Centenas de pessoas atingidas pela maior enchente do Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, ainda estão retornando a suas casas. Na Colônia dos Pescadores do município, onde 40 famílias ficaram alojadas, a última delas foi removida na manhã desta sexta-feira, 10. A perda de pertencentes e a deterioração dos imóveis são motivo de muita tristeza para as vítimas.
A reportagem do ac24horas acompanhou o regresso ao lar do casal Vanderlei Alencar e Joicimara Souza, junto com os filhos. Eles residem na Avenida Rio Juruá, às margens do manancial homônimo.
Presidente da Colônia dos Pescadores, Elenildo de Souza transportou os bens da família no próprio veículo, a exemplo do que fez com as demais pessoas às quais deu assistência enquanto estiveram abrigadas na sede da entidade.
A cheia chegou a cobrir parte do imóvel de Joicimara, e as marcas ainda estão nas paredes. A limpeza teve de ser feita por Vanderlei, com o uso, inicialmente, de uma enxada. “Tive que puxar a lama antes de escovar o assoalho”, disse ele.
Vanderlei conta ainda que só não perdeu os eletrodomésticos porque os suspendeu acima do nível da água. Dezenas de outras casas do bairro foram atingidas. Muitos moradores optaram, porém, em permanecer nos imóveis, com medo de ter os objetos furtados.
Apesar da vazante do Juruá, a cheia deixou consequências para os moradores dos bairros atingidos pela alagação. Uma delas é a falta de água, cujo fornecimento ainda não foi normalizado pelo Depasa.
Outro transtorno é a lama que se acumula nas ruas. Em alguns pontos ela chega a ter 20 centímetros de altura, o que dificulta o tráfego principalmente das motocicletas. Quem sai de casa sabe que vai sujar os pés. “Queremos saber quando o prefeito vai dar um jeito nesse problema”, questionou Raimundo Figueiredo, 43.
Reiteradas tentativas de contatar a Secretaria Municipal de Obras da prefeitura de Cruzeiro do Sul, porém, foram em vão. O assessor de imprensa da instituição, Neto Vitalino, também não atendeu aos telefonemas da reportagem e nem retornou as ligações.
Moradores do bairro Miritizal aproveitaram a presença da reportagem para reclamar da promessa feita pelo governador Tião Viana (PT), que durante a campanha à reeleição, em 2014, esteve na comunidade e prometeu pavimentar a avenida.
“Depois de reeleito, Tião Viana nunca mais pôs os pés aqui”, assegura Antonino das Neves, 64.
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