Conforme previsto aqui neste espaço, semanas atrás – por ocasião do anúncio feito pelo governador Sebastião Viana de que 545 ocupantes de cargos em comissão no governo seriam exonerados –, os serviços públicos não foram afetados pela ausência do batalhão de protegidos recém-desalojados de seus postos. Prova irretorquível de que, ao longo de quase 70 meses, as despesas estatais foram anabolizadas pela generosidade companheira.
Como não há transparência nos gastos do Executivo acriano, torna-se impossível calcular os valores malbaratados com a inutilidade da trupe. Mas é fácil concluir que sem ela os serviços públicos teriam ganhado maior eficiência com o aporte de recursos – ou que o governo teria economizado alguns caraminguás a serem usados nestes tempos de vacas magras.
Fala-se aqui deste assunto a propósito do anúncio do próprio Sebastião Viana de que os salários dos servidores estaduais estão ameaçados até o final do ano, incluindo o 13º.
Nos últimos meses, os veículos de comunicação ligados ao petismo tripudiaram o quanto puderam sobre a falimentar situação de estados mais abastados, como o Rio de Janeiro, que têm sido obrigados a parcelar os vencimentos do funcionalismo. E tudo porque – ora, vejam! – a exibição das dificuldades dos mais ricos haveria de realçar a sobriedade do mais pobre.
Mas o embuste durou pouco, já que o ditado ensina – calcado na verdade – que a mentira tem pernas curtas. Enquanto o governo do Acre se ufanava do seu equilíbrio fiscal, seguia contando com os repasses federais para honrar compromissos. Uma vez tendo falhado estes na proporção a que estavam acostumados os companheiros, a ameaça do calote teve de ser admitida.
O que mais surpreende aos previdentes é que o site da Agência de Notícias do Acre continue a alardear as maravilhas da “revolução econômica” alcançada pela atual gestão. Matérias de um ufanismo incompatível com a nossa indigência econômica brotam no noticiário oficial como maçãs no deserto.
“Acre resiste à crise e avança na economia”; “Potencialidade ambiental e econômica do Acre é tema na TVE da Bahia”; “Complexo de Piscicultura conquista novos mercados”; e “Fundo de População da ONU conhece empreendimentos no Acre” – são exemplos de como a fantasia tenta subjugar a realidade.
Não é preciso ter formação econômica, nem tampouco inteligência aguçada, para perceber a incongruência entre o alarde de um governo que se gaba de ter feito tanto na área econômica e a situação de precariedade de um Estado que quase nada produz.
Os governos do PT, que para todos têm sido exemplo neste mundo, é obrigado a reconhecer que deixará, pela primeira vez em duas décadas, de pagar os salários em dia – um “trunfo” pisado e repisado durante as campanhas eleitorais.
Considerando a maneira como opera a máquina de propaganda petista, duas conclusões podem ser tiradas de tal admissão: a) o governo de fato quebrou, e não há mais como esconder isso do eleitor acriano; e b) eles estão apenas agravando o quadro para mais tarde posarem – pela enésima vez – de salvadores da pátria.
Em todo caso, aos companheiros resta apenas o lamento de não poderem mais colocar a culpa nos adversários.
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