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Candidata de Capixaba usa slogan de Obama para vencer quatro concorrentes: “Yes we can”

Por
Jairo Carioca

Cidade viveu entre o céu – promessa da produção de álcool e energia sustentável – para o inferno: desemprego e tráfico de drogas na fronteira. Nenhum dos cinco candidatos se arriscou a escrever um plano de gestão.



Yes we can’. É  assim que a candidata a prefeita pelo PDB, Lidia Franklim da Silva se apresenta aos eleitores do município de Capixaba. Traduzindo, Lidia diz: Sim, nós podemos. Ela tem quatro concorrentes: Damião de Souza Queiroz (PT), Manoel Maia Beserra (DEM), Otávio Guimarães Vareda (PR) e José Augusto Gomes da Cunha (PP).


Casada, com nível superior completo, Lidia concorre numa composição entre PSB e PHS. É atual vereadora. Aos 33 anos, tem patrimônio avaliado em R$ 10 mil. Lidia aposta em sua atuação frente à Câmara Municipal para chegar ao cargo máximo do município. O vice é Filim. Ambos não apresentaram proposta de governo. Será que acreditam que “sim, nós podemos?”


Outro vereador que largou o legislativo para arriscar candidatura à prefeito é Damião de Souza Queiroz. Tem 33 anos, é filiado ao PT, disputa numa composição com PCdoB, PDT e PRP. Casado, natural de Xapuri, ele apresentou patrimônio avaliado em R$ 70 mil à Justiça Eleitoral. Pela Frente Popular de Capixaba, o vereador recebeu as bênçãos do Palácio Rio Branco para sua campanha.



O motorista de transporte coletivo Manoel Maia Beserra é candidato pelo Democratas em uma composição com o PSDC. Com ensino fundamental incompleto, casado, aos 44 anos ele almeja chegar na prefeitura de Capixaba. Beserra tem um patrimônio acima de meio milhão de reais (R$ 545 mil). Não apresentou programa de governo.


José Augusto Gomes da Cunha é o Zé Augusto, candidato pelo PP com apoio do senador Gladson Cameli. Foi o candidato mais votado da oposição nas últimas eleições. Conseguiu coligar com o PTB, o PPS e o PMDB. O vice é Joãozinho, que tem forte influência na zona rural, principalmente no Projeto Alcoobras, um dos maiores assentamentos do município. O maior desafio de sua pré-campanha foi sobrepor a mensagem de união da oposição. O PSDB do deputado Major Rocha caminhou para coligação quase na prorrogação de limite da lei eleitoral.


O atual prefeito Otávio Guimarães Vareda, o Vareda, é candidato a reeleição. Se elegeu pelo PCdoB e passou para o PR da ex-deputada federal Antônia Lúcia. Técnico em Agronomia e Agrimensura, aos 33 anos, Vareda quer dar continuidade do trabalho que iniciou em 2012, mas enfrenta como principal desafio o desgaste de uma gestão sem muitos resultados positivos.


Logo no início de seu primeiro mandato, chegou a ser comparado com o cômico personagem ficcional criado pelo dramaturgo Dias Gomes: Odorico Paraguaçu. Vareda ia para a prefeitura em sua bicicleta e à noite, saia vigiando a presença de vigias nos postos de trabalho. Vareda apresentou patrimônio avaliado em R$ 122 mil. Não registrou proposta de governo.


Vareda chegou a enfrentar um pedido de CPI impetrado pelo vereador Diego Paulista, do PSDB. Diego, estranhamente, passou a defender Vareda com unhas e dentes e devido a uma intervenção do partido, não concretizou o plano de ser vice em sua chapa.


