Conversei com o presidente do DEM Bocalom, por quase uma hora, tanto sobre política regional quanto nacional. Em relação ao Acre, ele acha que a oposição precisa de alternativas até as convenções. “Não podemos perder para o PT por WO, caso ocorra algum problema com o nosso candidato mais falado,” afirmou. Nesse sentido Bocalom não descarta ele mesmo, ou os deputados federais Alan Rick (DEM) e Major Rocha (PSDB) serem candidatos ao Governo do Estado. “O nosso adversário é o PT e precisamos alternativas. Ainda vai passar muita água por debaixo da ponte até a eleição. Poderemos lançar um candidato do nosso grupo e nos juntarmos num segundo turno ou nos unirmos todos numa mesma chapa, mas política se faz com alternativas diversas. O Bestene, presidente do PP, esteve aqui no DEM e expliquei isso pra ele. Não se trata de rebelião, mas não podemos ficar na mão de uma única possibilidade com tanto tempo ainda pela frente. Se der tudo certo podemos juntar todos numa mesma chapa”, explicou Bocalom. Ele, inclusive, acha que o nome mais adequado para ser o candidato ao Governo do grupo DEM-PSDB, é o deputado Alan Rick. “O Alan está fazendo um excelente mandato em defesa da família, ainda é jovem e muito conhecido em todo o Acre. Tem gente que questiona que ele veio do PT (na verdade do PRB e da FPA), mas eu conheço bem o Alan desde os tempos em que fui prefeito e ele sempre esteve na linha da oposição,” ressaltou. Em relação ao seu próprio nome como candidato ao Governo, Bocalom acha que o fato de ter ficado 12 anos sem nenhum mandato “pesa um pouco”. Ele disse: “Normalmente um político sem mandato tende a desaparecer, mas consegui resistir e as pessoas nas ruas dizem que agora poderia ser a minha hora. Outras dizem pra eu ir pro Senado e tem algumas que falam que deveria concorrer a deputado federal. O importante é ouvir a opinião das pessoas. Por problemas de saúde da minha esposa fiquei muito tempo fora do Estado e isso também não ajuda. Mas se for preciso não descarto ser candidato ao Governo. É preciso ver lá na frente como ficará o quadro no Estado,” ponderou.
Experiências do passado
Nessa sua tese de uma candidatura alternativa Bocalom lembra das eleições de 2010. “Tinha eu como candidato e o Rodrigo Pinto, na época no PMDB. No final ele não pôde levar a frente a sua candidatura e fui o candidato único das oposições. Em 2016, na eleição de Rio Branco, era importante ter uma outra candidatura forte da oposição para levarmos a disputa ao segundo turno. Essa era a minha tese e fui abandonado no meio do caminho. Tentei que o Márcio Bittar (PSDB) fosse o candidato e ele não quis. E olha só o que aconteceu?,” refletiu.
Plano nacional
Bocalom me disse que até quinta-feira passada não tinha dúvida que o presidente Temer (PMDB) sobreviveria ao “bombardeio”. “Mas agora não está descartado o Rodrigo Maia (DEM) vir a assumir a presidência. Eu acho que o Temer vinha fazendo as reformas que são necessárias ao país. Agora, claro que se o Maia assumir isso será bom para o DEM do Acre que terá ainda mais destaque,” avaliou.
A união possível
Por outro lado, o deputado Major Rocha participou da agenda do senador Gladson Cameli (PP) no Alto Acre. O quê mostra que as relações não estão deterioradas entre os grupos PSDB-DEM e PP-PMDB. Mas o Bocalom não deixa de ter razão que ainda falta muito tempo até as convenções partidárias e que tudo pode acontecer. Assim é a política que muda de cenário “de repente”, ainda mais nesse momento de crise política.
A questão do Senado
Um dos pontos complexos para a união das oposições são os candidatos ao Senado. Ficaria estranho a oposição entrar com quatro ou cinco concorrentes. Isso facilitaria demasiadamente para o PT que tem dois nomes consolidados. Além disso, essa disputa entre Rocha e Bittar poderá ainda gerar muitas “dores de cabeça” e descontentamentos. É uma situação que já deveria ter sido resolvida. Cada um no seu quadrado seria o melhor para a imagem pública dos oposicionistas. Os dois se fustigando deixa um rastro de incertezas.
Por outro lado…
Na FPA, a minha avaliação é que as candidaturas do prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT) e do deputado estadual Daniel Zen (PT) são as que têm maiores chances de terem prosseguimento. O secretário de segurança Emylson Farias (PDT) está literalmente numa batalha de sobrevivência e a vice Nazaré Araújo (PT), na minha opinião, foi escalada no lugar errado. Deveria ser candidata ao Senado com o apoio de todos os partidos da FPA. Não que falte competência para Nazaré ser governadora, muito pelo contrário, acredito que faria uma ótima gestão, mas faltou darem mais espaço a ela pra estruturar a sua candidatura.
Falta gente se apresentar
Acho que apenas duas candidaturas ao Governo não representam a sociedade acreana. A diversidade é muito maior. Tem alguns nomes que estão à margem do processo político que deveriam ter mais espaços. Cito nominalmente dois, o do reitor Minoru Kimpara e o do desembargador aposentado Arquilau de Castro Melo. As gestões de Minoru a frente da UFAC e de Arquilau no TJ não deixam dúvidas de que deveriam ser alçados ao processo sucessório acreano. Ou com candidaturas independentes ou mesmo como vices de partidos maiores. Mas são dois personagens que têm muito a contribuir com o processo democrático do Acre.