Mesmo com a chuva o ato a favor da Lava Jato e contra as modificações do texto inicial do projeto anticorrupção aprovado pela Câmara dos Deputados foi realizado no Acre. A manifestação contou com cerca de 400 pessoas. Por causa da chuva, o protesto, que inicialmente estava marcado para acontecer em frente ao Palácio Rio Branco, ocorreu no hall da Assembleia Legislativa.
A manifestação começou com um minuto de silêncio pelo desastre aéreo que vitimou a delegação da Chapecoense e em lamento pela onda de violência no estado e em homenagem às polícias militar e civil e agentes penitenciários.
Os manifestantes vestiram verde e amarelo, levaram bandeiras do Brasil e cartazes contra a corrupção. Eles também direcionaram o protesto contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).
O coordenador do Movimento Vem Pra Rua avaliou que a participação das pessoas na manifestação foi acima do esperado. “A organização deu o seu melhor. O Movimento Vem Pra Rua mostra que vem sendo diferente de todos os outros movimentos que surgiram no estado do Acre. Agradecemos a presença do MP, dos juízes que se fizeram presentes”, destacou.
A manifestação teve presença maciça do Ministério Público e do Judiciário. Com camisas brancas com a frase: “Punir juízes e promotores que combatem a corrupção? Diga não!”, eles protestaram.
Os protestos pelo Brasil fizeram repetidas menções às mudanças no projeto anticorrupção aprovado na madrugada da quarta-feira, 30, na “calada da noite”, entre meia-noite e quatro da manhã, na Câmara dos Deputados.
O pacote com 10 medidas proposto pelo MPF, a partir de mais de mais de 2,5 milhões de assinaturas, foi aprovado desfigurado.
Pelo menos seis itens foram retirados da proposta inicial. Entre as mudanças, a que mais repercutiu negativamente foi a que prevê casos de responsabilização de juízes e de membros do Ministério Público por crimes de abuso de autoridade.
“O fato de o povo ir pra rua mostra a indignação. Essa proposta, da forma como foi aprovada na Câmara, ao criminalizar a atividade dos magistrados e dos promotores, fortalece a corrupção e o crime organizado”, opinou o juiz Giordane Dourado, da Associação dos Magistrados do Acre.
O procurador de Justiça Oswaldo D’ Albuquerque, chefe do Ministério Público do Acre, salientou que a desfiguração do projeto anticorrupção enfraquece a atuação do MP e do Judiciário.
“O que nós estamos fazendo é só reforçar a necessidade de fortalecer a atuação do Judiciário e do Ministério Público. Ao Ministério Público compete defender a ordem jurídica, o Estado Democrático Direito. Nós não podemos compactuar com leis que venham enfraquecer essas instituições.”
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