Consultado pela reportagem, o assessor de imprensa da prefeitura, Jenildo Cavalcante, defendeu o investimento, alegando que a cidade não dispõe de depósitos para lixo doméstico.
Ele justificou o alto custo do contrato afirmando que no documento está prevista a aquisição de lixeiras construídas em madeira e “também de ferro” – informação essa desmentida pelo funcionário do setor de licitação da prefeitura, Alzenir Silva.
“O prefeito quer uma cidade limpa e bem cuidada, e as lixeiras serão colocadas no centro, nos bairros da periferia e nas escolas da zona rural”, afirmou o assessor de imprensa.
Para Jenildo, manter a cidade limpa é uma questão de saúde pública. “Lixo nas ruas acarreta pragas e doenças”, argumentou.
De acordo com o pregoeiro Alzenir Silva, apesar do valor fixado em pregão, a prefeitura não será obrigada a gastar o total previsto no contrato.
Ele disse ainda que os cálculos feitos pelo engenheiro da prefeitura estabeleceram os custos das lixeiras entre R$ 305 (as menores) e R$ 398 (as maiores). As primeiras, em maior número, serão distribuídas pelos bairros e escolas rurais, como disse Jenildo, e as últimas servirão à coleta do lixo gerado por comerciantes do centro e frequentadores do local.
Levantamento feito pela Secretaria de Obras aponta que a cidade de Mâncio Lima apresenta uma demanda por 200 lixeiras, suficientes para atender a uma população, estimada pelo IBGE no ano passado, em pouco mais de 17 mil habitantes.
Ainda assim, a prefeitura optou por superestimar o volume da compra. Cálculo feito pela reportagem estima que o preço estabelecido no contrato seria suficiente para adquirir mais de mil unidades.
Questionado sobre o fato, o pregoeiro foi taxativo: “Mâncio Lima não precisa de mil lixeiras”. Mas então por que licitar mais de mil? “Caso seja necessário posteriormente”, respondeu ele.
Por telefone, a reportagem do ac24horas consultou moradores de Mâncio Lima. Todos disseram discordar do alto investimento na compra de lixeiras.
A autônoma Simone Dias Oliveira, de 32 anos, afirma se tratar de “muito dinheiro a ser gasto sem necessidade”.
Para ela, há outras coisas mais urgentes que precisam ser resolvidas pelo prefeito Isaac Lima. Simone cobrou o concurso público anunciado pela prefeitura, mas que até o momento não saiu. E assegurou que há escolas na zona rural paralisadas por falta de servidores de apoio.
O comerciante Antônio Ozéias Figueiredo, 44, reclama da iluminação pública. “Mâncio Lima está às escuras. Colocar luz é bem melhor do que gastar esse dinheirão com lixeira”, disse.
Já a dona de casa Maria do Socorro se queixou dos postos de saúde, nos quais, segundo ela, “tem faltado de tudo”.
Sobre a carência de insumos nas unidades de saúde de Mâncio Lima, na semana passada o site publicou denúncia sobre o tema. A reportagem relatou que os pacientes têm reclamado da falta de medicamentos e até mesmo de material para realização de simples curativos.
Mas a boa notícia é que, em Mâncio Lima, não vai faltar recipiente para lixo.
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