As lições das urnas que a oposição do Acre insiste em não querer aprender

A fragilidade demonstrada pela oposição na eleição de Rio Branco é muito ruim para o processo democrático do Acre. Como explicar a vitória à reeleição de Marcus Alexandre (PT) com mais de 40 mil votos de vantagem para a segunda colocada Eliane Sinhasique (PMDB)? Isso no pior momento de popularidade do PT da sua história e com Michel Temer (PMDB) na presidência da República. Nos recentes pleitos anteriores, tanto à prefeitura da Capital quanto ao Governo do Estado, as diferenças variaram entre três e cinco mil votos. Então o quê aconteceu em 2016? Primeiro que o prefeito reeleito trabalhou politicamente durante quatro anos e se preparou para ser novamente candidato. Todas as pesquisas internas feitas pela oposição revelavam que Marcus era muito forte. Segundo, a pré-campanha da oposição foi um desastre. Os lances de desconfianças, insatisfações e brigas internas revelados diariamente pela imprensa. Fogo amigo declarado mesmo. Cada apoio que Sinhasique conseguiu teve um desgaste anterior enorme. Isso passou uma mensagem subliminar à população muito clara: se a oposição não acredita na sua melhor candidatura como nós vamos acreditar? Então a questão da credibilidade pesou mesmo. Terceiro, lançaram o Raimundo Vaz (PR) com o apoio do PSDB com um discurso híbrido de ataque ao PT, mas também ao PMDB. Assim consolidaram a imagem de um grupo político que pensa mais nos seus próprios interesses pessoais que no coletivo.

Cenas do desastre 1
Um dia depois da eleição o deputado estadual Gehlen Diniz (PP) ocupou a tribuna da ALEAC para “detonar” o seu próprio partido. Isso porque o seu candidato a vereador de Rio Branco não foi eleito. Isso é assunto partidário interno e não para tribuna legislativa.

Cenas do desastre 2
Também um dia depois do resultado eleitoral da Capital o eterno candidato Bocalom (DEM) e Sinhasique trocaram farpas pela imprensa. Ao invés da solidariedade e o lamber das feridas da derrota, o “pau cantou” entre os dois, antecipando futuras desavenças na oposição.

Cenas do desastre 3
E as patuscadas da oposição não se restringiram à Capital. O deputado federal Major Rocha (PSDB) denunciou no meio do processo de campanha o PMDB em Cruzeiro do Sul. Se por acaso o vencedor Ilderlei Cordeiro (PMDB) for condenado a prefeitura poderá ser entregue à candidatura rival apoiada pelo PT.

Cenas do desastre 4
O presidente acreano do PSDB, Rocha, um dia após o pleito de Sena Madureira, continuava fazendo denúncias contra o vencedor Mazinho Serafim (PMDB). A derrota de Toinha Vieira (PSDB) não foi bem assimilada e o senador Gladson Cameli (PP) estará na linha de fogo no Yaco de oposicionistas.

Cenas do desastre 4
Por conta das eleições de Cruzeiro do Sul e Sena, o deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) fez várias críticas ao deputada federal Flaviano Melo (PMDB) na tribuna da ALEAC. O prefeito Vagner Sales (PMDB) também não foi poupado. Mais um assunto que não tem nada a ver com o legislativo.

Cenas do desastre 5
Em Xapuri, Bira Vasconcelos (PT) já tinha sido prefeito e mal avaliado até pelos petistas. Ainda assim ganhou com facilidade as eleições porque a oposição lançou duas candidaturas. Não pensaram nem um pouco que a união seria o caminho para derrotar o PT.

Cenas do desastre 6
Dois líderes importantes da oposição, os ex-deputados federais Márcio Bittar (PSDB) e Antônia Lúcia (PR), se restringiram a apoiar os seus filhos. E os dois candidatos a vereadores em Rio Branco pegaram uma “balsa arrumada”. Esqueceram do projeto maior.

Maledicência
Com tantos erros, alguns líderes oposicionistas, ainda tentaram jogar toda a culpa dos fracassos nas costas de Flaviano Melo. Isso não é verdade, tem muito mais gente com culpa no cartório. E o Flaviano saiu bem melhor da eleição que alguns dos seus detratores.

Ilusão
Tampouco acho que a oposição deu show por ganhar o maior número de prefeituras. A Capital tem 51% dos votos do Estado e vale um carro de milho, como dizem os jogadores de truco. As “burradas” impediram de levar a oposição ao segundo turno.

Finalizando
Essas são apenas algumas cenas que mostram como a oposição perdeu a oportunidade de ter tido uma vitória retumbante nas eleições municipais do Acre. Quero ver agora como vão se articular para 2018 com tantas mágoas e ferimentos deixados pela eleição de 2016.

Não aprendem mesmo
Em 2014, com a vitória esmagadora de Gladson Cameli (PP) ao Senado e os três deputados federais eleitos a oposição foi bem. Mas não tiveram nem o cuidado de se reunirem após o pleito para avaliarem as razões de terem perdido o Governo. Esqueceram que tinham a chance de ganhar a prefeitura da Capital. O resultado está escrito nas urnas.

Braço a torcer
Tenho que registrar que os institutos Delta e IBOPE acertaram as pesquisas em Rio Branco. O quadro mostrado de intenções de votos eram aqueles mesmos, diferente de outras eleições quando erraram feio. Como critiquei os institutos estou aqui me retratando. Melhor assim…

Se deu bem
A deputada estadual Leila Galvão (PT) conseguiu ajudar na eleição de Fernanda Hassen (PT), em Brasiléia. Se fortaleceu politicamente para pensar em algo mais em 2018. O candidato Manuel Prette (PSDB) não era “galinha morta” e tinha “bala na agulha” para ter conseguido um melhor resultado.

Não é bem assim
Esqueçam que se, por acaso, Ilderlei Cordeiro, for condenado no processo colocado contra ele pelo PSDB, em Cruzeiro do Sul, o segundo lugar assumirá, no caso, Carla Brito (PSB) da FPA. Primeiro que acho difícil que isso aconteça, mas se ocorrer haverá nova eleição. Segundo que Vagner Sales poderá escolher outro candidato para apoiar e as coisas não serão tão fáceis como parecem ser. Os votos de Henrique Afonso (PSDB) não migrariam automaticamente para a candidata apoiada pelo PT. Por isso tudo que aconselho o pessoal a se acalmar e pensar com a razão para futuros embates. Não joguem bons capitais políticos como pérolas aos porcos e desçam do palanque para aguardar a Justiça se pronunciar.