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Sergio Moro, o juiz parcialmente implacável

Brazilian judge Sergio Moro attends the 5th National Federal Criminal Judges Forum where he gives a lecture on "Corruption and Money Laundering", in Sao Paulo, Brazil, on October 4, 2016. Moro is the head of the sweeping probe into the Petrobras corruption case. / AFP / Miguel SCHINCARIOL (Photo credit should read MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/Getty Images)
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Rafael Rodrigues*


Foi publicado, na última segunda-feira (10), na Folha de São Paulo, um artigo intitulado “Desvendando Moro”, de Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp e membro do conselho editorial do jornal. No texto, o autor afirma que há parcialidade no julgamento de Sergio Moro – o que está mais que comprovado, a essa altura.


Senão, vejamos: Moro ordenou a desnecessária condução coercitiva de um ex-presidente da república, autorizou, ilegalmente, a divulgação de conversas gravadasentre esse mesmo ex-presidente e a então presidente da república; e autorizou, desnecessariamente, a prisão de um ex-ministro (tanto que horas depois revogou a própria decisão), entre outros episódios.

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O curioso é que Sergio Moro aplica medidas enérgicas e implacáveis apenas a elementos que têm relações com o Partido dos Trabalhadores.


 Mas voltemos ao artigo, cuja leitura recomendo. Ele faz um paralelo entre o juiz Moro e padre Girolamo Savonarola, que, no Renascimento, lutou “contra a corrupção da aristocracia e da igreja”.

Nesta quarta-feira (12), foi publicada na Folha uma manifestação de Moro na qual, além de sinalizar que vestiu a carapuça – afinal, acusou o golpe -, ele vai além. Eis o que escreve, a certa altura de sua resposta, o juiz parcialmente implacável: “(…) a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas (…)”.


Antes que me acusem de ser tendencioso e de estar manipulando as palavras do juiz, reproduzo, na íntegra, o período de onde o trecho acima foi destacado: “Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha”.


Nota-se que ele até começa bem, mas termina dessa maneira lamentável, afirmando que a publicação de certas opiniões deveriam ser evitadas.


Talvez o juiz Sergio Moro deseje que sejam veiculadas em jornais, sites e revistas apenas opiniões favoráveis a ele e à operação Lava Jato. Talvez o juiz se lamente de que todos temos o direito ao livre pensamento e à liberdade de expressão, muito embora alguns queiram sufocar aquele e insistam em limitar esta.


Além de pregar a censura, em sua resposta, Moro também acusa o autor de artigo de “sugerir atos de violência contra o ora magistrado”. Isso porque, ao fim do texto, o autor deixa um recado – eu chamaria de alerta ou conselho – a Sergio Moro: “Em Roma, Savonarola foi queimado. Cuidado, Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira”.


Talvez fosse desnecessário dizer que essa “fogueira” a que se refere o professor Rogério Cezar é uma metáfora. A interpretação lógica desse trecho, que fica muito clara no texto, é a seguinte: Moro será a estrela da operação Lava Jato até o momento em que uma determinada ala da classe política desejar. Depois disso, poderá ser jogado às feras, ou simplesmente escanteado.


Mas o mais provável é que, daqui a alguns anos, ele ganhe um prêmio por sua participação na demonização do PT, como uma indicação ao Supremo Tribunal Federal. A conferir.


Texto estraído do Brasil Post


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