Daniel Zen*
Vi, nessas eleições, vários candidatos sendo eleitos, aqui no Acre e no restante do Brasil, sob o manto do discurso da anti-política. São candidatos que se dizem “apartidários”, se assumem como não-políticos e coisas do gênero.
Devo alertar que tal antítese não passa de um engodo, uma falácia. Explico:
Na forma republicana e no regime democrático-representativo de governo, os partidos são essenciais para o funcionamento da democracia. No sistema proporcional, seja ele puro, misto, distrital ou em lista, os votos são dados (ou deveriam ser, ao menos no plano teórico) não só no candidato, mas também em um conjunto de idéias que os partidos desses candidatos representam.
Daí porque dizer que a representação é dos partidos e não dos candidatos, individualmente considerados. Se fossem eleitos apenas os indivíduos mais votados e não os representantes com melhor desempenho de cada coligação mais votada, haveria uma distorção grave na representatividade. Haveria o risco de todos os vereadores ou deputados eleitos em um determinado pleito serem de um único partido, por exemplo, acabando-se com o conceito de situação e oposição, maioria e minoria.
Cito como exemplo: nas eleições de 2014, o quociente eleitoral para a vaga de Deputado Estadual foi de 11.333 votos. Quer dizer que, para cada deputado eleito, a chapa precisou de 11.333 votos, uma quantidade que nenhum deputado obteve sozinho.
Ainda no exemplo de 2014, observa-se que, mesmo o candidato a deputado estadual mais bem votado de todos os tempos (Ney Amorim, do PT, com 10.213 votos) não alcançou o quociente eleitoral sozinho e só pôde ser eleito graças aos votos de seus colegas de chapa/partido/coligação. Sem legenda, estaria fora!
Se fossem eleitos apenas os candidatos nominalmente mais votados, desconsiderando o cálculo da proporcionalidade, 6 (seis) dos atuais 24 (vinte e quatro) deputados não teriam sido eleitos. 7 (sete) deles, quase ⅓ (um terço), seriam de uma mesma sigla, do Partido dos Trabalhadores. A coligação PT-PEN-PROS teria eleito 10 (dez) deputados, ao invés de apenas 6 (seis), quase a metade de todo o parlamento, caracterizando a hegemonia de poder e distorcendo a vontade do povo.
Seria bom apenas para os mais votados, ruim para o conjunto da população (que votou em candidatos de outros partidos e que não se veria representada por nenhum deles) e péssimo para a democracia.
As distorções no sistema partidário e eleitoral devem ser corrigidas. Deve haver cláusula de barreira ou de desempenho. Devem ser proibidas as coligações proporcionais, para evitar o balcão de negócios. Mas, o sistema proporcional não pode ser abolido. E os partidos não podem ser abolidos, tampouco criminalizados ou satanizados.
Tenha no mínimo receio daqueles que defendem o contrário. Não se elegeriam sozinhos, sem os partidos. Aos “apolíticos” ou “apartidarios”, um conselho: deixem de demagogia, de hipocrisia. Do contrário, não se candidatem.
* Daniel Zen é bacharel e mestre em direito, Deputado Estadual, no Acre, pelo Partido dos Trabalhadores (PT/AC) e Líder do Governo na ALEAC.
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