Na tentativa de alvejar Eliane Sinhasique, a candidata do PMDB à prefeitura de Rio Branco, o senador Jorge Viana inventou que o impeachment de Dilma Rousseff seria tema de uma entrevista coletiva, nesta segunda-feira, 5.
Foi além o parlamentar petista, ao criticar as muitas promessas da adversária do prefeito Marcus Viana. Alheia à manobra, parte da imprensa noticiou o óbvio: o impedimento foi só uma desculpa às alfinetadas na oposicionista.
Em 2012, o destacado para a tarefa de atacar o adversário do PT, Tião Bocalom, foi o então presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Léo de Brito, hoje deputado federal. Bocalom disputava a prefeitura da capital contra o atual prefeito.
No mesmo tom de Jorge Viana, Léo questionou as “propostas mirabolantes” do adversário, chamando-o de “desesperado”. Desta vez, porém, coube à Eliane Sinhasique apontar de onde vem o desespero. E a nós a observação de que o PT, além de inventar temas para falar mal da adversária, tratou de destacar o seu mais renomado cacique para a tarefa.
Por que não Ermício Sena, o atual presidente da sigla? A resposta parece ser simples, se dividida em duas hipóteses.
A primeira é de que a deputada Sinhasique incomoda agora mais que Bocalom em 2012. A segunda, mais plausível, é que o PT perdeu forças a ponto de não caber a um simples dirigente a incumbência de atacar uma adversária de peso.
Isso também explicaria por que a equipe de marketing de Marcus Viana mudou as cores de campanha. Ao invés do vermelho-sangue, o alaranjado da vergonha. O resto é “conversa de bêbado pra delegado”, conforme disse o próprio senador durante a entrevista, ao citar o plano de governo da peemedebista.
A frase, aliás, marcou o discurso de José Medeiros (PSD-MT), sobre a defesa da presidente deposta Dilma Rousseff no Senado. Segundo o parlamentar mato-grossense, não havia qualquer possibilidade de convencimento (sobre o destino da petista) de ambos os lados. “Era uma conversa de bêbado com delegado”, comparou.
Ao assegurar que a cor laranja substitui o vermelho das campanhas passadas por falta de recursos, Jorge Viana parece embriagado pela própria certeza de que o delegado – ou seja, o eleitor rio-branquense – não passa de um tonto.
O desgaste do PT é imenso, como foi desgastante para os aliados de Dilma defendê-la na Câmara e no Senado ao longo de oito meses.
Jorge Viana voltou ao Acre carregando nas costas o fardo de ter contrariado sete de cada dez brasileiros no que diz respeito ao impeachment. Mas esse peso ele pode dividir com os deputados Léo de Brito, Raimundo Angelim, Sibá Machado e César Messias.
Ainda assim, o senador continua falando grosso, a crer, talvez, que a maioria segue inebriada por sua autoridade política.
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