Um passeio pelos municípios do interior do Acre é suficiente para se certificar de que as prefeituras – sem exceção – estão vivendo no pior dos mundos. De Assis Brasil a Mâncio Lima, passando inclusive pela capital, faltam aos prefeitos recursos suficientes para dar cabo das crescentes demandas. Não há dinheiro para asfaltar ruas, trocar lâmpadas, dotar os postos de saúde de profissionais especializados ou manter em dia a coleta de lixo. Opta-se por alguns serviços em detrimento de outros.
Esse cenário de carência, já conhecido da população, se agravou com a crise gestada no governo da petista Dilma Rousseff. Aos futuros 22 prefeitos que terão, a partir de 1º de janeiro de 2017, o desafio de cumprir com as obrigações impostas pelo cargo, o cenário é desolador.
Com o governo estadual em petição de miséria – a ponto de ter de aprovar lei na Assembleia Legislativa para poder tungar os recursos mantidos sob a salvaguarda do Poder Judiciário –, não resta sequer aos aliados do governador Sebastião Viana a mínima esperança de que serão socorridos neste momento de dificuldades.
Tampouco caberá a qualquer um deles reclamar da injusta repartição dos recursos arrecadados pela União, 70% dos quais ficam com o governo federal, 20% com os Estados e apenas 10% com os municípios. Sabedores dessa realidade, os prefeitos eleitos assinaram o compromisso de gerir os municípios com o mínimo de verba, dando o máximo de si para cuidar das demandas.
Não bastasse essa crua realidade, recebemos dia desses a notícia de que a Câmara de Vereadores de Tarauacá aprovou aumento de salário dos seus membros, do prefeito e dos secretários municipais. No apagar das luzes de uma gestão desaprovada pelo eleitor – tanto que Rodrigo Damasceno (PT) perdeu a disputa para Marilete Vitorino (PSD) –, a manobra sorrateira dos edis se configura na mais descarada afronta ao cidadão pagador de impostos.
Num momento em que 12 milhões de brasileiros perderam seus empregos, e outros tantos acabaram com seus vencimentos reduzidos ou atrasados, é de lamentar que a irresponsabilidade dos representantes públicos acarrete sangria ainda maior aos cofres públicos.
Aos futuros prefeitos do Acre cabe não apenas o compromisso de gerir a coisa pública com retidão, como a responsabilidade de nomear para os cargos públicos em comissão pessoas com capacidade técnica necessária à captação de recursos. Afinal, apenas projetos viáveis e tecnicamente perfeitos podem atrair dinheiro.
Dotar as prefeituras de cabos eleitorais desqualificados e fazer da gestão um negócio pessoal ou familiar terão um preço cada vez mais alto neste momento em que o país – e também o Acre – está sendo passado a limpo.
A enorme abstenção das últimas eleições foi um sinal vermelho para os políticos. A recente prisão no Estado de três prefeitos, um indício ainda maior de que as traficâncias não serão mais toleradas em uma época de assepsia na política.
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