A viagem de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, que deveria levar oito horas, é feita em até dois dias por caminhoneiros que abastecem as cidades do Juruá. O gasto adicional de combustível e os eventuais danos aos veículos estão computados no preço final do frete, que segundo os motoristas acabam majorados em 40% do valor original. E esse acréscimo é quase sempre repassado ao consumidor.
Além do tempo de viagem, os estragos causados pelas péssimas condições da rodovia são as principais reclamações dos motoristas de caminhões e carretas, muitos dos quais desistem de uma segunda viagem antes mesmo de concluírem a primeira.
É o caso de Estênio Pantoja da Silveira, natural do Mato Grosso, de onde partiu com um carregamento de grãos para abastecer o comércio da região. “Nunca mais ponho meu caminhão nesse lamaçal”, disse nesta terça-feira, 20, à reportagem do ac24horas. “O que vou receber a mais pelo transporte não paga os prejuízos”.
A recusa de Estênio em voltar ao Juruá é apenas um entre dezenas de exemplos testemunhados pelo frentista Fabrício Nascimentos, funcionário do posto de combustíveis Nova Cintra, localizado na Estrada da Variante, em Cruzeiro do Sul.
Na última Expojuruá, Fabrício ouviu de um caminhoneiro recém-chegado de Minas Gerais que ele não voltaria ao município nem que lhe dobrassem o valor cobrado pelo frete de produtos destinados à feira de exposições. “Toda semana tem gente que vem pra cá e se arrepende, graças às condições da BR. Esses não costumam voltar”, garante.
Marcos da Silva Parente transporta diesel de Porto Velho (RO) até a filial da Guascor do Brasil em Cruzeiro do Sul. Devido ao tempo gasto entre Sena Madureira e a região do Juruá, ele consegue fazer apenas três viagens por mês.
Parente afirma ter perdido dois pneus no último carreto. “Eles rasgaram nas pedras que o pessoal tá usando pra tapar os buracos da pista”, afirma. Os pneus foram descartados, mas os prejuízos são devidamente relacionados pela empresa, que orça o custo total dos gastos adicionais e os repassa para as futuras viagens.
Segundo o caminhoneiro, o valor do transporte de óleo diesel em um caminhão-tanque, entre Porto Velho e Cruzeiro do Sul, está avaliado atualmente em R$ 18 mil. Tudo devido às condições da BR-364. Estivesse a rodovia em bom estado, pelo mesmo percurso seriam cobrados R$ 10,8 mil.
A rodovia em que os sucessivos governos do PT investiram mais de R$ 2 bilhões ao longo de quase duas décadas (segundo cálculos de parlamentares da oposição), também é responsável pelos prejuízos acumulados pelos comerciantes de Cruzeiro do Sul.
Abastecer a cidade com produtos perecíveis é outro desafio para quem insiste em colocar nas prateleiras os hortifrúti cultivados no sudeste e sul do país.
Gerente há quatro anos de um dos maiores supermercados cruzeirenses, Mariano Melo contou ao ac24horas que está cansado de ver produtos irem pro lixo graças ao transbordo feito em Rio Branco. Como alguns caminhoneiros se negam a pegar a rodovia até Cruzeiro do Sul, os proprietários de supermercados da região precisam ter sua própria frota de caminhões para fazer o percurso.
Ele confirma que os fretes são majorados em 40% devido às condições de trafegabilidade da rodovia. “É preciso um grande esforço pra manter a cidade abastecida”, assegura.
A demora na entrega dos produtos é outro fator adverso com o qual os empresários do Juruá precisam lidar. Mariano Melo conta que, no final de 2015, o supermercado em que trabalha fez as compras para as festas de fim de ano, mas graças ao atraso no transporte, os caminhões só chegaram em janeiro de 2016, quando não havia mais demanda pelos produtos natalinos.
Ainda que o frete de cargas esteja inflacionado, e o tempo de locomoção entre a capital e Cruzeiro do Sul aumente na medida em que a estrada se deteriora, o presidente da Associação Comercial do Alto Juruá (Acaj), Assem Cameli, asseverou à reportagem que o transporte terrestre é preferível ao fluvial.
“O percurso que uma carreta faz em oito dias demora dois meses quando é feito por balsa”, diz ele.
Eis o motivo, portanto, que fez com os comerciantes do município trocassem as balsas pelos caminhões. O volume da demanda em Cruzeiro do Sul e nas cidades vizinhas obrigou-os à substituição.
E diante dessa nova realidade, a BR-364 se torna imprescindível. Resta a todos, conforme relatado por cada um dos entrevistados, a esperança de que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) recupere a rodovia o quanto antes.
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