O Brasil experimenta um preocupante quadro de afastamento entre a sociedade e seus representantes públicos, num grave e progressivo descolamento de legitimidade, motivado pela enraizada cultura de iniquidades praticadas em todos os escalões da Administração.
A ausência perdurada da ética e da moral no esteio dos Poderes constituídos é uma das grandes responsáveis pela atual crise que assola o País, mergulhado numa teia de malfeitos aos cidadãos brasileiros, reféns da incúria dos seus gestores.
Diretamente atingidos pela corrupção, pela ausência de políticas de base, pela inação nas medidas necessárias para contemplar os verdadeiros fundamentos da causa pública, os brasileiros arcam com a pesada máquina estatal para receber em contrapartida índices africanos de violência urbana, falência dos sistemas de saúde e educação, recessão econômica, inflação, insolvência e calamidade financeira. Numa somatória de desatinos, o Brasil derrete as conquistas sociais e econômicas conquistadas mais pela pujança financeira internacional, que pelos méritos das políticas “Terras Brasilis”.
É certo que o momento do País é inglório e desestimulante, porém é nossa missão não nos quedar no quadro de desolação e desesperança. Devemos, mais do que nunca, cidadãos, entes públicos e privados de todas as naturezas, reverter o sentimento de choque que hoje nos aflige, para fomentar as soluções para este País tão cioso da verdadeira democracia.
No aproximar do trintênio da Constituição Federal é premente reconstruir o País sob a égide da ética, da moral e da dignidade, em direção à Justiça Social, ao crescimento econômico, à geração de emprego, renda e melhoria dos índices sociais.
Mais que meros abstrativismos, os Poderes Públicos e a sociedade organizada devem enveredar pelas mudanças necessárias ao verdadeiro progresso do País. Uma nova matriz tributária, investimentos em educação e infraestrutura, uma verdadeira reforma política, são medidas entre tantas outras urgentes que são historicamente relegadas ao ostracismo, diante das não republicanas prioridades dos nossos representantes.
A sociedade brasileira exige uma pauta positiva lastrada nos Princípios Constitucionais, na transparência, no respeito, na honestidade. Exige uma guinada cívica onde os conchavos, os “acordões”, os compadrios, a improbidade, o clientelismo, as benesses imorais, os super-salários, não serão mais tolerados.
O sistema político que nos trouxe atrasos seculares deve ser defenestrado, abrindo espaço para uma nova e revolucionária era de proatividade, soluções, eficiência e eficácia. Precisamos de novos representantes, uma nova geração, com mentalidade criativa, desapegada dos vícios e das individualidades, que exerça a missão de efetivamente servir ao público e não se servir do público.
É com a consciência de nossa responsabilidade cívica que devemos perseverar nas mudanças que esse País precisa, para não só deter o atual processo recessivo, mas sim refundar as bases de nossa Pátria numa construção de sólidos paradigmas éticos e morais.
Às vésperas das comemorações natalinas, já “botei meu sapatinho na janela do quintal”!