A principal reclamação dos habitantes de Cruzeiro do Sul continua sendo a situação precária das ruas da cidade. Em alguns pontos não há mais condições para o tráfego de veículos automotores. Moradores, cansados de esperar pelo poder público, juntam-se em mutirão para tapar a buraqueira com barro, pedras e restos de obras em construção.
Ainda assim, a prefeitura tem priorizado os serviços de capina e remoção de entulhos. Quanto ao recapeamento das vias públicas e os serviços de tapa-buraco, a alegação é de que as chuvas impedem a sua realização.
Ocorre, porém, que Cruzeiro do Sul dispõe de uma fábrica de asfalto, cujo produto final pode ser trabalho sob chuva e neve.
A iniciativa de criar o empreendimento é do médico e empresário Luiz Augusto Batista, que investiu em tecnologias utilizadas em países da Europa e também nos Estados Unidos.
Não sabe por qual motivo a atual administração municipal não adquiriu o produto produzido pela fábrica de asfalto local.
A reportagem do ac24horas tentou contato com o secretário de Obras da prefeitura de Cruzeiro do Sul, José Correia de Queiroz, que não atendeu às ligações.
No final do mês passado, Queiroz justificou a lentidão dos reparos da malha viária da cidade alegando possíveis prejuízos com o uso de asfalto quente.
Segundo ele, Cruzeiro do Sul amarga 218 quilômetros de ruas esburacadas.
Revolta da população
Moradores de diversos bairros ligam diariamente para as rádios locais reclamando da situação das ruas. Em muitas delas, o mutirão virou uma alternativa à inoperância do poder público municipal.
Na Rua Antônio Costeira, no bairro João Alves, por exemplo, os residentes já tentaram de tudo para minimizar o drama da buraqueira. Mas as chuvas acabam por desfazer esses esforços.
O aposentado Antônio de Souza Nascimento, de 65 anos, reside na via há mais de três décadas. Ele assegura nunca ter visto a Antônio Costeira tão depredada. Veículos de pequenos porte chegam a atolar na lama proveniente das “crateras”.
“Desde que o bairro foi asfaltado, a nossa rua nunca esteve nessas condições. Uma vergonha”, se queixa Souza.