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Cargos comissionados fazem a diferença nas eleições acreanas

Por
Nelson Liano Jr.

Será que algum inocente da oposição acreana sonhou que o PT iria entregar o Governo do Estado de mão beijada aos seus adversários? Isso não vai acontecer. Eles já estão se articulando para a disputa de 2018. E uma vantagem que sempre souberam tirar proveito são os cargos comissionados. Mesmo com a crise econômica as nomeações no Governo do PT não param e nem vão parar até as eleições. A lógica é muito simples. No Acre existem poucas oportunidades de emprego. Então quem consegue uma colocação política na gestão estadual ou na prefeitura da Capital arrasta consigo muitos outros votos de familiares e amigos. É assim que sempre funcionou. Por outro lado, o PT não têm mais os cargos federais no Estado que estão nas mãos dos partidos de oposição, mas que são em bem menor número. Os oposicionistas também têm o comando das maiores prefeituras do interior como Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó. Cada um que crie a sua estratégia. É assim que funciona o jogo eleitoral e quem não souber jogar que não vá para a disputa. A minha previsão é de uma eleição para o Governo e o Senado muito mais disputada do que alguns estão imaginando.


Samba de uma nota só
Os petistas andam animados com a forte chapa majoritária que estão formando. Mas não se iludam, o único candidato com chances de vitória para o Governo, na minha opinião, é o prefeito Marcus Alexandre (PT). Os outros até entendem de gestão, mas não têm votos.


Aprendeu rápido
Marcus conseguiu criar um personagem político sem os ranço dos petistas tradicionais. Está pavimentando o seu caminho para futuras disputas eleitorais. Não fica preso às questões ideológicas, anda muito e conversa com as pessoas. Vencê-lo, se realmente for candidato, não será empurrar bêbado ladeira abaixo.


Profissionalismo
A política se tornou profissional há muito tempo. O que tenho visto de outras campanhas majoritárias da oposição é muito amadorismo. Acompanhei a de Márcio Bittar (PSDB), em 2014. Parecia que queria derrotar um leão sentado no trono do poder com um palito de dente. Só na conversa não se vence no Acre. E isso até as pedras da calçada já sabem.


Candidato forte
O senador Gladson Cameli (PP) é muito forte. Já mostrou isso sendo o político com o maior número de votos da história do Acre, em 2014. Ele tem um carisma natural que atrai os eleitores e está em alta. Mas precisa se preparar para os debates televisivos e fazer um bom planejamento de campanha.


Lição de casa
A oposição está dando mostras de que pode se unir em torno de Gladson. Se conseguirem isso estarão quebrando um paradigma de desunião que sempre atrapalhou as suas campanhas. É um primeiro passo, mas essas costuras políticas precisam ser bem feitas e com antecedência.


Caminho das pedras
Podem gostar ou não do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (PMDB), mas ele sabe fazer campanha eleitoral. Se elegeu duas vezes, contra a máquina forte do PT e ainda fez o seu sucessor na prefeitura. Isso em tempos que o PT ainda era dono do Brasil.


Bom estrategista
Vagner elegeu a sua filha, Jéssica Sales (PMDB), que caiu de paraquedas no meio de uma campanha disputadíssima para deputado federal, em 2014. Nas municipais de 2016 ajudou a eleger quatro dos cinco prefeitos do Vale do Juruá.


Prata da casa
Pelas eleições que acompanhei em Cruzeiro do Sul, Vagner sabe utilizar a mão de obra local e ao mesmo tempo fazer campanhas competitivas. Enfrentou duas vezes a Companhia de Selva que trabalha para o PT e conseguiu sair vitorioso.


Jogo embolado
Tanto para o PT quanto para a oposição não vejo vantagem de ninguém para vencer as eleições ao Senado. O senador Jorge Viana (PT) e o presidente da ALEAC, Ney Amorim (PT) travarão uma batalha interna para terem o maior número de votos. Será muito mais complicado do que alguns estão pensando.


O outro lado
Na oposição, os nomes ainda não estão decididos. Deveriam já estar trabalhando a montagem dessa chapa do Senado. Como são cinco nomes de peso que as brigas aconteçam agora para depois fumarem o cachimbo da paz. Se deixarem essa definição para 2018 haverá “choro e ranger de dentes”. Isso poderá atrapalhar, e muito, a eleição para governador.


Queriam o quê?
A Companhia de Selva será a gestora da conta publicitária da prefeitura de Rio Branco. Uai, esperavam que iriam contratar uma empresa ligada ao PP, PMDB ou PSDB? A empresa faz o marketing político da FPA há 16 anos e acumula vitórias seguidas nas eleições para o Governo e a prefeitura da Capital. Está usufruindo do capital político acumulado.


Prazo de validade
Enquanto a Companhia de Selva fizer campanhas majoritárias e vencer continuará tendo as contas publicitárias. Agora, se existir alguma irregularidade nas licitações quem se sentir prejudicado deve procurar a Justiça. Obviamente que não estou defendendo a empresa, mas mostrando a lógica do processo.


Processo em andamento
Acho natural o processo eleitoral estar bem adiantado. E isso não é só no Acre, mas no Brasil inteiro que passou por várias rupturas políticas recentes. A eleição de 2018 será um divisor de águas para a manutenção da frágil democracia brasileira. Com os seguidos casos de corrupção não haverá aquela gastança de dinheiro tradicional. Então os pretensos candidatos devem ir criando as suas estratégias para não ficarem desesperados em cima da hora. Com as mudanças da legislação as campanhas são curtas. Assim as pré-campanhas se tornaram fundamentais para o sucesso de quem quer vencer. O processo eleitoral já está em andamento para a presidência da República, para o Governo do Estado e os representantes acreanos do Senado. Quem estiver dormindo acorde!


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Nelson Liano Jr.

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