Maria Rosita Xavier, de 39 anos, teve de comparecer à Delegacia Geral de Polícia Civil de Cruzeiro do Sul na manhã desta quarta-feira, 29, para registrar a perda da carteira de vacinação dos filhos Mateus e Lucas. Poucos antes, em busca do documento para renovar o benefício do Bolsa Família, ela foi informada em um posto de saúde do município que a segunda via da carteira só seria emitida ante a apresentação do boletim de ocorrência.
Sem efetivo suficiente para atender à demanda da população, agentes de Polícia Civil reclamam da medida. “Temos poucos servidores para atender o público, e essa exigência é mais um acúmulo de função”, disse um policial que pediu para não ter o nome divulgado.
Procurado, o secretário adjunto de Saúde do município, Júlio Martins, informou à reportagem que a exigência partiu da Polícia Federal. “Eu era o titular da Saúde na época em que fomos chamados pelo delegado da PF e ele nos orientou a exigir o boletim de ocorrência como quesito obrigatório à emissão da segunda via das carteiras de vacinação e de gestante. Trata-se de um documento como outro qualquer”, justificou.
Segundo o secretário adjunto, na época em que houve a reunião com o representante da Polícia Federal, a órgão investigava o uso indevido de carteiras de gestante para recebimento ilegal de benefícios.