Desafios
Álcool Verde: da promessa do agronegócio sustentável ao envelhecimento do canavial



O maior projeto de desenvolvimento econômico da região, a Alcoobrás e depois, Álcool Verde, tem capítulos amargos para a população de Capixaba. Da promessa de desenvolvimento, a proposta assiste na atualidade o envelhecimento do canavial. Em julho, o vereador George Eduardo (PSDC), da cidade de Capixaba – localizada cerca de 77 km da capital – denunciou que a empresa Álcool Verde estaria se recusando a contratar trabalhadores do município para a safra deste ano. O mal-estar, segundo o vereador, foi gerado por causa de um deputado da base do Palácio Rio Branco “que falou mal da empresa na Assembleia Legislativa e por falta de apoio do prefeito Vareda”, disse. A direção da empresa negou os fatos, esclareceu que a contratação de trabalhadores prioriza currículos de quem tem experiência.  Porém, a empresa confirmou redução na safra de cana-de-açúcar que será processada este ano.


O projeto sucroalcooleiro possui no estado duas fases distintas e separadas por quase dezesseis anos. A primeira fase teve início em 1989 com a criação da Usina Alcoobrás (Álcool brasileiro S/A), vinculada ao Proálcool (Programa Nacional do Álcool) do governo federal, que visava minimizar as crises energéticas que assolou o Brasil na década de 70 do século XX. A segunda fase que predomina atualmente com a criação da Álcool Verde S/A no ano de 2005, assim como a primeira, também está ligada ao contexto nacional de produção e expansão dos biocombustíveis através do Plano Nacional de Agroenergia (PNA).


Foi a partir da eleição da Frente Popular do Acre em 1998, com a entrada em curso do projeto de desenvolvimento – Governo da Floresta – que começou os primeiros movimentos para aquisição da Alcoobrás. Após o fracasso da Alcobrás, do montante dos gastos públicos e dos prejuízos ao meio ambiente causados pela formação do projeto, o então governador Jorge Viana, anunciava a compra do negócio através de uma estratégia que envolveu o ex-senador Sebastião Viana, e o deputado federal Sibá Machado.


Jorge Viana com o discurso de sustentabilidade, falava de um projeto de produção de açúcar e álcool diferente dos demais estados, com o chamado Selo Verde, garantia que no plantio, na produção e distribuição do álcool, haveria equidade social, respeito ao meio ambiente e eficiência econômica.


Surgia então a Álcool Verde. O senador Sebastião Viana conseguia recursos junto ao Banco do Brasil para financiar a compra e Sibá Machado, viabilizou a vinda do Grupo Farias  – tradicional no setor sucroalcooleiro do Estado de Pernambuco – formando a nova territorialidade Álcool Verde S/A.


A autorização para que o governo do Acre comprasse o que restara de bens da usina junto ao Banco do Brasil pela quantia de R$ 2,7 milhões foi concedida pela Assembléia Legislativa através da lei Nº 1.636 de trinta de março de 2005 aprovada por unanimidade entre os 24 deputados estaduais.



A fictícia “Arábia Saudita do Etanol no Acre”


Quantos litros de Etanol a Álcool Verde produziu? Essa é uma interrogação que consta até no site novacana.com que divulga informações das usinas de açúcar e álcool de todo o Brasil. Após ter sido comprada pelo governo do Acre, o plano diretor do Grupo Farias previa a produção de 1.800.000 sacas de açúcar em 2012, álcool hidratado previsto para 2010 com 30.784 m³ e álcool anidro previsto para o mesmo ano com 40.976 m³.


O ambicioso plano previa ainda, a co-geração de energia prevista para 2011 com 108.610 (Mwh). Do papel para a prática, praticamente nada disso aconteceu. A produção de álcool realmente começou em 2010, no entanto, não foi divulgada a quantidade produzida e nem disponibilizada para o comércio com a população.


Infelizmente, o Proálcool um programa bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados de petróleo deu certo em várias cidades do Brasil, no Acre segue como um grande mistério do governo Frente Popular.


Mesmo com os altos índices de desemprego, principalmente da juventude, nenhum dos cinco candidatos a prefeito apresentou um Plano de Governo para o município.


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Jairo Carioca

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