A vitória retumbante da irracionalidade no Brasil de hoje talvez seja nosso maior problema a superar e a afastar. Ela espalhou-se como vigorosa pandemia e não poupou nenhum segmento da inteligência nacional. Onipresente, encontra-se em profusão nos poderes da República, na imprensa e nas redes sociais. Ela substituiu o cérebro pelo fígado, o raciocínio pela emocionalidade rasa, o argumento pelas sentenças oraculares e a realidade concreta pelos delírios utópicos. Em ambiente tão alienado do real como este, tornou- se difícil diagnosticar a extensão e a profundidade das crises e a prescrição dos princípios ativos que propiciem a superação da presente recessão, que vai para o terceiro ano seguido, evitando-se os malefícios trazidos por uma depressão a nos espreitar. Com efeito, os doze ou treze milhões de desempregados atuais, à descoberto, em seu calvário, poderão evoluir num passe de mágica para a casa dos vinte milhões ou mais, em curto ou curtíssimo prazo.
Alheios a cenário tão adverso, os grupos dirigentes dançam inebriados a dança do acasalamento à beira de um abismo abissal, com a mais completa irresponsabilidade já conhecida por estas bandas. É impressionante como ” não se tocam”, como privilegiam as palavras de ordem em vez de argumentações lógicas, como se apegam a superstições e a lugares comuns e fogem do exercício penoso, mas insubstituível, de aproximação da verdade dos fatos. As vozes dissonantes existem, por certo, mas são inaudíveis, ou pelo menos têm sido. A única instituição brasileira que não tem sido parte alíquota de nosso mega problema são as Forças Armadas ativas; precisamente por seu silêncio, como convém ao poder armado em regime democrático. As demais, sem exceção, têm sido deploráveis e toscas, de um primitivismo bizarro e assustador. Os vitupérios inundaram as redes sociais e a compreensão das dificuldades e a forma de superá-las vão empalidecendo a cada dia.
A vítima de última instância é a nação brasileira e o meio criminalizado, condenado, satanizado é a política, nossa única saída democrática. A quem pode interessar o exponencial alimento do ódio devotado à política? Seria espantoso se não fosse patético. Ah! dizem alguns, nossas instituições estão funcionando normalmente, plenamente. Uma ova, que estão. Basta lembrar as pantomimas e o dadaísmo recentes protagonizados por ministros do STF, Procuradores, Associações de Juízes, Parlamentares etc.
O impedimento da Presidente Dilma Roussef foi condição sem a qual seria impraticável a saída da crise. Foi condição necessária mas está longe de ser suficiente. Seria imprescindível um diagnóstico correto da gravidade da situação que atirou-nos ao inferno da recessão, com elevada inflação, taxas de juros nas alturas, dívida pública explosiva, retração nos investimentos, endividamento das famílias, queda do grau de investimento do país, Estados e empresas por parte das agências de classificação de risco etc. Para se sair deste deserto de areia movediça o mais rapidamente possível os sacrifícios teriam que ser distribuídos ao conjunto dos agentes econômicos, feitos através da política.
Fiquei com a impressão que a boa equipe econômica escolhida pelo Presidente Michel Temer, de alguma forma, subestimou a profundidade de nossas agruras e foi excessivamente otimista em apontar o início do processo de recuperação. Ele não revelou-se e, desgraçadamente, talvez não se mostre em 2017. Será muito bom se estancarmos a sangria do encolhimento da economia no ano que vem para crescermos em 2018, com saúde.
Vejo idiossincrasias n’algumas atitudes do Presidente Michel Temer. Não posso negar. Mas tê- lo como substituto sequente da tresloucada nova matriz econômica imposta pelo lulopetismodilmismo- que arruinou a potência econômica do Brasil- foi uma dádiva da fortuna. Também não dá para olvidar este arranjo da sorte. Na contramão do irracionalismo que tomou conta do país, o Governo Michel Temer com seu estilo próprio fincou os esteios que suportarão o peso da reconstrução e da recuperação da economia e da nação brasileira. Teve a coragem e a responsabilidade de servir aos cidadãos do Brasil o cardápio do que é necessário fazer para sermos, de fato, uma República.
Sinceramente, não vejo nenhuma alternativa melhor que o Michel Temer, que seja realista, que seja democrática e constitucional e que não seja aventureira ou delirante. É inescapável a defesa das regras do jogo democrático. Fora delas, tudo é deletério, nocivo e perigoso e carregará o estigma do retrocesso, do autoritarismo e do fracasso.
Aos brasileiros, desejo uma gradual conciliação com a racionalidade, especialmente com a racionalidade crítica, que argumenta, aprende, ensina e posta os pés no chão de onde se divisarão os contornos do que é verdadeiro, real e concreto. E onde o humanismo floresça com a potência de sua superioridade sobre os outros caracteres do artifício humano.
*João Correia é professor e ex-deputado pelo PMDB no Acre.
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