Um dos partidos que mais elegeu vereadores no Acre nas eleições de 2016 foi o PDT. Considerado um “nanico” o partido saiu muito fortalecido das urnas com a eleição do vice-prefeito de Sena Madureira e “quase” um outro em Tarauacá. Chico Batista, atualmente no PP, na realidade, foi eleito numa costura política, porque ele sempre esteve ligado ao PDT. Conversei com o presidente acreano da legenda trabalhista, ex-deputado estadual Luiz Tchê (PDT), sobre essa postura meio cá e meio lá do seu partido. Acompanhe o bate-papo:
ac24horas – O PDT teve uma participação híbrida na eleição. Em alguns lugares apoiou a FPA, como em Rio Branco. Mas em Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Tarauacá apoiou a oposição. Por que isso presidente?
Tchê – Quando fizemos o planejamento para as eleições de 2016 nós entendemos que seria uma disputa diferente. Optamos por não termos candidaturas majoritárias devido a estrutura partidária. Só com três deputados estaduais e nunca tínhamos tido nenhum vereador na Capital. Nossa prioridade era fazer o número máximo de vereadores e nos fortalecer para a eleição de 2020. Mas o Clésio de Acrelândia veio para o PDT e tivemos dois vices, em Sena Madureira e no Bujari. Essa questão híbrida foi decidida no partido para não ficarmos engessados. Quem conhece a realidade política dos municípios é quem mora nos municípios. Assim quem decidiu foram as executivas municipais. No Juruá nós apoiamos as candidaturas do PMDB de Cruzeiro do Sul, Porto Walter e Rodrigues Alves e a candidatura do PT, em Mâncio Lima. Todas foram vitoriosas. Assim como do Kiefe (PP) em Feijó, Zum (PSDB) em Assis Brasil. Em Brasiléia a Fernanda do PT e na Capital o Marcus Alexandre. O partido entendeu que dessa forma cresceríamos e foi o que aconteceu. Se tivéssemos aceitado decisões de “goela abaixo” não teríamos o sucesso que tivemos nas urnas. Saímos de um partido nanico com 9 mil votos nas eleições municipais de 2012 para 28 mil votos em 2016. Só perdemos nas proporcionais para o PT e o PMDB. Atualmente somos o terceiro partido do Estado. Isso levando em consideração que o PP do Gladson Cameli (PP) tem um senador e uma estrutura enorme, sem contar o PSD que também tem um senador. São partidos grandes e tradicionais que o PDT sobrepõe hoje.
ac24horas – Nos bastidores da política se fala que o senhor não é um aliado muito confiável da FPA. Essa postura híbrida do PDT de apoiar candidaturas dos dois lados, isso não contribui para que essa desconfiança da sua lealdade aumente ainda mais?
Tchê – Não! Existe muita conversa. A nossa relação com o Marcus Alexandre, por exemplo, é a melhor possível. O problema que aconteceu com o governador Tião Viana (PT) foi muita fofoca. Não tenho essa relação tão próxima do Tião de estar lá no Gabinete me defendendo das acusações e das mentiras que são levadas. Quem me conhece dos três mandatos de deputado estadual sabe que sempre tive posições muito firmes. Mas, às vezes, tomei decisões de não concordar com alguns projetos que acabaram gerando essas conversas. Mas eu sempre digo que tentei fazer o melhor possível como parlamentar e tenho certeza absoluta que o PDT está no caminho certo. Onze vereadores eleitos no Acre e a primeira vez uma vereadora na Capital. Agora, teremos uma chapa forte de deputado federal, estamos procurando nomes para disputar o Senado e o Governo do Estado, só assim é que a gente vai crescer. O exemplo disso é o PSOL que lançou 23 candidatos a prefeitos de capitais e está no segundo turno no Rio de Janeiro.
ac24horas – Então quer dizer que vocês do PDT estão mais preocupados em lançar candidatos majoritários em 2018?
Tchê – Nós teremos uma candidatura à presidência da República do Ciro Gomes (PDT) e precisamos ter candidatos majoritários aqui no Acre também. Tenho certeza que esse é o caminho do nosso crescimento.
ac24horas – Mas e o senhor? Pretende tentar de novo uma vaga na Câmara Federal ou vai ser candidato ao Governo ou Senado?
Tchê – Eu sou um soldado do partido e tenho demonstrado lealdade. Ajudo a fazer um partido democrático e aberto. Nunca botei um filho meu candidato por que não é dessa forma que se deve fazer política. Se o partido entender que posso disputar um mandato de Senado, por exemplo, estou à disposição. Se precisar sair para federal também estarei pronto. Mas a minha vontade é não disputar nada e conduzir a eleição de 2018 para presidente da República aqui no Acre.
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