O Diretor de Relações Internacionais e Eventos no Conselho Federal de Administração, Marcos Clay, fez uma carta de retratação endereçada aos homens e mulheres negros e negras do estado do Acre e do Brasil. No documento ele afirma que errou de forma injustificável, mas que pretende virar essa página de sua vida.
“Só percebi a profundidade e as consequências depois de perceber a quantidade de pessoas que magoei” diz o diretor se referindo a postagem de cunho racista contra a goleira da seleção brasileira feminina, nas olimpíadas, a atleta Bárbara, feita em seu facebook no dia 13 de agosto.
Clay escreveu o seguinte comentário: “eu odeio preto, mas essa goleira do Brasil tinha chance”.
A postagem teve repercussão no Acre e no Brasil. ONG do Rio de Janeiro esta processando o diretor que também deverá sofrer representação no estado do Acre.
Marcos Clay segue esclarecendo que para quem cresceu herdando alguns valores, a ação errada deixou a desejar, mas não o impede de reconhecer o próprio erro e de fazer penitência.
“Com a penitência que a mim mesmo impus, vou corrigir esse curso de minha vida”, apelou.
Veja na integra a carta enviada à redação do ac24horas:
Aos homens e mulheres negros e negras desse estado,
Meu nome é Marcos Clay e vocês devem me conhecer através das redes sociais recentemente devido a um post reconhecidamente de cunho racista, que só percebi a profundidade e as consequências depois de ver a quantidade de pessoas que magoei.
Não estou vindo me justificar, pois depois de perceber meu erro e me aprofundar no assunto, reconheci meu erro como injustificável e falho.
Cresci herdando alguns valores, mas por uma ação errada deixei a desejar a mim mesmo, porém, um dos valores que aprendi ao longo da vida eu mantenho: o de reconhecer o erro e tentar de alguma forma, com a penitência que a mim mesmo impus, corrigir esse curso em minha vida.
Sou ciente das consequências jurídicas e legais de meu ato e sou ciente também das representações contra mim, porém, não quero deixar de dizer a todos que independentemente de qualquer processo e de resultados, minha intenção é reparar minha atitude errada e insensata.
E tenham certeza de se antes existia em mim alguma ideia preconceituosa construída no dia a dia e transmitida em pseudobrincadeiras, que agora vejo as consequências na vida real das pessoas, hoje tenho consciência do preconceito e do racismo no nosso país e no nosso Estado do Acre.
Creiam que minha missão será virar essa página da minha vida, mas contudo nunca apagar a lição valiosa que aprendi. Reforço que sou ciente das sanções legais a mim possivelmente impostas, mas aqui tem um homem, que como qualquer outro cometeu um erro e está buscando reparar o mesmo.
Que me atirem a primeira pedra, até aceito, mas que dessas pedras todos aprendamos a lição e construamos um mundo sem preconceitos e nem racismo. No mais, só tenho a lamentar e pedir sincero perdão à Barbara Micheline, ao Conselho Federal de Administração e à sociedade em geral.
Marcos Clay
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