Para o bem dos brasileiros, o Partido dos Trabalhadores aprendeu a duras penas que não pode impor suas vontades às instituições representantes da democracia. Foi assim quando os advogados de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o impeachment, e viu seu pedido negado; foi assim quando Lula apelou ao STF contra a manutenção dos grampos telefônicos – que o envolviam em uma conversa com a companheira, apta a nomeá-lo ministro-chefe da Casa Civil – nas mãos do juiz Sérgio Moro; foi assim, também, quando a defesa do ex-presidente alegou que Moro usurpara a competência do STF ao permitir a abertura de inquéritos contra o primeiro, sob a alegação de que era no Supremo que eles deveriam tramitar, já que tratavam do esquema de corrupção na Petrobras.
Ao que tudo indica, será assim quanto ao pretenso pedido da presidente cassada de que o plenário da Corte avalie a possibilidade de manter o presidente Michel Temer (PMDB) na condição de interino até a análise final dos recursos sobre o caso.
Em oito arrastados meses de processo de impeachment, o PT não arredou pé do discurso canhestro do golpe, continuando a embalá-lo agora nas manifestações anti-Temer.
Ainda assim, as defesas de Dilma e Lula seguem amparadas pela Constituição Federal em suas muitas chicanas – seja para manter acesa a esperança de que a primeira volte ao cargo, seja para que o segundo fique longe da cadeia.
Enquanto as manifestações antigoverno reúnem representantes do PT e seus aliados da CUT, do MST e MTST, na tentativa de desestabilizar o novo presidente, os advogados das maiores estrelas petistas batalham em outra frente.
De tantas apelações feitas ao STF, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, teve que lembrar a “insistência do reclamante em dar aos procedimentos investigatórios contornos de ilegalidade, como se isso fosse a regra”.
Cabe observar que tudo o que não se enquadra nos anseios do partido – ou foge aos seus objetivos – é imediatamente considerado golpista, ilegal ou persecutório.
Com o impeachment de Dilma e os processos contra Lula, além da prisão de outros expoentes da sigla, o PT já deveria ter aprendido a lição de que suas estrelas, por maiores e mais brilhantes que sejam, não estão acima das leis e da vontade soberana do povo.
Sob o governo de Lula e Dilma, o país caminhava para o bolivarianismo abraçado pela esquerda latino-americana e encarnado pelos parceiros Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Raúl Castro (Cuba).
A cassação de Dilma, portanto, não foi apenas a interrupção de um mandato – foi a imposição de limites a um projeto de poder que passava, principalmente, pelo aparelhamento do Estado
Cabe aos petistas, portanto, entenderem os sinais dos tempos.
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