Talvez o Brasil atravesse a sua maior crise dos últimos 50 anos. O pior é que, mesmo não querendo ser pessimista, parece não haver uma luz no fim do túnel. E um dos principais motivos dessa situação desesperadora que a Nação se encontra é o estado de conflito permanente entre os seus poderes constituídos. Numa análise rápida dos mais recentes e impactantes acontecimentos, o Legislativo através do Congresso Nacional derrubou o Executivo, representado pela presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Em seguida, o bombardeio do Judiciário contra o Legislativo e o próprio Executivo se intensificou com a descoberta e exposição pública de casos de corrupção. Senadores, deputados, ex-presidentes, governadores e prefeitos à mercê de investigações. Acabou a estabilidade institucional do país. Ninguém sabe o que pode acontecer se houver um agravamento dessa situação. Nessa semana a votação das medidas anticorrupção colocou o Judiciário e o Congresso Nacional em pé de guerra. Num jogo que parece retaliatório o STF aceitou as denúncias antigas contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), ainda referentes ao caso Mônica Veloso. Por que esperaram tantos anos (10) para coloca-lo como réu? Justamente na semana que o Judiciário se “estressou” com a decisão da Câmara dos deputados, que terá que ser referendado pelo Senado? Tudo muito estranho revelando que as nuvens negras que pairam sobre a República Brasileira estão longe de se dissiparem.
Ninguém é inocente
Obviamente que não acredito que Renan seja uma “flor de candura”. Deve ter muitas dívidas com a Justiça. Mas o estranho é ser considerado réu num momento de insatisfação do Judiciário com o Legislativo. Por que não levaram os processos contra Renan adiante antes?
Esqueçam…
O senador Jorge Viana (PT), vice, não será presidente do Senado nesse biênio. O fato de Renan ser considerado réu não o afastará da presidência. A nova mesa diretora do Senado será escolhida no próximo mês de fevereiro. Até lá o STF não terá tempo de emitir nenhuma sentença.
A caminho da ditadura
Toda essa instabilidade pode acarretar um ruptura radical das instituições democráticas. Parece que os brasileiros, descrentes com os políticos, desejam uma ditadura no país. No momento, poderia ser um regime ditado pelo Judiciário. Juízes e promotores se tornaram super-heróis surfando nas ondas da corrupção instalada no Brasil. Nenhuma ditadura é boa para as pessoas, nem militar, nem do Judiciário, nem de esquerda e nem de direita. A liberdade ainda é um dos bens mais sagrados para qualquer nação.
Só de olho
Se tivesse algum setor organizado dentro das Forças Armadas brasileiras não seria difícil tomarem o poder. Mas parece que os militares não estão querendo pegar esse “abacaxi” que se tornou o Brasil. No entanto, é preciso estar atento com algum aventureiro que queira se aproveitar dessa instabilidade.
Reação em cadeia
A queda da presidente Dilma abriu um precedente perigoso. Agora, a sensação que eu tenho é que a população deseja a destituição do Congresso Nacional. Pelo menos é isso que a gente percebe pelo radicalismo de opiniões nas redes sociais.
Equilíbrio em risco
Nada que o presidente Michel Temer (PMDB) faça conseguirá agradar. Está na mira dos seus detratores. Se tornou um alvo fácil de ser abatido. Falta-lhe a legitimidade das urnas e Temer não consegue agradar gregos e troianos.
Salto no vazio
Se conseguirem destituir o Congresso Nacional e desmontar todo o atual sistema político brasileiro o quê virá? Parece não haver um plano B. Se a crise política se aprofundar e as instituições democráticas forem desmontadas será o momento dos oportunistas agirem.
Eleições gerais
Afinal, parece mesmo que só uma eleição geral para todos os cargos no Brasil poderia acalmar as coisas. Para presidente da República não adiantaria mais. Mesmo porque pela atual Constituição virando o ano, se Temer cair, será uma eleição indireta feita pelo Congresso Nacional desacreditado pela população brasileira.
Momento de união
É preciso juízo. Acho que o melhor caminho no momento para o país é manter o Congresso e a presidência da República do jeito que está por mais dois anos. 2018 está logo aí. Mas seria preciso se abrir um diálogo coerente entre os três poderes para dar sustentação ao atual sistema e evitar uma ruptura radical que poderá gerar consequências ainda piores em relação aquilo que estamos vivendo.
Ninguém sabe para onde vai
Não haverá contentamento na Nação nos próximos meses. O país está dividido desde a eleição de 2014. A crise política agravou o quadro econômico e gerou um dos maiores índices de desemprego da nossa história. Ninguém está satisfeito. Tem um velho ditado popular que diz que quando falta comida numa casa todo mundo briga e ninguém tem razão. No caso do Brasil falta credibilidade para a classe política e a queda econômica afeta psicologicamente as pessoas. Soma-se a isso a possibilidade de cada brasileiro poder emitir a sua opinião (o que é bom) nas redes sociais. Mas isso acaba se tornando uma torre de babel. Muito ruído com as pessoas falando sem estarem adequadamente informadas. Lembra um pouco aquelas histórias da Revolução Espanhola em que tinha um cidadão entrincheirado com um fuzil na mão. Perguntaram por quem ele estava lutando. “Eu luto por conta própria”, respondeu o sujeito. Nas recentes manifestações em Brasília pelo menos quatro diferentes grupos com objetivos diversos protestavam. É preciso muita calma nessa hora e bom senso. Como se costuma dizer o momento mais escuro da noite é o que antecede o amanhecer…
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