Índio Isaac da Silva Piyãko, com nível superior disputa a prefeitura de Marechal Thaumaturgo

Tráfico de drogas supera apoio do estado no incentivo a agricultura
local. Na região está localizada a última fronteira
por linha d´água entre Brasil e Peru: a Foz do Breu

O índio Isaac da Silva Piyãko disputa as eleições no município de Marechal Thaumaturgo, cidade localizada na margem esquerda do Rio Juruá, na foz do rio Amônia, região isolada do estado onde os transportes fluvial e aéreo são os únicos meios de acesso. Piyãko disputa com o petista Aldemir da Silva Lopes.

Piyãko é professor, tem nível superior completo e um patrimônio de R$ 80 mil. Natural de Marechal Thaumaturgo onde dá aulas, conseguiu reunir além do PMDB, seu partido, sete siglas: PSC, PR, PSDB, PP, PPS, PSD e PV. Seu slogan de campanha é Trabalho e Honestidade.

A disputa de Piyãko é com o atual prefeito Aldemir da Silva Lopes, que não ficou para trás no número de partidos coligados, um total de sete, incluindo o PT, seu partido. Com patrimônio de R$ 150 mil ele concorre à reeleição depois de uma gestão sem escândalos. O vice é João Deles do PSB.

Desafios
Fortalecer a fronteira e garantir presença
do estado no incentivo a agricultura

A cidade que viveu uma série de escândalos na gestão do ex-prefeito Randson Oliveira Almeida pela prática de atos de improbidade administrativa, viveu uma gestão moderada por Aldemir Lopes, mas sem avanços econômicos. Sua economia é incipiente, baseada na agricultura de subsistência e na pecuária. Os agricultores da região costumam cultivar as praias dos rios Juruá, Amônia e Arara com feijão, macaxeira, batata-doce, amendoim e melancia. As atividades extrativistas (látex e açaí) estão praticamente extintas devido a inviabilidade econômica e social.

Na boca do rio Tejo, no Vale do Juruá, está localizada a Vila Restauração, explorada pelos seringueiros na Segunda Guerra Mundial, moradores que ainda habitam a região. O Povo do Rio Tejo tem uma questão social afetiva com o município de Jordão, cidades ligadas por um varadouro, percurso que dura 12 horas de caminhada no meio da floresta amazônica.

A última fronteira por linha d´água com o Peru também pertence a Marechal Thaumaturgo, através do afluente do Rio Juruá em território nacional, o Rio Breu. Inicialmente, território indígena e, sucessivamente, território peruano, acreano, brasileiro e parte da Reserva Extrativista do Alto Juruá, a Foz do Breu é um antigo seringal, onde Cândido Ferreira Batista mantinha um entreposto comercial, o famoso Barracão, desde meados de 1908.

Os desafios da gestão é o desenvolvimento dessas regiões se agressão à natureza. A ausência do Estado faz a região ser identificada pelo isolamento (sem telefonia rural) e pelo livre tráfico de drogas. Uma única barreira existente no Peru com apenas três policiais, parece deixar a fronteira aberta aos traficantes que descem o Juruá. Do lado brasileiro não existe nenhuma barreira.

Sem propostas – Embora os desafios para desenvolvimento da região sejam enormes, o atual prefeito que concorre à reeleição, Aldemir Lopes, não apresentou nenhum plano de gestão ao Tribunal Regional Eleitoral. O indígena Piyãko apresentou uma página à Justiça Eleitoral com nove resumidas propostas, nenhuma delas, abordando a questão econômica.