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Artigo de Opinião: a sua excelência, o ar- condicionado

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Ai que calor!


Ninguém nos dias quentes como estes dos meses de agosto e setembro, inicia uma conversa sem reclamar do calor insuportável, como se isto fosse até um cumprimento informal. Para este problema só há uma solução que é ligar o ar-condicionado.


Quando surgiu, no início do século XX, o ar-condicionado não visava ao conforto dos seres humanos, e sim à preservação de mercadorias. Contrariada por não poder imprimir e estocar papéis em razão do forte calor, uma gráfica nova-iorquina encomendou ao engenheiro Willis Carrier um aparelho capaz de controlar a umidade e a temperatura ambiente. A máquina, que faz o ar passar por tubos contendo um fluido refrigerante, ficou pronta em 1902 e conheceu sucesso imediato. Têxtil, tabaco, massas, balas, farinha, chocolate: em menos de dez anos, todas as indústrias cuja produção sofria com as flutuações térmicas converteram seus espaços em ambientes climatizados.


Àquela época foi observada uma feliz consequência, os operários também passaram a apreciar o ar fresco. Mas o conforto dos assalariados interessava menos que seu rendimento. Em períodos de calor como os meses de verão os chefes observam que os trabalhadores perdem em produtividade e as faltas aumentam; às vezes é preciso recorrer a pausas suplementares, começar as atividades mais cedo, ou mesmo interromper o trabalho.


Hoje o ar-condicionado está presente em todos os lugares: casas, automóveis, restaurantes, lojas, escritórios, escolas, hospitais, academias, igrejas, garantindo uma temperatura constante de cerca de 20 °C, para o conforto de todos. No verão, viver sem climatização significa viver sufocado e exposto a diversos males: hipertensão, transtornos de sono, dores de cabeça, mal-estar generalizados.


Para quem trabalha em um ambiente climatizado rapidamente tenderá a considerar insuportável uma casa desprovida desse recurso, e vice-versa. Ora, essa dependência tem um custo ecológico considerável, tanto em termos de emissão de gases do efeito estufa em função dos fluidos refrigeradores usados pelos climatizadores como em termos de consumo de energia elétrica. De manhã até a noite, centenas de milhares de climatizadores ligados ao mesmo tempo, os compressores fazem aumentar o calor na atmosfera, elevando a temperatura em cerca de 2 °C, o que, por sua vez, em um círculo vicioso, justifica subir ainda mais o nível da climatização.


Em um dia quente como este, com temperatura por volta dos 35º é inimaginável viver sem ar-condicionado. Há apenas um século, ninguém se colocava essa questão. Antes, a vida era regulada pelo clima. Lojas fechavam nas horas mais quentes, crianças eram dispensadas da escola quando o ar se tornava irrespirável, e fazia-se a sesta após o almoço.


A arquitetura e a orientação das casas também eram adaptadas ao calor: portas e janelas amplas para fazer circular o ar, pés-direitos altos, paredes finas entre os cômodos, pisos elevados em relação ao solo, varandas sombreadas. Colocava-se os pés em uma bacia de água fria, ou punha-se uma toalha molhado ao redor do pescoço, e banho a vontade.


Quem dera que a climatização fosse apenas um luxo doméstico, mas esta passou a ser uma imperiosa necessidade. Indispensável nos hospitais e nas salas cirúrgicas, o ar-condicionado é necessário também na fabricação de medicamentos, que exige temperatura controlada; e lembre-se que o mesmo resfria também os centros de dados necessários para o funcionamento da internet porque sem ela também não se passa mais sem.


E tem outra para falar, que tirando os dias de calor descomunal, a climatização ainda suscita uma discussão social sexista porque os aparelhos de ar-condicionado estão sistematicamente adaptados nos locais de trabalho para uma temperatura que convém aos homens vestidos de calça, gravata e camisa, mas se converte em frigorífero para mulheres trajando vestidos e sandálias.


No ano de 1951, no EUA o Sr. Carrier passou comercializar o ar-condicionado modelo de janela que são bem ruidosos e que consomem bastante energia por um custo “módico”. Mas hoje o bom mesmo é ter um modelo split com tecnologia inverter que é para gelar bem. E na hora que se vai compra o tal aparelho ninguém lembra de se perguntar quanto isso vai custar a mais na conta de energia elétrica. Enquanto isso, a cidade de Hamilton, no Canadá aprovou um auxílio público para os lares que não podem pagar pela climatização. Ar-condicionado subvencionado! Ah, eu também quero. Eu, o Acre e Amazônia toda. Porque a culpa desse calor não é somente nossa, é do mundo todo.


E como no 05 de setembro, dia da AMAZÔNIA, as temperaturas por toda a região não é inferior a 30º, e ainda tem gente que não acredita em mudanças climáticas, enquanto os estudos das séries histórica apontaram que no ano de 2016 a temperatura da superfície da terra foi de 0,94ºC, foi a mais alta do que a média registrada no século XX. Então eu poderia dizer salvem a floresta amazônica. Mas eu dou um viva à sua excelência o ar-condicionado. E ninguém é obrigado a concordar comigo, mas pelo menos não seja hipócrita e passe o dia 05 sem ligar o ar-acondicionado, que já estará fazendo muito, pela Amazônia e pelo nosso planeta.


Minhas fontes: A boa e velha enciclopédia BARSA, em mídia digital.


E jornal Le Monde Diplomatique, edição agosto 2017.


*Márcia Cristina Alódio é Procuradora do Município de Rio Branco


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