Nesses 14 anos que moro no Acre exercendo a profissão de jornalista sempre tive uma marca que tenho certeza é reconhecida pela maioria dos meus leitores ou ouvintes: a democracia. Óbvio que não agrado a todos e não me considero o “dono da verdade”. Acredito que a informação tem sempre dois lados. No entanto, como qualquer colunista político brasileiro numa imprensa teoricamente livre reservo-me ao direito de emitir as minhas opiniões. Assim aconteceu em relação a autorização da Câmara de Cruzeiro do Sul para a venda do prédio da ex-biblioteca municipal pelo prefeito Ilderlei Cordeiro.
O vereador Elenildo da Pesca do PP, que votou a favor da venda, não gostou de uma nota de apenas três linhas citando o seu nome. Ele me enviou um pedido de Direito de Resposta de uma página. O que, segundo o meu advogado, ultrapassa o seu direito legal que seria de um espaço igual. Mas orientado pelo meu espírito democrático publico abaixo a referida nota que gerou a polêmica e o posicionamento do vereador de Cruzeiro do Sul no seu Direito de Resposta. Acho importante que a população cruzeirense saiba o que pensa o vereador sobre a venda do prédio. O julgamento deixo para os leitores.
A nota da coluna diz o seguinte:
O povo precisa saber
Nas próximas colunas vou dar destaque aos vereadores cruzeirenses que votaram a favor da venda do prédio. O presidente da Câmara, Romário Tavares (PMDB) e o Elenildo da Pesca (PP) parecem ter sido os articuladores ao lado do prefeito.
O Direito de Resposta
Sobre nota publicada na última terça-feira, dia 4, pelo jornalista Nelson Liano Jr., em sua coluna neste site, o vereador e presidente da Colônia de Pescadores de Cruzeiro do Sul, Elenildo da Pesca (PP), tem a esclarecer os seguintes pontos:
1) Ao contrário das ilações feitas pelo Sr. Liano, segundo as quais Elenildo teria “tramado” – junto com o prefeito da cidade, Ilderlei Cordeiro, e o presidente da Câmara Municipal, Romário Tavares – a venda do prédio onde outrora funcionou a Biblioteca Pública Municipal, os fatos, corroborados por testemunhos diversos, são capazes de desmentir a versão fantasiosa plantada pelo colunista.
2) Em seu segundo mandato como legislador do município de Cruzeiro do Sul, Elenildo da Pesca votou, sim, a favor da proposta, enviada à Câmara pelo Executivo Municipal. Mas o fez afiançado pelo compromisso do prefeito de que o recurso arrecadado com o leilão do bem será revertido em benefício da população, através da aquisição de outro imóvel destinado à construção de um novo terminal rodoviário, capaz de atender às necessidades dos usuários do transporte público intermunicipal.
3) Determina a ética jornalística que temas conflituosos, delicados, complexos e de tamanha relevância para a sociedade devam ser objeto de minuciosa checagem por parte do profissional de imprensa. E o mínimo que se espera, na impossibilidade desse tipo de procedimento, é que se tenha, ao menos, o cuidado de ouvir a quem se destinam acusações tão graves quanto levianas.
4) O vereador Elenildo, dada a sua atuação parlamentar, sempre calcada na ciência do papel que exerce como representante público e de fiscal do Poder Executivo Municipal, repudia, portanto, as conjeturas sem fundamento publicadas pelo colunista Nelson Liano Jr.
5) E, por último, o parlamentar cruzeirense lamenta que a inobservância aos preceitos básicos do jornalismo acarrete transtornos àqueles que se veem retratados de forma ignominiosa e injusta – sobretudo por alguém como Liano Jr., que viveu em Cruzeiro do Sul durante muitos anos, e com isso pôde usufruir da gentileza, da generosidade e da boa-fé do povo que habita esta região.
Comentários do colunista
Em primeiro lugar não escrevi “tramado” como está no Direito de Resposta. Está escrito: “O presidente da Câmara, Romário Tavares (PMDB) e o Elenildo da Pesca (PP) parecem ter sido os “articuladores” ao lado do prefeito.” Existe uma diferença enorme de significados entre os dois verbos. “Tramar” significa atuar nas sombras, pelas costas, e articular é o ato de apoiar de um parlamentar que está na base de um executivo, assim como o vereador Elianildo que faz parte da base política na Câmara Municipal do atual prefeito.
Quanto a questão da ética jornalística que o autor do texto se refere a mim(e tenta me ensinar) deixo para o julgamento da população. Assim como as ações e a ética do vereador também serão julgadas pela população e não por mim.
O texto se refere às conjecturas sem fundamento do colunista. Não teve conjecturas, mas a simples menção de uma “possível” articulação para aprovar o projeto de venda do prédio público. O que seria normal numa base parlamentar de apoio político. Portanto, considero o Direito de Resposta desproporcional à nota publicada.
Quanto a expressão “ignominiosa”, não existe ataque à honra de ninguém como é fácil conferir no meu texto. Mas um posicionamento contra a venda da antiga biblioteca que o vereador Elianildo ajudou a aprovar com seu voto na Câmara. Mas a discordância faz parte da democracia.
Quanto ao tempo em que vivi e trabalhei em Cruzeiro do Sul existem milhares de ouvintes que aprovaram meu trabalho tanto que ainda recebo convites para voltar a atuar na imprensa de Cruzeiro do Sul. Mas como todo jornalista que busca falar a verdade também tem aqueles que não gostam do meu estilo de jornalismo. Como estamos numa democracia considero isso natural.
No mais, deixo aos leitores o julgamento democrático do meu posicionamento contra a venda do prédio público de Cruzeiro do Sul e o do vereador explícito no seu Direito de Resposta.