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O limite entre a prevenção e a conivência com o crime

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Ozélia Reges (advogada criminal) e
Adolfo Reges (delegado de Polícia Civil)


Após uma leitura na obra de Bismael B. Moraes  “Prevenção Criminal ou Conivência com o Crime” percebemos que em certas obras e em determinados autores nasce uma cicatriz ou um ponto de vista que podemos denominar de uma cicatriz exposta. Os atuais acontecimentos no Brasil e no Acre acerca da insegurança, na qual a sociedade vem sendo vitimizada  adquire  cor acima das palavras, dos relatos, dos fatos e de toda essa “onda de criminalidade que tomou conta do Brasil e do Acre” e que ficou marcada em cada  brasileiro, em cada acreano como uma cicatriz exposta que nós denominamos de “insegurança pública”. São essas cicatrizes que geram dor, medo e insatisfação geral. Um país, um Estado no meio da floresta mergulhado na impunidade, mergulhado no terror.


Nas  páginas do livro “Prevenção Criminal ou Conivência com o Crime” a literatura  exprime uma insatisfação de alguém que viveu bem próximo do crime – não como criminoso, mas como a mão longa da justiça. Esse relato traduz a indignação de alguém – no caso o autor – com um Estado-Penal ausente de prevenção e de muitas outras coisas mais. Igualmente estamos vivenciando essa insatisfação já vivenciada pelo autor do livro supracitado.

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Os relatos dos fatos criminosos cometidos por delinquentes, por vias escritas não difere da atual realidade. É o caos que se instalou no território brasileiro, que fincou, que demarcou território no Estado do Acre.


Diariamente estampado na mídia televisiva e jornalística se tem relatos de furtos em série, assaltos em residências e centros comerciais, sequestros, rebeliões em penitenciárias, assassinatos contra membros da sociedade e até mesmo contra agentes de segurança pública, instalações de facções criminosas, tráfico de substâncias entorpecentes entres outros. É consenso que o crime faz parte da sociedade, mais os dados e as estatísticas atuais dão conta que o crime está ganhando daquele que “deve” ou “deveria” proteger a sociedade.


É inaceitável  que um Estado com uma densidade demográfica  igual a do Acre tenha um alto índice de criminalidade, proporcional à criminalidade das grandes metrópoles.


Interessante notar que a escrita da obra mencionada é repetitiva, pois a palavra “prevenção” está desde a primeira a última linha do traçado. Apesar de o livro tratar sobre prevenção ele aborda em si o crime, a pena, a repressão pela polícia, o caos penitenciário, os projetos de leis acerca da redução da idade penal como forma de prevenção, entre outras temáticas.


O objetivo da obra é desenvolver meios para a prevenção através de mecanismos, estatísticas e estudos criminais. Entretanto o autor antes mesmo de tratar do assunto principal fala em segurança privada – está na moda hoje em dia – para ele esse meio é transgressor ao preceito dos ditames da Constituição Cidadã no qual diz que quem deve promover a segurança é o Estado.


Observamos que as “autoridades” andam no dia-a-dia laboral e até mesmo fora dele com dois ou mais seguranças. Essas autoridades ao qual nos referirmos são governadores, juízes, desembargadores, secretários, etc. É ai que vem em mente uma pergunta: Já que a sociedade é a maior vítima desses criminosos, porquê eles não têm essa segurança? Será que a sociedade paga menos impostos do que tais autoridades? Por quê quando a filha de um indíviduo pobre da sociedade “some” ou é “sequestrada” o aparato da segurança pública não dá suporte para investigar? Por quê quando a filha de um indivíduo próximo ao Governo do Estado é sequestrada o aparato da segurança pública mobiliza mais de 80% do seu efetivo para investigar?


São muitos os porquês. Muitos justificáveis, outros não.


Urge que o Estado através da Segurança Pública promova meios de prevenção através do aparelhamento do pessoal de apoio, ou seja, de policiais bem preparados e principalmente que estes policiais sejam conscientizados sobre esta prevenção. Todavia não é essa a maneira pela qual a Segurança Pública se apresenta e se representa, visto que o Estado atua após o fato ocorrido. Só atua com a Repressão e deixa a desejar o trabalho preventivo, que deve envolver não só a Segurança Pública, mas a família, a sociedade, a escola e outras instituições. Havendo medidas eficazes na prevenção não seria necessário  tanta  repressão que a cada dia a estatística aponta para elevação exagerada na prática delituosa.


Para o autor da outra citada a prisão não é o meio mais eficaz para a prevenção. Para os autores do referido artigo a prisão também não é eficaz. O reeducando não se ressocializa. Mera utopia


Para o sociólogo Michel Foucault a prisão é um mal necessário. Para os autores esse mal necessário seria viavél para àqueles que realmente tem o crime como fator endógeno.


Nota-se, que a cada dia a população carcerária só tem aumentado no Brasil e no Acre, e que sabemos que nosso sistema prisional não funciona (uma muralha, onde são colocadas várias pessoas, que nada fazem diariamente, a não ser se alimentar as custas do Estado e planejar, organizar, e determinar a prática de delitos fora dos murros por outros indívíduos alienados no meio da sociedade), pois não reeduca e não  transmite o caráter punitivo para o agente delituoso (grifo nosso).


Crime, Prevenção e Repressão é um drama vivido diariamente pela sociedade: a falta de segurança por não se fazer presente a prevenção. Uma insatisfação de viver no limite entre a prevenção e a conivência com o crime. Um limite dado pelos governantes, pois se não há prevenção há conivência.

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Por fim, afirma Bismael B. Moraes “quando não há prevenção há conivência”. Triste realidade, todavia concordamos. “QUANDO NÃO HÁ PREVENÇÃO HÁ CONIVÊNCIA”.


 


 


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