A Câmara dos Deputados não seguiu a orientação da equipe econômica do presidente Michel Temer (PMDB) e votou a favor da renegociação da dívida dos estados. Foram 296 votos contra 12, uma derrota significativa num momento de instabilidade política do atual Governo devido as denúncias relacionadas a operação Lava Jato. O ponto da discórdia é que os governos estaduais poderão renegociar as suas dividas com a União sem pagarem as contrapartidas. Resta ao presidente Michel Temer vetar a Lei quando chegar às suas mãos. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tripudiou com as exigências do Planalto. “Os técnicos da Fazenda sempre querem mais, sempre querem um arrocho maior. Só que a crise que o país vive não foi vista nem na Primeira Guerra Mundial. Então, não dá que os técnicos da Fazenda, o pessoal do mercado financeiro, que têm um coração que não bate com a emoção, não dá que eles ganhem tudo,” afirmou.
Sinais de desgaste
A derrota de Temer mostra que a base governista no Congresso Nacional não está mais tão alinhada. Os nomes de ministros e do próprio presidente aparecendo em denúncias da Odebrecht. Sem falar no julgamento do TSE para o próximo ano que pode determinar a cassação da chapa Dilma (PT)/Temer.
Os votos dos acreanos
Votaram a favor da renegociação sem contrapartida os deputados federais acreanos Moisés Diniz (PC do B), Major Rocha (PSDB), Léo Brito (PT), Alan Rick (PRB), César Messias (PSB) e Jéssica Sales (PMDB). Não participaram da sessão os deputados Raimundo Angelim (PT) e Flaviano Melo (PMDB).
Salada russa
Ao analisar os votos dos parlamentares acreanos fica a constatação que a matéria transcendeu questões ideológicas. Os dois lados da política chegaram a conclusão da necessidade da renegociação que, na prática, significa a sobrevivência dos estados brasileiros num momento de crise.
Defesa do funcionalismo
Segundo o que publicou na sua página do Facebook, o deputado Moisés Diniz, afirma que a PLP 257, como veio do Senado, prejudicaria os funcionários dos estados. No acordo conduzido pelo próprio Rodrigo Maia as clausulas prejudiciais ao funcionalismo foram retiradas.
Novo quadro em 2017
Em ano que antecede eleição o presidente Temer poderá enfrentar mais dificuldades em votações impopulares no Congresso. Afinal, os deputados federais e dois terços do Senado passarão por processos de reeleição. Quem vai querer ficar mal com as suas bases votando matérias só do interesse do Governo?
Abandonando o barco
Segundo me informaram, o deputado federal acreano, Major Rocha, deverá deixar a vice liderança do Governo na Câmara. Eis aí mais um sintoma das águas turbulentas que Temer terá que enfrentar, em 2017. Obviamente não pela simples saída do deputado. Mas isso representa um padrão que poderá se repetir em várias bancadas no Congresso Nacional. Ninguém quer ficar mal com seu eleitorado.
Cheque em branco
A diplomação do prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT) e dos 17 vereadores da Câmara revelam uma tendência. Com a maioria absoluta no parlamento municipal o prefeito reeleito vai poder tocar a gestão ao seu bel prazer. Terá uma oposição a fazer barulho na mídia, mas ganhará todas as votações na Câmara. E não há do que se reclamar, a decisão foi da maioria dos eleitores da Capital que votaram em vereadores da FPA.
Mesmo padrão
O mesmo vale para Cruzeiro do Sul. O prefeito eleito Ilderlei Cordeiro (PMDB) terá maioria folgada na Câmara Municipal. Vai aprovar sem sustos as matérias do seu interesse. Sem falar, que tanto Marcus quanto Ilderlei estando no trono poderão facilmente aumentar ainda mais os vereadores aliados. Isso no Acre é muito fácil de conseguir.
“Nanicos” fora da raia
Uma fonte me revelou que houve muitas manobras de bastidores para que os partidos considerados “nanicos” ficassem fora da Câmara da Capital. Estimularam PRP, PROS e PSDC a lançarem chapas independentes. O resultado final é que não conseguiram eleger ninguém.
Alvo preferencial
A mesma fonte me revelou que ninguém da cúpula da FPA queria a volta do vereador e sindicalista Marcelo Jucá (PSDC). Muito independente e polêmico para os padrões petistas. Mas na realidade o erro maior, na minha opinião, foi do próprio vereador que deveria ter procurado um partido de oposição.
Assobiar e chupar cana
Não dá para um parlamentar ser ao mesmo tempo da bancada da base e ter uma postura de oposição. Esse tipo de comportamento acaba desagradando os dois lados. O resultado sempre é a balsa de Manacapuru na primeira oportunidade.
Tudo na sua hora
O senador Jorge Viana (PT) não quer nem falar em candidatura à reeleição, por enquanto. Prefere esperar os novos acontecimentos do plano político nacional. Enquanto isso, vai se dedicar a percorrer o Acre inteiro, em 2017, e focar o seu mandato mais no plano estadual.
Com razão
Jorge se saiu muito bem das “armadilhas” do destino em relação à presidência do Senado. Não se arvorou em “salvador da pátria” e conseguiu passar uma imagem positiva de moderador e diplomata à imprensa nacional. Tem mais é que, agora, fortalecer as suas bases no Acre.
Não vai ser um picnic
Engana-se quem acha que as eleições majoritárias no Acre em 2018 serão fáceis para qualquer dos lados. Mesmo com o desgaste de 20 anos, o PT no comando da FPA vai lutar muito para manter a hegemonia política no Governo do Estado. Por outro lado, existe um cansaço real da população desse jeito petista de governar. Mas a oposição terá que durante a campanha passar credibilidade para uma mudança segura. Não tem nada ganho e nada perdido. Em relação ao Senado surgirão muitos nomes de pretendentes que irão passar por uma peneira, tanto na oposição quanto na FPA. Ficarão os pesos pesados que mais uma vez farão uma disputa de arrancar os cabelos pelas duas vagas acreanas no Senado.
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