Quando o caixão com o corpo do piloto boliviano Miguel Queiroga foi retirado do carro do Corpo de Bombeiros da Bolívia, na tarde da última sexta feira (2) em Cobija, uma multidão aplaudiu o esquife.
Embora as investigações iniciais apontem falha humana na tragédia que matou mais de 70 pessoas na Colômbia e coloquem o piloto Miguel como principal responsável pelas mortes, em sua terra natal ele foi recebido com honrarias.
Centenas de pessoas se amontoaram em frente a casa da família onde o corpo dele foi velado. Os parentes de Miguel usavam uma camiseta com a foto dele estampada com a frase: ” Um piloto nunca morre, ele voa mais alto”.
Abatida com a morte e com a exposição exagerada da imagem do piloto, a família de Miguel decidiu falar. Desde o acidente nenhum parente próximo havia dado qualquer declaração.
O pai de Miguel, o empresário Alberto Pinto, com muita serenidade, reuniu todos e falou como se estivesse olhando no rosto de cada brasileiro. A única que não compareceu á entrevista foi a mãe de Miguel, que desmaiou na chegada do caixão e precisou ser atendida por um médico.
” Meu filho era um excelente profissional. Estudou em Oxford, na Inglaterra. era piloto da Força Aérea Boliviana e assim como todos que estavam naquele avião, não queria morrer. Me solidarizo com toda nação brasileira. Sei o tamanho da dor que eles estão sentido, porque nós também estamos sofrendo. Fico triste quando vejo parte da mídia, principalmente brasileira, colocando a culpa exclusivamente no meu filho. “Maki” não era bandido. Ele não é assassino”, defendeu o pai.
Ao lado do pai do piloto estavam as duas irmãs, Cláudia e Carola, o filho Jorge e a esposa Daniele. A mulher era a que aparentava está mais abalada.
Com uma voz “fraca”, ela fez questão de mandar uma mensagem para o povo brasileiro, em especial para as mães e esposas das vítimas da tragedia.
” A dor que nós estamos sentido é do mesmo tamanho que sentem os brasileiros. Sinto por cada mãe, cada esposa, cada filho que perdeu seu pai. Perdi meu amigo, meu companheiro, meu grande amor. Miguel não é bandido. Ele era um homem bom e queria voltar pra casa igual a todos que estavam no avião”, disse ela chorando.
O corpo do piloto boliviano será sepultado no cemitério de Cobija, na tarde deste sábado.