É preciso reconhecer, apesar de tudo, que os representantes da Segurança Pública e as polícias no governo de Sebastião Viana se esforçam ao máximo para dar respostas à população nos momentos de crise. Mas isso, claro, não é suficiente, haja vista a violência dos integrantes das facções criminosas na segunda onda de terror por eles impingida à população acriana em menos de um ano.
Desafiar as forças policiais do Acre se tornou regra ultimamente – uma realidade consolidada no dia a dia de Estados como o Rio de Janeiro, por exemplo.
Reagir à ação dos criminosos virou uma espécie de agenda dos representantes da Segurança Pública. E não obstante o sucesso de ações pontuais, é necessário convirmos que isso não é suficiente para conter o avanço da criminalidade.
O que tem acontecido no Acre e no restante do País nas últimas semanas prova, uma vez mais, que o sistema prisional faliu de vez. Com a crise econômica, então, acentuou-se a problemática dos presídios superlotados, cujos padrões de funcionamento são incapazes de proporcionar a ressocialização dos presos.
Na promiscuidade em que vivem os detentos, muitas vezes misturados independente do grau de selvageria ou de delinquência que mostram no convívio social, as facções criminosas estendem seus tentáculos a cada dia. Em troca de proteção, arregimentam membros, ali trancafiados por delitos de menor potencial ofensivo.
E é assim que pequenos traficantes de drogas se tornam cegos soldados dessas facções, uma vez que sem a proteção delas não há garantia de que continuem vivos no interior do sistema prisional.
Mais surpreendente ainda é que o Estado seja incapaz de isolar os líderes dessas facções, impedindo-os de ordenar dali de dentro os ataques que sofremos aqui fora. Nossas autoridades nem sequer conseguem impedir a entrada de celulares nos presídios, quanto mais bloquear o sinal dos aparelhos que “furam” a vigilância.
Tolera-se até mesmo o bloqueio das rodovias pelos familiares dos presos, contrários às revistas que expõem a realidade da presença de armas, drogas e celulares nas celas.
À mercê da força paralela criada para afrontar as leis com maior vigor, a população – sobretudo a da capital acriana – limita-se a esperar em Deus uma solução.
Enquanto isso, as polícias, mesmo deficitárias no que diz respeito ao contingente e aos equipamentos para combater o crime organizado – a ponto de precisar pedir de empréstimo fuzis ao Exército Brasileiro – seguem fazendo a sua parte.
Nos momentos de crise como a que presenciamos mais uma vez em Rio Branco e, outrora, em outros municípios do Estado, é que a população consegue vislumbrar a importância das forças policiais, a ponto de lhes ser simpática.
De truculenta, a polícia, sobretudo a PM, passa a ser vista como aliada e protetora da sociedade, como de fato o é.
Este – e somente este – é o único aspecto positivo da onda de violência que nos impõem os chefes do crime organizado no Acre.
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