Da mesma maneira que o futebol é o assunto principal nas rodas de conversas populares em outros estados, no Acre, a política é o tema preferido. Talvez pelo fato do Estado ser isolado e depender sobremaneira dos recursos públicos. Afinal quem vai governar ou representar os acreanos no Congresso Nacional ou na ALEAC afeta a vida de todos. A famigerada industrialização prometida pelo atual Governo do PT não aconteceu da maneira pretendida. Assim cargos de confiança é ainda o tipo de emprego “objeto de desejo” da maioria da população. Evidentemente que por falta de opções de postos na inciativa privada que, por sua vez, também depende das benesses do Estado para poder se manter. Portanto, não há como deter esse clima de eleição constante nas Terras de Galvez. Essa reviravolta na eleição da Associação de Municípios do Acre (AMAC) foi mais um dos capítulos desse clima de articulação política constante. A prefeita de Tarauacá Marilete Vitorino (PSD) acabou ocupando a presidência para evitar que Marcus Alexandre (PT), da Capital, pudesse ter mais um “cavalo de batalha” para projetar uma possível candidatura ao Governo em 2018.
Escrito nas estrelas
A disputa pelo Governo já começou desde o fechamento das urnas de 2014 quando então o reeleito Tião Viana (PT) declarou que Marcus seria o candidato da FPA, em 2018. Esse é o nome mais forte que a coligação capitaneada pelo PT tem para sonhar em continuar governando o Estado por mais quatro anos.
Escrito nas estrelas 2
Por outro lado, eleito senador com o maior número de votos da história acreana, Gladson Cameli (PP) se credenciou para ocupar o Palácio Rio Branco. É o nome que a oposição tem para unir-se e desbancar os 20 anos de domínio da FPA.
Briga de titãs
Gladson e Marcus podem protagonizar a eleição mais disputada da história do Acre. O fator positivo das duas possíveis candidaturas é o fato de serem dois jovens políticos que representam a mudança de paradigma dos “velhos caciques” do poder político no Acre.
Plano B
A FPA teria o nome do presidente da ALEAC, Ney Amorim (PT) como alternativa. Já pelo lado da oposição só vejo o deputado federal Major Rocha (PSDB) como possível candidato, caso Gladson não queira entrar na disputa.
Seguindo a corrente
Marcus Alexandre vai acabar sendo candidato. A falta de opções é evidente. Marcus saiu vitorioso em duas eleições seguidas na Capital e, portanto, tem a sua gestão na prefeitura reconhecida pela população. Haverá pressões, inclusive, dos partidos da FPA que gravitam em torno do PT para que isso aconteça. É um nome mais palatável e ele tem boas relações com os dirigentes partidários da FPA.
O sonho da união da oposição
Por outro lado, não acredito que a oposição acreana lance algum outro nome, caso Gladson confirme a sua candidatura em 2018. Se isso acontecer poderá ser de algum partido “nanico”. Mas as principais legendas devem fechar em torno do senador. Mesmo porque eleitoralmente falando é realmente o que tem mais do condições de derrotar o PT no Acre.
Não é um picnic
A eleição de 2016 em Rio Branco mostrou que não é muito simples derrotar o PT ainda muito forte no Acre. Aliás, foi aqui no Estado que o PT sobreviveu a derrocada do partido depois do impeachment da ex-presidente Dilma (PT).
Outro campo de batalha
Em relação as duas vagas do Senado que o Acre terá direito em 2018 vejo uma eleição paralela que irá afetar, inclusive, a disputa ao Governo. O senador Jorge Viana (PT) deverá ser candidato natural à reeleição. Assim como Sérgio Petecão (PSD) pela oposição. Mas aí surgem os espaços para outras candidaturas tanto na FPA quanto entre os oposicionistas.
Quem vai entrar na briga
Pelo PMDB o ex-prefeito Vagner Sales (PMDB) e o deputado federal Flaviano Melo (PMDB) são os nomes postos na mesa. Bocalom (DEM) já se declarou candidato ao Senado assim como o Major Rocha (PSDB) e Márcio Bittar (PSDB).
Novos espaços
Claro que na oposição ainda tem a vaga de uma candidatura a vice de Gladson. Esse deve ser um fator para eliminar um dos pretendentes ao Senado na hora das articulações dos candidatos majoritários. Essa vaga poderá ser oferecida ao PMDB ou ao PSDB.
Sonho alto
Existem dirigentes partidários da oposição que cogitam em ganhar as duas vagas. Historicamente não tem sido assim. Os eleitores acreanos tem elegido um senador da FPA e outro da oposição. Resta saber se com essas alterações tão grandes no quadro político nacional esse paradigma possa ser quebrado.
Limpando a área
Nessa história da eleição da AMAC, Marilete Vitorino, se saiu muito bem. Enfrenta uma oposição cerrada do candidato derrotado Rodrigo Damasceno (PT) em Tarauacá e com a entidade nas mãos pode ampliar as perspectivas da sua gestão. A tendência é se fortalecer politicamente no Estado e, consequentemente, no seu município.
Muy amigos, pero no mucho
O prefeito de Porto Walter, Zezinho Barbary (PMDB) sempre teve em Vagner Sales o seu maior aliado. Não sei como ficarão as coisas entre eles depois de Zezinho ter sido candidato a vice com Marcus Alexandre. Vagner mandou vários recados explícitos para Zezinho se alinhar com a oposição e não com a FPA.
Mais uma questão
Não sei se Zezinho com duas gestões bem avaliadas irá pensar em se lançar candidato a deputado estadual em 2018. Se isso acontecer a “porca vai torcer o rabo” entre ele e Vagner. Afinal, a candidata natural da família Sales é a ex-deputado Antônia Sales (PMDB) sempre com votações expressivas em Porto Walter.
Nem um pouco morto
O fato é que Vagner Sales nesse episódio da eleição da AMAC mostrou que está longe de ter se aposentado da política. Continua sendo um articulador habilidoso para ganhar eleições. Resta saber se as suas condições jurídicas permitirão ser candidato ao Senado. Um outro fator a ser levado em consideração é que terá duas outras fortes candidaturas naturais na sua família, Antônia e a deputada federal Jéssica Sales (PMDB) que está se saindo melhor do que se esperava. Três candidatos numa única família não é nada recomendável. Mas candidato ou não, Vagner será um dos maestros da campanha da oposição para o Governo e o Senado em 2018. Isso é certo.
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