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Sobre morte, tragédias, guerras em tempos de quase paz

Por
Charlene Carvalho

Sinceramente não queria estar escrevendo uma coluna extraordinária hoje. Mas há coisas que simplesmente não posso deixar de dizer. Você não precisa concordar comigo, naturalmente. Espero, no entanto, que me compreenda. E não me julgue. Me entenda, apenas.


Vivemos guerras em tempos de paz. Sim, guerra! Todo mundo condena a guerra no Oriente, os conflitos na Síria, no Iraque, Afeganistão, Líbia, Iêmen, o estado de guerra na Coreia do Norte, a guerra civil do Rio. Mas e a nossa guerra, quem realmente se importa? E, desculpa sociedade, mas só reclamar não resolve. Os governantes precisam e DEVEM ser cobrados diariamente para combater a violência, o crime. É obrigação deles nos proteger. Isso é ponto pacífico. Ponto.


Mas não me refiro a essa guerra. Essa é uma outra história. Hoje estou aqui para falar de uma guerra diferente. Mais grave. Mais danosa e, na maioria das vezes, silenciosa.


A morte dessa garota ao vivo pela internet e agora a morte dos seus pais, não acende um botão de alerta, acende um painel inteiro com buzinas imensas e zumbidos que não há ouvido humano que os ignore. Quer dizer, acredito ser praticamente impossível passar incólume por uma tragédia dessas.


Ela nos sangra o peito, nos rasga a alma e nos faz refletir. Ou ao menos deveria…


Vivemos tempos de guerra sob uma falsa camada de paz. As pessoas se esqueceram de Deus. Se esqueceram do valor à vida. Do valor da família. Do respeito à vida. E quando não se tem temor, fica mais difícil ter amor à vida. Não me refiro ao apego às coisas materiais, mas ao sentido da vida, da espiritualidade. Cada um na concepção de fé que lhe convém, mas sem esquecer que o diabo veio para roubar, matar e destruir. E o que mais temos visto são mortes.


Entendo, sinceramente, que as maiores batalhas da vida não são lutas com metralhadoras nem bombas. Todos estamos dentro de uma guerra espiritual. Essa guerra não pode ser vencida por força humana. Precisamos do poder de Deus. É o que creio. Como disse, você não precisa concordar comigo.


No meu caso, acredito na força e no poder de Jesus. No amor e misericórdia de Deus. Difícil falar de amor e misericórdia em meio a uma tragédia, mas necessário. Não posso embrutecer meu coração. Não posso. Não irei.


Creio no que disse o Apóstolo Paulo nessa passagem: “vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. (Efésios 6:11-12)


Não temos como trazer os mortos de volta. E isso dói. Mas podemos agir. Ficar parado é muito pior.


Os mortos agora estão entre os mortos. Que Deus tenha misericórdia de suas almas. Vamos orar por eles e, principalmente, pelos vivos. Amigos, de todo coração, vos peço: vamos cuidar dos nossos. Vamos cuidar dos vivos. Todos nós temos um amigo com problema, com crise, com depressão, medo, dores na alma. Às vezes, eles só precisam de um afago na alma, de um cuidado. De se sentirem amados. Estejamos atentos às aflições dos vivos. E que Deus nos ajude a vencermos essa batalha, que não é fácil, mas como soldados de Cristo, precisamos nos levantar em oração para que nossa cidade volte a ter dias de paz, ainda que vivamos tempos de guerra.


E por fim e não menos importante:


“Digo a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu. “Também digo que, se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso será feito a vocês por meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles”. (Mateus 18:18-20)


Por isso amados, tire um pouco os olhos das terríveis notícias do WhatsApp, que muitas vezes nos contaminam, e vamos gastar um tempo orando pelas famílias do Acre. Contra esse espírito de morte e, também de suicídio. Como Corpo de Cristo e membros do Reino de Deus, é nossa obrigação orar. Mas orar mesmo. Não só mandar mensagem de amor e misericórdia, carinha triste, mãozinhas em oração em grupo de Whats. Estamos numa guerra. Somos soldados de Cristo. Porque, querido leitor, no meio da tempestade e da desgraça eminente, não podemos deixar de ter fé. É isso que penso. É como vivo. Como todos sabem, não sou perfeita. Aliás, provavelmente tenho mais erros que acertos. Mas não esmoreço na fé.


Para encerrar, deixo um último versículo: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos” (1 Pedro 5:8-9).


Oro para que o Senhor tenha misericórdia dessa família dilacerada. Por seus amigos estarrecidos. Não cabe a mim julgar o que os levou a isso. Cabe a mim, como cristã que sou, orar e buscar o reino de Deus e a sua justiça.


E se você discorda do que penso, não tem problema. Essa é a minha profissão de fé. É como creio. E como oro. É como vivo. E não seria eu se não externasse o que penso.


Que Deus nos abençoe e nos ajude a atravessa essa tempestade.


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Charlene Carvalho

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