A ligação entre a Capital e o Vale do Juruá foi o grande sonho do ex-governador Orleir Cameli. Mas ele morreu sem ter visto a obra concluída. O estranho é que quando Orleir estava no Governo a oposição comandada pelo PT, na época, fez de tudo para barrar a rodovia alegando problemas ambientais. O mesmo PT assumiu a obra no primeiro governo de Jorge Viana (PT) e transformou a estrada num dos seus principais cavalos de batalha eleitoral. E assim foi até a reeleição de Tião Viana (PT). A BR 364 como fator primordial para a integração do Acre. Não sei exatamente qual o problema, mas o fato é que essa estrada consumiu R$ 2 bilhões e continua intransitável. Talvez o projeto de engenharia não tivesse sido o adequado para as condições do solo amazônico. Essas dúvidas e o vultuoso valor investido, se a Polícia Federal entrar numa investigação pesada, vai tirar o sono de muita gente, políticos e empresários. Em tempos de revanches políticas tem gente que pode terminar na cadeia. E não só de um lado da moeda. Melhor ninguém colocar o dedo na cara do outro e esperar o resultado do inquérito.
Uma nova Transamazônica
Construir 657 quilômetros de asfalto em plena Selva Amazônica sempre foi um grande desafio desde o Sétimo BEC, nos anos 60, que traçou o percurso da estrada. O Acre teve a sua Transamazônica com o mesmo final de história da original, ou seja, apenas um ramal no meio da Floresta.
O fio da meada
As empreiteiras da obra fizeram doações de campanhas políticas durante quase 20 anos. Isso era normal no Brasil. Agora, resta saber as doações oficiais e legais e aquelas que foram feitas por “fora”, se é que realmente houveram. Aí está um nó para ser investigado.
Lado bom
A BR 364 é fundamental para o Acre mudar de patamar econômico no Brasil. Sem falar nos fatores de integração sociais e regionais. O projeto da estrada procede e realmente mereceu o investimento e o esforço. O problema é o resultado depois de 20 anos de obras que resultaram em quase nada.
Salvo
Bem, um legado desse investimento na BR 364 são as pontes sobre os grandes rios que atravessam o Acre como o Juruá, Purus, Tarauacá e Envira. Isso ficará para sempre e abre a perspectiva de que um novo projeto possa recuperar o leito da estrada no futuro. Só não sei se num futuro próximo com essa crise econômica.
Questão de visão
Na minha opinião, o uso político da BR 364 entre a Capital e Cruzeiro do Sul, atrapalhou a sua construção. Deveria ter sido um trabalho absolutamente técnico sem muito alarde. Como jornalista presenciei várias vezes governadores anunciando uma data para a sua inauguração definitiva, o que nunca aconteceu.
Areia movediça
E essa turma política ligada ao presidente Temer (PMDB), oposição no Acre, que se cuide para não cometer o mesmo erro do PT. Ninguém vai solucionar os graves problemas da BR 364 com uma “canetada”. Melhor não fazer muita festa e trabalhar em silêncio com os técnicos para ver se o resultado será melhor.
Teria sido melhor
A CPI da BR 364 era a salvação de muita gente. Claro que teria um carnaval midiático, mas com a maioria na ALEAC o resultado seria o que a base governista desejasse. Agora, se realmente a Polícia Federal aprofundar as investigações sobre os recursos públicos investidos na BR 364 haverá “ranger de dentes”.
A hora da paz
Tenho acompanhado as escaramuças políticas de Tarauacá. A eleição não terminou no município enredado pela fofoca e a maledicência. A prefeita Marilete Vitorino (PSD) e o ex Rodrigo Damasceno (PT) devem descer do palanque e pensarem o que é melhor para os moradores do município.
Dedução óbvia
Rodrigo fez uma boa gestão, mas não soube lidar bem com a política. Perdeu a eleição, no entanto, é um jovem médico com muitos caminhos pela frente. Não adianta se “aperrear” com uma derrota. Aliás, quem não sabe absorver uma derrota poderá decretar o final da sua carreira política prematuramente.
Fator de equilíbrio
O PC do B de Tarauacá deve se posicionar diante dessa “crise” inicial da gestão. Acho que o deputado estadual Jenilson Leite (PC do B) e o ex vice, Batista (PC do B) devem abrir um canal de diálogo com a atual administração. Na minha opinião, o partido só tem a crescer com uma postura diplomática em favor da população.
Anatomia de uma derrota
Aliás, tenho visto vários políticos no Acre que não lidam bem com a derrota. Para quem sabe esse é o momento de crescer. Mas vejo gente se debatendo sem absorver o revés das urnas. Numa disputa ganhar e perder é natural. O problema é ficar se debatendo que nem peixe no anzol. Quanto mais se mexe mais enrolado vai ficando. A sabedoria recomenda o silêncio em algumas situações da vida e não tentar ficar brilhando quando o palco está com as luzes apagadas.
Na estrada
O senador Jorge Viana (PT) tem visitado todos os prefeitos eleitos do Acre. Obviamente oferecendo ajuda com emendas parlamentares e assessoria técnica. Jorge sabe que não terá uma reeleição fácil. Ainda que não assuma ser candidato e, no momento, ainda seja favorito a uma das duas vagas do Acre ao Senado em 2018.
Na cola
O deputado federal Flaviano Melo (PMDB) também tem andado bastante pelo Estado no recesso parlamentar. O político mais experiente do Acre ainda em atividade se fortalece de maneira inteligente. É carta no baralho para o Senado e, ao mesmo tempo, se for preciso vai para a reeleição mais forte.
Ativo
O deputado federal Major Rocha (PSDB) também fortalece o seu partido nas andanças do recesso. Mas ainda me parece que o objetivo de Rocha não é só o Senado. Dependendo do quadro pode ser candidato ao Governo.
Dormindo com o inimigo
O PSDB só perde com as desavenças entre Rocha e o ex-deputado Márcio Bittar (PSDB). Algumas colunas já anunciaram a saída de Bittar do ninho tucano, o que seria bom para os dois. Tentar uma jogada aos 44 minutos do segundo tempo usando o Solidariedade presidido pela sua esposa Márcia será um tiro na água. Agora, se trabalhar para fortalecer a nova legenda já é outra história.
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