O debate travado entre o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Daniel Zen (PT), e sua colega Eliane Sinhasique (PMDB), sobre qual das duas siglas é a mais corrupta, revela o baixo nível não apenas do nosso parlamento estadual, mas da política brasileira como um todo.
Muito se criticou Paulo Maluf pelas falcatruas dantescas e pelo slogan a ele atribuído – erroneamente – do “rouba, mas faz”. Na verdade, a máxima, conferida a Ademar de Barros pelo adversário Paulo Duarte, acabou incorporada – ainda que não oficialmente – à campanha de Ademar à prefeitura de São Paulo, na década de 1957.
De lá pra cá, como se pode depreender do que dizem os parlamentares do PT e do PMDB, a política brasileira pouco mudou, apesar das enormes e importantes mudanças do mundo ao nosso redor.
Nesse Fla x Flu de falcatruas em que se envolvem membros tanto do PT como do PMDB – não escapando outras siglas, como o PP, só pra citar o caso do Petrolão – resta comprovado que o sistema político brasileiro apodreceu a ponto de ruborizar Ademar de Barros e arrancar reprimendas de Maluf.
Enquanto petistas como Daniel Zen tentam atribuir a Eliane Sinhasique a culpa pelos desmandos praticados por Everaldo Gomes e Aldemir Lopes em Brasiléia, e mais recentemente por partidários dela em Cruzeiro do Sul, o prefeito da capital, Marcus Viana, se vê obrigado a usar o discurso de que responde apenas por si – e não pelo que fizeram Lula, Dilma, José Dirceu, Antônio Palocci, Delúbio Soares, Vaccari Neto, Silvio Pereira, Paulo Bernardo… a lista é imensa!
E ainda que Zen e Sinhasique façam parte de dois partidos cujos membros mais eminentes atuaram como protagonistas no Petrolão e em outros desmandos milionários que nos levaram ao abismo da crise, certamente sairá de um dos partidos aos quais eles pertencem o futuro prefeito da capital.
Isso nos remete à reflexão de que o eleitor, não obstante conhecer os fatos dos quais consegue até mesmo se indignar, segue escolhendo seus representantes em desacordo com a sigla à qual estão filiados.
Fosse diferente essa realidade, a disputa estaria polarizada entre Raimundo Vaz (PR) e Carlos Gomes (Rede), cujas legendas não sofreram – ainda – o processo de desgaste a que estão submetidos tanto o PT quanto o PMDB.
Convenhamos, porém, que mesmo em países civilizados, como nos Estados Unidos, essa regra da polarização é sempre válida, com a diferença de que lá os partidos têm mais força do que os candidatos – e os cidadãos e as instituições, mais postura e vergonha na cara do que nós.
Mas também devemos admitir que em nenhuma Nação, cujos habitantes não toleram como nós tantos erros, deslizes e – menos ainda – o comportamento amoral de seus representantes políticos no exercício do mandato, esse tipo de debate que ocorreu na Aleac seria terminantemente condenado pela opinião pública.
Resta concluir que PT e PMDB são irmãos xifópagos, ligados pelos desmandos cometidos na vida pública brasileira e pelos danos causados à Nação. Mas isso, ao tudo indica, pouco importa aos eleitores rio-branquenses.
A primeira conclusão, portanto, é que esse tipo de debate entre Zen e Sinhasique pode ser inócuo. A segunda é que nossa sina parece residir tão-somente na esperança de optar, na hora do voto, por aquele que – pelo menos – faça jus à máxima atribuída a Ademar de Barros.
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