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Para tudo tem que haver limite

O governador do Acre, Sebastião Viana, descobriu que nossas fronteiras estão abertas aos narcotraficantes – responsáveis, no Brasil, por “famílias destroçadas, gerações perdidas”. É uma descoberta e tanto! – conforme revela matéria publicada no ac24horas na segunda-feira, 24.


Nos quase 14 anos de governo petista, as fronteiras com os maiores produtores de cocaína do mundo (Peru e Bolívia) ficaram escancaradas ao contrabando não apenas de entorpecentes, mas de armas de grosso calibre. E nem por isso nosso atento governador ousou criticar a indiferença dos companheiros Lula e Dilma com uma questão que é, em última instância, a grande responsável pela explosão de violência e homicídios em todo o território nacional.


Em 2006, os marqueteiros do tucano Geraldo Alckmin mostraram no horário eleitoral gratuito a rota da cocaína, que em grande parte entra no Brasil através das fronteiras acrianas. No dia seguinte ao programa foi um Deus nos acuda. Os petistas acusavam o então candidato do PSDB à Presidência de desrespeitar o Acre e seus moradores, chamando-os – vejam a que ponto chega a canalhice! – de “narcotraficantes”.


A revolta daquela época tem uma razão de ser: em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva era o candidato do PT à reeleição. E se havia mesmo irresponsabilidade com a vigilância das fronteiras, ela deveria ser, óbvio, atribuída ao petista. Mais: Lula passou a derramar-se de amores pelo presidente boliviano Evo Morales (eleito em dezembro de 2005 e até hoje no cargo) e pelo então presidente peruano Alan García.


Lembremos: Evo chegou a nos tomar as refinarias da Petrobras que operavam na Bolívia, ao que não houve qualquer reação por parte do governo petista. O prejuízo de 16 bilhões de reais foi pendurado, claro, na conta do povo brasileiro.


Como presidente do Foro de São Paulo (uma entidade devotada a reunir os esquerdistas da América Latina), Lula também chegou a receber no Brasil membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs), outra organização comunista devotada, entre muitas atividades ilegais, ao narcotráfico.


Sebastião Viana, homem culto, deve conhecer esses detalhes da história política do seu líder maior. Também não ignora as inclinações ideológicas do partido ao qual pertence.


Portanto, é inaceitável que menos de dois meses depois da deposição de Dilma Rousseff da Presidência da República, o governador dos acrianos vá às redes sociais desbragar uma lengalenga incompatível com a realidade. Ou ele delira, achando que as drogas passaram a entrar no Brasil apenas depois que Dilma deixou o poder?


Ora, ora, há que se ter limite pra tudo – até mesmo para a hipocrisia. Sebastião não está em condições de cobrar do governo federal uma postura diferente daquela que aceitou com tanta candura em três mandatos e meio dos companheiros que antecederam o peemedebista Michel Temer.


É lícito que o governador do Acre chore sobre os cadáveres resultantes do narcotráfico. Ele só não pode achar agora que deva enterrá-los no cemitério dos adversários.


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