar num outro patamar com uma linguagem popular. Talvez a foto do Amado Batista tivesse tido algum efeito.
Voto de vingança
A palavra chave por traz desse crescimento no Brasil inteiro do Bolsonaro é vingança. Na minha opinião, a ineficácia do combate ao crime proporcionou o surgimento desse “fenômeno” Bolsonaro. As classes desprivilegiadas são as maiores vítimas da violência. O povo quer se armar para se vingar de quem o oprime. E no segmento de opressor está a própria bandidagem e os políticos envolvidos em repetidos casos de corrupção.
Imagem de marketing
Os marqueteiros do Bolsonaro já sacaram isso. Então o colocam com arma na cintura, com um discurso radical de caça aos “comunistas” e “esquerdistas”, para resumir, de “justiceiro do povo”. O combate é o silêncio. Esse tipo de onda se forma e se desfaz naturalmente no oceano. Quanto mais se preocuparem e atacarem o Bolsonaro, mais ele vai crescer.
A vingança não sacia
Para entender melhor, sempre existiu o voto de protesto e, agora, com tanta corrupção, está surgindo o voto de vingança. Só que nunca vi a vingança chegar a algum lugar e solucionar os problemas. Ao contrário, na maioria das vezes, quem está se vingando, entra numa espiral viva de escuridão e acaba sendo vítima da sua própria vingança.
A força do medo
Esse é outro sentimento poderoso no sentido negativo. E tenho a impressão que a candidatura de Bolsonaro se alimenta desse medo que alguns setores da política estão manifestando. Quando o Lula ataca o deputado militar está polarizando com ele. Portanto, dando força à sua candidatura que, inicialmente, parecia ser “nanica”.
Morte no atacado
A gente já vive no Acre e em outras partes do Brasil uma verdadeira guerra entre as facções do tráfico e as polícias. Agora, imaginem se a população realmente puder se armar? Vai ser uma das maiores matanças que a história do Brasil já registrou. Os assassinatos acontecerão pelos motivos mais fúteis possíveis.
Espelho de terror
Imaginem um marido que acha que pega “chifre” da esposa. O cara tem uma arma em casa e vai matar a sua companheira num momento de raiva. Tendo ou não pegado “chifre”. A mente inventa muitas fantasias que as pessoas acreditam como verdade. A ira e o ódio são instrumentos poderosos da escuridão. E numa batida no trânsito? As discussões entre motoristas se transformarão em tiroteios mortais.
Atentado à liberdade
Outra coisa, quem tem toda liberdade de escrever o que bem entender nas redes sociais saiba que num governo militarista isso não será possível. A repressão e a tentativa de uniformizar a forma de pensar da sociedade são as características principais desse tipo regime. Ditadura, seja de direita ou de esquerda, é um regime que atenta contra as liberdades individuais.
Desconhecimento
Vejo jovens acreanos nas redes sociais pedindo a volta da Ditadura Militar. Quem como eu viveu esse período de chumbo no Brasil sabe das limitações desse regime. Alguém ser executado por suas ideias e ideologia é um crime contra a humanidade. A história está cheia de exemplos como, por exemplo, a Alemanha Nazista que matou mais de seis milhões de judeus. E o mundo está tão louco que na recente eleição parlamentar na Alemanha os Novos Nazistas conseguiram eleger vários representantes. Como diria o Silvio Brito: “Pare o mundo que eu quero descer”.
A voz do povo
Mas não adianta escrever, gritar, protestar. Se o povo brasileiro escolher o Bolsonaro ele será o presidente. As consequências serão para todos. Portanto, nunca a classe política brasileira teve uma responsabilidade tão grande nas suas mãos como na campanha de 2018. É preciso apontar caminhos para solucionar os grandes problemas da população brasileira. Restituir a credibilidade no sistema democrático para garantir as liberdades pessoais. O caminho da militarização pode ser uma bomba para explodir no colo de quem a escolheu para se vingar dos seus opressores.
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