Por volta das 22 horas desta terça-feira (18), o coronel Ulisses Araújo, do comando da Policia Militar do Estado do Acre, concedeu entrevista coletiva no Batalhão de Operações Especiais (Bope), informando o controle da tentativa de invasão da Unidade Prisional 04 – conhecida como Papudinha – em Rio Branco. Três bandidos ficaram feridos, outros foram encaminhados para Delegacia de Flagrantes. Este foi o saldo da noite de terror vivida, principalmente, por quem trabalha, estuda, mora ou caminhava após as 18 horas no Parque do Tucumã, nas proximidades da região de conflito. Foram três horas de intensa troca de tiros entre bandidos fortemente armados e policiais militares.
“Tivemos dificuldades de avançar porque inicialmente fomos alvejados por balas 762”, declarou o coronel.
Clima de tensão – A tentativa de invasão começou após as 18 horas quando os primeiros detentos em regime semiaberto caminhavam em direção à UP-04. Eles passaram a ser alvejados com balas que vinham da região de floresta. Bandidos e agentes penitenciários se trancaram dentro da unidade prisional. Imediatamente militares do Bope foram acionados, começando uma intensa troca de tiros que assustou quem passava pela estrada Dias Martins ou pela Via Verde, na região de conflito.
Segundo o comando da PM, quem estava armado com fuzil e tentando alvejar os policiais com balas de calibre 762, conseguiram fugir do cerco policial. “Esses nós não conseguimos pegar”, declarou o coronel.
Outras armas de forte calibre foram apreendidas em poder dos bandidos, como uma pistola 9 milímetros e outra arma de calibre 12. Três integrantes de facções foram feridos e enviados ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco. A polícia não informou quantos foram enviados à Delegacia de Flagrantes.
O controle da situação só aconteceu após 3 horas de intensa troca de tiros. O coronel Ulisses confirmou que os meliantes fazem parte de organizações criminosas diferentes – suspeita-se de Bonde dos 13 e Comando Vermelho – que tentaram realizar execuções dentro do presídio.
“A briga não é com a Polícia, mas entre organizações criminosas diferentes”, disse Ulisses.
Histórico de terror – A noite de 18 de outubro com certeza não será facilmente esquecida. Além desse episódio na Papudinha, duas mortes foram registradas na periferia de Rio Branco. Uma ocorreu no conjunto Aroeira, região do bairro Calafate onde um homem foi alvejado com oito tiros; a outra foi registrada no Residencial Santa Cruz, região do Apolônio Sales. Em 48 horas sete assassinatos foram registrados somente em Rio Branco.
O barulho forte dos tiros de fuzil ecoou pela estrada Dias Martins e a Via Verde, assustando quem passava pelo local de carro, moradores, e até quem caminhava pelo Parque Tucumã. Rapidamente a notícia se espalhou pelas redes sociais.
Uma contabilista que caminhava no Parque Tucumã com outras colegas, correu e se escondeu em um dos banheiros da Universidade Federal do Acre. “Eu usei o telefone de um senhor que também estava assustado para pedir ao meu filho que não se deslocasse para a região”, disse a senhora que preferiu não se identificar.
Na Uninorte, alunos foram liberados mais cedo. Há informações de que uma estudante chegou a ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel Urgente. Videos e áudios viralizaram pelas redes sociais. O trânsito foi interrompido pela Policia Rodoviária Federal desde o Hospital das Clinicas.
Comando criminoso pode estar importando reforço
O comando da Policia Militar não descarta que o crime organizado esteja reforçando sua atuação na luta por território em Rio Branco. Embora não exista nenhuma informação oficial nesse sentido, o coronel Ulisses avisou: “se vierem serão recebidos com a mesma atuação forte e combatente”.