Os problemas do sistema de saúde de Rio Branco são muitos, mas acabam passando uma dimensão bem menor ante ao que se ouve falar da situação de outras capitais. No Rio de Janeiro, por exemplo, 14 postos foram fechados recentemente e nas unidades que estão funcionando as notícias dão conta da frequente falta de medicamentos, filas e gente passando mal –o que faz do quadro sanitário da capital do Acre um intrigante caso de, por assim dizer, “paz social”, já que os nervos viviam à flor da pele por conta das longas esperas em salas nem sempre adequadas.
Ali, uma maioria tinha de ficar em pé por horas e de vez em quando surgiam sinais de descaso com o sofrimento alheio. “Agora chegamos à seguinte situação nas unidades: nada de filas, salas de espera climatizadas e água gelada”, garante o secretário de Saúde de Rio Branco, Oteniel Almeida. E os médicos? Com o agendamento eletrônico, Oteniel assegura que todo mundo tem acesso ao médico e sai do posto com os remédios em mãos.
Os medicamentos faltam, confessa o secretário Oteniel, mas não por má gestão do dinheiro, porém por questões logísticas: a grande distância de Rio Branco dos centros de produção farmacêutica dificulta a entrega das encomendas nos prazos que os doentes exigem. Ou seja: quem está doente tem pressa, mas as empresas fornecedoras nem sempre podem cumprir os prazos, o que acarreta falta de alguns remédios. Recentemente, faltou insulina para diabéticos em certas unidades, mas o abastecimento foi normalizado. Em muitos casos, as empresas até evitam entrar nas licitações porque não compensa vender o remédio para o Acre.
Por isso, diz Almeida, o jeito é investir rios de dinheiro para fazer com que a estocagem e planejamento vençam o drama logístico. “Deveríamos gastar apenas R$9,36 per capita, mas gastamos R$22,23 per capita em insumos médico-hospitalares e medicamentos”, garante o secretário. O valor é o dobro do exigido pelo Ministério da Saúde. “O fator logístico é o coração de qualquer organização, pública ou privada”, sintetizou o presidente do Conselho Regional de Administração (CRA) do Acre, Fábio Mendes, ao ser consultado sobre a relevância da logística no planejamento da gestão.
Em tempos de choradeira por conta da crise financeira, o dinheiro para isso acaba aparecendo economizando em itens de fortes despesas, como o aluguel de imóveis. A projeção é que ao construir 26 novas unidades de saúde, o município esteja conseguindo economizar R$1 milhão ao longo de quatro anos com aluguel de imóveis particulares. Hoje, garante a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum posto funciona em casa alugada.
De toda forma, sobrepor a esse fenômeno, principalmente a questão logística, é uma dor de cabeça para a modernização do sistema de saúde pública. O remédio é digitalizar os procedimentos, conforme ocorreu na Policlínica Barral Y Barral, onde – dizem – o tal “prontuário eletrônico” aboliu de vez o uso de papel na unidade. O Barral faz parte das 15 unidades onde o sistema já está funcionando e que, segundo estão prometendo, até o fim de 2018 chega às todas as 55 unidades.
Esse é um contexto em que o resultado dos exames laboratoriais agora sai no prazo máximo de cinco dias. Até pouco tempo, o paciente padecia pelo menos um mês esperando o resultado. Alguns exames, como o hemograma, por exemplo, poder ter o resultado divulgado em apenas um dia e atualmente a coleta do material, como sangue, é feita em 15 unidades de saúde da capital e o paciente pode acessar tudo pela internet.
Um dos desafios para consolidar a ´paz social´ com atendimento eficiente e universalizado nas unidades de saúde da capital passa pelo bom senso do governo federal, que dá sinais de que vai mexer em pontos nevrálgicos da atenção básica. Existem ameaças de remoção da odontologia da atenção básica e isso pode afetar o atendimento em Rio Branco. “A gente sabe que um dos grandes problemas na nossa capital é a saúde bucal”, disse o secretário de Saúde, Oteniel Almeida.
Citando o plano de governo da atual gestão, ele lembra que a consolidação do Sistema Único de Saúde brasileiro passa necessariamente pelo fortalecimento da Política de Atenção Básica. É através da Atenção Básica que as pessoas, garantindo os princípios da universalidade, integralidade, equidade, acessibilidade, da continuidade do cuidado, do vínculo, da humanização e da participação social, têm acesso à Rede de Atenção à Saúde. Isso pode ficar comprometido caso medidas não justificadas sejam adotadas no âmbito federal –e a retirada da odontologia da Atenção Básica é apenas um item entre os mais ameaçadores, como a proposta de juntar num só o trabalho de agentes de endemias e de agentes comunitários de saúde, cujas funções são distintas, retrocedendo ao tempo do Agente de Saúde Pública que tentava fazer tudo e não dava conta de nada. Com o trabalho objetivo e específico, a Secretaria Municipal de Saúde já realizou 4.000 atendimentos domiciliares com um programa que trata de pessoas com dificuldade de se locomover e ir até as unidades do município.
O Centro de Saúde Barral y Barral foi totalmente reestruturado com a construção de um novo prédio e implantação de uma nova proposta gerencial, passando a funcionar como uma Policlínica passou a ser localizada no Conjunto Tangará (antes era na Estação Experimental). Essa Policlínica consolidou-se como referência para a população urbana e rural em consultas, exames e tratamentos –especialmente no que diz respeito à saúde da criança e da mulher.
O Barral é a fotografia colorida do sistema que luta para modernizar-se. Ali, os usuários só ficam em pé se quiserem, mas nunca vão enfrentar filas porque elas simplesmente se acabaram por conta do agendamento eletrônico, onde as pessoas tem seu atendimento datado e efetivado em até uma semana. Os casos urgentes, garante Oteniel Almeida, são tratados adequadamente e não há queixa do contrário. “Fiz todo meu pré-natal aqui e sempre que preciso trago minha bebê para cá”, disse a jovem Maria Oliveira, mãe de Khemilly Gabrieli, de três meses.
São nada menos que 500 atendimentos no Barral ao dia –além de outros 100 encaminhamentos diários para o Hospital de Clínicas do Acre –e 120 coletas de material para exame laboratorial. Este ano já foram mais de 7.000 atendimentos à saúde materno-infantil com 14 pediatras e ginecologistas. Sobretudo, as mulheres tem acesso ao serviço de ultrassonografia.
Ainda falta o poder público garantir serviços que não suficientes e viraram motivos de reclamação. O número de odontólogos, pediatras e ginecologistas não é suficiente para atender à demanda que não para de crescer. “É o um esforço que fazemos para continuar ofertar esses serviços e o que deve ficar mais claro é que contratamos, nesses últimos anos, 369 novos profissionais de todas as áreas médicas”, disse Oteniel Almeida. Essas contratações, além de humanizar o atendimento, fizeram, entre muitos outros exemplos, despencar de 37.000 para apenas 269 os casos de dengue em Rio Branco –um destaque nacional.
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