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O Brasil segura o fôlego com crise política; Michel Temer não renunciou

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Michel Temer não renunciou. Queria esperar a divulgação, pelo Supremo, da gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista. Ele próprio não conseguia lembrar dos detalhes do que ouviu e do que disse. Mas, conforme a tarde de ontem avançava, começou a circular fortemente primeiro nas redações, e depois pelas redes, a versão de que deixaria o poder. Aí o presidente decidiu se manifestar. Fez um discurso enfático: “não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país”, disse, para emendar, o dedo em riste, “não renunciarei; repito: não renunciarei” — e aí deixou o púlpito, no Planalto, sem responder a jornalistas. Não demorou muito, depois, para que o ministro Edson Fachin decidisse tornar pública a delação dos executivos da JBS e, assim, Temer e o Brasil pudessem ouvir o registro daquela conversa. A passagem na qual o presidente endossa o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha em troca do silêncio não é de todo clara. Mas o tom geral da conversa é grave. Joesley conta ter um informante dentre os procuradores da Lava Jato, a quem paga R$ 50 mil por mês, e fala de suas manobras para trocar outro, que o investigava. É a confissão de um crime. Temer não o repreende, mantém o tom de parceria, não o denuncia. É difícil encontrar, na imprensa, um único analista que enxergue condição de sobrevivência política. No Congresso, discute-se abertamente a sucessão. Ainda assim, no Planalto, por enquanto a ordem é clara: partir para o enfrentamento da crise.


Ouça: a íntegra da conversa de Temer e Joesley.


Transcrito de meio

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