Felizmente o Acre não está no levantamento feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) das escolas ocupadas por estudantes em vários estados brasileiros, onde deveriam ser aplicadas, neste final de semana, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Os ocupantes das 313 escolas e blocos universitários de 18 estados, mais o Distrito Federal, protestam contra a reforma do ensino médio e contra o PEC 241, que estabelece medidas de contenção de gastos do governo federal pelos próximos 20 anos.
Do total de estabelecimentos de ensino ocupados, 304 deveriam ser locais de prova do Enem. O protesto obrigou o governo a adiar para os dias 3 e 4 de dezembro o Exame para os inscritos que fariam os testes nesses locais. O adiamento terá um custo adicional para os contribuintes de 8 milhões de reais.
Estado-símbolo do protesto dos estudantes secundaristas contra as medidas do atual governo, o Paraná desponta na lista do Inep com 79 escolas ocupadas. Em seguida aparecem Minas Gerais (61), Bahia (42) e Espírito Santo (41). Logo depois vêm Alagoas (15), Pernambuco (16), Pará (11), Rio de Janeiro (10), Goiás (7), Brasília, Maranhão e Rio Grande do Norte (5 escolas cada um), Paraíba e Rio Grande do Sul (4), Piauí, Santa Catarina e Tocantins (2) e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (uma escola cada um).
Imaginar que estudantes do ensino médio – secundados por universitários – são capazes de paralisar aulas e atrasar a aplicação das provas do Enem corresponde à suposição de que por trás do movimento há uma razão política. E quem o faz não se engana.
A presidente do Inep, Maria Inês Fini, afirma que os alunos estão sendo “orientados para invadir”.
Na semana passada, o ex-presidente Lula em pessoa telefonou a Ana Júlia Pires Ribeiro, que integra o grupo de invasores de uma escola pública no Paraná. O petista saudou a adolescente de 16 anos pelo desempenho que ela demonstrou em sua ida à Assembleia Legislativa paranaense para defender as ocupações.
Não fosse a motivação política por trás do movimento, Lula certamente não se daria ao trabalho de ligar para a jovem.
Mas o que, exatamente, quer um ex-presidente da República com um grupelho de jovens que ocupam escolas e universidades? O PT, como sempre fez na oposição, continua apostando no quanto pior melhor.
Não por acaso, as forças sindicais ligadas ao partido esbravejam contra as medidas saneadoras do atual governo, tirando do embornal a velha receita da greve geral.
Sem levar em conta que os trabalhadores brasileiros que viram reduzidas as jornadas de trabalho e os vencimentos – bem como os 12 milhões que estão na fila do desemprego – são vítimas da política econômica do governo petista, os dirigentes sindicais insistem que Temer é contrário às conquistas da classe trabalhadora. Um velho chavão do qual abusou o PT antes de chegar ao poder central.
Atados pela crise, e desmascarados pelo usufruto que fizeram do poder amigo, os sindicatos perderam força. Resta a Lula e seus sequazes acreditarem que podem tirar proveito de uma turba de adolescentes que nem sequer sabem contra o que protestam.
O governo pode ter mudado, mas o PT continua o mesmo.
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