Nesta sexta-feira, dia 12, as testemunhas de acusação do caso Rafael Frota foram ouvidas. Um total de sete pessoas foram intimadas, mas nem todas compareceram à audiência de instrução. Em quase oito horas de depoimentos, dois momentos chamaram a atenção de quem acompanhava tudo pela extensa parede de vidro da sala.
As testemunhas Nelsione Patrício Araújo (Masseta), de 32 anos, e Marcus Antonio de Souza Santos (Marquinhos), de 24 anos, mudaram de forma curiosa e surpreendente parte das versões sobre o crime, dadas no início do processo, ainda durante a fase do inquérito policial.
O ac24horas não foi autorizado a gravar nenhum trecho dos depoimentos, nem mesmo fotografar o acusado do assassinato do jovem Rafael Frota, o policial federal Victor Campelo, de 23 anos. Essa foi uma determinação do juiz, que também não quis gravar entrevista.
Segundo Nelsione, ele não estava evolvido na briga que acabou com a morte do jovem acreano. Muito pelo contrário, conta que tentou evitar que a discussão, socos e pontapés, recebidos pelo policial federal, continuassem. Ele alega que apenas nessa hora se aproximou de Campelo, momentos antes de receber dois tiros: um no braço e outro na perna.
A defesa de Campelo voltou a levantar a hipótese de que toda a discussão começou quando um dos arrolados ao processo teria dado uma cantada na acompanhante do policial federal, a jovem Lavínia Melo, de 20 anos, que a época mantinha relações afetivas com Victor. Isso, contudo, segundo as testemunhas, não ficou claro.
Para o advogado Mauricio Hohenberger, que defende a família de Rafael Frota, esse tipo de alteração nas versões é natural e pode ocorrer a qualquer tempo. O advogado acredita que o que precisar ser analisa é a coerência entre sair para um festa armado e, lá dentro, armado, disparar.
“Nós precisamos entender que o processo tem seu andamento normal. O juiz, por sua vez, trabalha em cima do processo, do que dos autos consta. A instituição começou agora, então versões podem ter ângulos de modificação. Agora, tem um detalhe: qual a questão básica? Você entra num local fechado, armado, confinado, numa área reduzida, e dá quatro tiros”, questiona.
Lavínia, que segundo apurou o portal, conhecia há bastante tempo Rafael Frota, afirma que ele estava, sim, envolvido na briga. Durante a audiência, nesta sexta, ela ficou no canto da sala, na plateia, ao lado de amigos de Campelo. Em nenhum momento a jovem conversou com o policial federal.
Decisões
Por ordem do juiz Alessom Braz, responsável pelo processo, Victor Campelo já pode frequentar bares ou festas. Desde o crime o policial federal estava proibido de frequentar esse tipo de espaço.
Agora, ele também poderá portar arma de fogo, direito que, após o crime, foi retirado dele. No fim do mês, mesmo com o processo em curso, Victor poderá viajar ao estado de Goiás, onde fará um curso de capacitação até o mês de junho.
Com a ausência de testemunhas que foram intimadas, o magistrado deve agendar novas audiências para o mês de junho, tão logo Campelo esteja de volta ao Acre.