A VIDA COMO ELA É, OU NÃO SE ENVERGONHE DOS MICOS QUE
SUA CABEÇA AVOADA TE PREGA. MIRE-SE NO MEU EXEMPLO #SQN
Hoje não tem coluna. Tem crônica quase uma crônica em forma de textão. Não é piada. Não é mentira. Muito menos aquele joguinho chato das nove verdades e uma mentira do Facebook. É só vida real, inspirada nem um comentário da Alex Machado de ontem.
A Alex mandou uma foto sobre sua peripécia do dia: apressada, saiu de casa para o trabalho com um pé calçado numa sandália havaiana e no outro uma sandália de trabalho. Olhei a foto e fiquei pensando: tadinha… Mas tadinha porque sair com sapatos diferentes no pé é nada para pessoas como eu. Sim, pessoas como eu.
Explico.
Sou aquela pessoa que já pagou cabelo e make – caro pra dedéu – vestido novo e tals para aquela festa super chique e chegou na porta do Afa Jardim de sandálias Havaianas bem velhinha, quase desbotando. Pior que ter de voltar em casa é tu morar no Universitário. Te garanto: é uma viagem. Já enchi o tanque de gasolina no Bosque e por ter trocado de bolsa deixei a carteira em casa. Explicar pro frentista que não era golpes, que eu demoraria meia hora, mas voltava para pagar foi mais difícil que a raiva por tamanha burrice. Sou aquela pessoa que perde fácil, fácil, convite pra festa que tem que apresentar o bendito. No casamento da Tatyana Lima, por exemplo, perdi o meu convite, da minha mãe e da minha irmã. Sorte que somos todos amigos. Liguei pra Nilzete, a mãe da noiva e pra Lina Grasiela, cerimonialista – pense numa pessoa eficiente – que deixou um assistente na porta me esperando. Sim, porque minha mãe e minha irmã deixaram beeeeem claro o que aconteceria comigo se fossemos barradas na festa. Logo no casamento da Taty, Charlene?
Eu sou aquela pessoa que foi pro trabalho toda faceira e na porta do escritório a Manu – amiga de rocha! – sussurrou no meu ouvido: Chá, teu vestido tá pelo lado do avesso, e eu lembrei que aquilo era nada, afinal mais de uma vez eu já fui pra igreja, sentei, levantei e na hora do louvor, mãos pra cima, cabeça balançando mais que João bobo, no melhor da adoração, a irmãzinha atrás toda sem jeito chega no teu pé do ouvido e diz: irmã, sua blusa tá pelo lado do avesso, dá até pra ver a etiqueta, e você sai com aquela cara de queeeeem e vai no banheiro colocar do lado certo.
E, sim, sou aquela pessoa que por calçar 39, tem mania de comprar o mesmo sapato de várias cores, porque antigamente achar uma sandália, uma sapatilha, então! 39, era um achado e a gente já aproveitava e fazia estoque. O problema é que o mesmo sapato, do mesmo modelo, mas de cor diferente, para quem usa óculos desde os 20 anos, é só um detalhe. Há uns três anos, a Arezzo lançou uma coleção que era a minha cara: sapatilhas de verniz em cores fortes. Comprei uma amarela, uma azul bic e uma pink chichete. Amava aquelas sapatilhas!
Pois bem. Neto chegou, entrei no carro e como as vezes sou gaiata, fiz uma coisa que ele odeia: coloquei os pés em cima do painel da caminhonete. Deu uns dois minutos e ele no lugar de me xingar, como fazia sempre, simplesmente começou a rir e disse: Charlene, essa moda aí é nova é? Olhei para os meus pés e lá estava, no pé direito, minha sapatilha azul bic e no pé esquerdo a pink chichete. Olhei, pensei, pensei e disse: não é não. Sou eu sendo eu, segue pro Jarude que eu tô com fome. E lá fui eu com um pé com um sapato de uma cor e outro de outro. Nada demais. O pé ia ficar debaixo da mesa mesmo, né?? Besteira se preocupar com isso!
Tu rir, né? Tu rir, leitor, porque não é tu que troca os pés dos sapatos. Sim, sim, eu troco. Coloco o esquerdo no direito e o direito no esquerdo. Tanto faz ser havaianas, sapatilha ou scarpin. O bom e velho pé de papagaio da infância me acompanha até hoje. Tá rindo de quê? Rummm!!!
Já paguei muito mico por conta dessa minha cabeça avoada – já perdi as contas das vezes que tô no trânsito indo pra um lugar e vou parar em outro só porque a música é bonita e eu sigo o instinto e não o trajeto – ou quantas vezes já tentei abrir carro que não era meu em estacionamento.
Na era do smartphone, não poderia faltar histórias com ele. Uma vez uma pessoa leu minhas mensagens em um restaurante. Queria matar! Depois perdoei. Prefiro guardar dinheiro – não sou boa nisso – a guardar mágoa ou rancor. Como sou – as vezes, só as vezes, desatenta – procuro não pegar as coisas alheias, embora já tenha colocado o telefone do Sahid (Alexandre Viana) na minha bolsa e passei mais de meia hora procurando, com ele, o bendito telefone na sala, até ter a brilhante ideia de ligar e o bicho começar a tocar na minha bolsa. Foi engraçado.
Mas nada se compara, nessa parte de telefone, com minha peripécia com a Ana Cristina Silveira numa festa de aniversário. Tínhamos telefones iguais. Mesma marca, mesma cor, sem capa e sem senha. Daí vou dar um confere no whats e acho uma coisa estranha: a letra tava muito miúda e eu não tinha mudado as configurações. Tava sem óculos e não lia coisa alguma. Estranho! Apesar de terem lido minhas mensagens, a letra continuava grande. Coisa esquita! Mas o pior mesmo era terem me colocado num grupo que tinha um nome do tipo: oposição ou situação verdadeira. Olhei aquilo e abarquei: quem foi o doido que me colocou nesse grupo, pelo amor de Deus? A Ana se achegou assim do seu jeito discreto bem do meu lado e disse: Chá, tu tá com o meu telefone. Eu queria morrer. De rir, mas queria. Graças a Deus ela é minha amiga e sabe das voadas que eu dou, porque se fosse uma estranha ia ficar tenso…
Tô te contando isso, leitor, para quando tu cometer um desatino qualquer por aí, do tipo que citei, – te contei que já peguei bolsa de amiga pensando que era minha? – lembrar que tem uma mulher doida que escreve lá no ac24horas que faz coisa muito, muito pior que tu!!!
Como diz o Ray, bom dia, boa tarde, boa noite!!
Fui!!!
Ah, apesar de ter cara de lua, eu não vivo no mundo da lua não, tá?
Quer dizer, só de vez em quando…
Agora é do vera,
Tchau!!
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