A polêmica gerada por declarações do secretário de saúde do estado do Acre, Gemil Junior, com relação à produção do açaí no estado contendo ou não o agente causador da Doença de Chagas, ainda vai render muito. O empresário especialista em produção de açaí desde a plantação das palmeiras até as etapas de processamento do fruto, Alcindo Nascimento, afirmou em entrevista ao ac24horas que a saída para o estado é a profissionalização do setor.
“O consumo do açaí não pode ser tratado diferente de outros alimentos sem a exigência de segurança alimentar”, disse.
Para Alcindo, não tem como tratar essa questão sem citar o estado do Pará, maior produtor de açaí do Brasil, que, segundo o especialista, já enfrentou problemas semelhantes com relação à contaminação e encontrou soluções.
“O branqueamento é um assunto recorrente que eu vinha alertando há tempos. Isso no Pará é regra, nós só temos que replicar, é uma questão de manuseio adequado, esse é o grande segredo”, disse Alcindo.
O empresário assegura que no Acre existe a produção de açaí com a segurança que o mercado exige, mas sair do modelo artesanal é uma batalha que na opinião de Alcindo exige o esforço conjunto, inclusive do consumidor.
“Quem regula o mercado é o consumidor. A partir do momento em que mais pessoas exijam um açaí com procedência, sabendo que é produzido por uma agroindústria legalizada, mais o produtor será forçado a se regularizar”, comentou.
De acordo o produtor esse efeito sanfona precisa de uma ação mais enérgica do Estado. Para ele, há falhas quando o estado oferece apenas ações de fomento na distribuição de mudas e a assistência técnica. “É necessário algo mais”, afirmou. Entre as propostas apresentadas pelo empresário, está a de garantia do escoamento do produto e ainda, uma energia de qualidade.
“Tem que acontecer a materialização da ação feita pelo estado e esta decisão é do produtor, na outra ponta está o consumidor que precisa exigir segurança alimentar”, voltou a analisar.
Visionário, Alcindo sonha com um selo de garantia alimentar para o Açaí. Ao afirmar que a cadeia é viável e que existe uma demanda enorme para crescer, o empresário diz que o governo precisa estar sempre como um parceiro. “O grande desafio é o da iniciativa privada, ela é quem gera emprego com carteira assinada. O que governo precisa garantir a logística necessária para o produto chegar com qualidade ao consumidor”, observou.
O especialista concluiu que a cultura do açaí puxa outras frutas para o mercado como a banana, o abacate e o morango. Cita ainda que, a fruticultura no Acre não depende de insumos internos, mão de obra e tecnologia. “Temos terras férteis, só precisa olhar com mais atenção para essa área”.
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