A posse do deputado federal licenciado Sibá Machado (PT) como secretário de Indústria e Comércio do Estado arrancou do governador Sebastião Viana os delírios contumazes. Segundo ele, seu governo “zerou” a miséria rural no Estado.
Detentor do título de governante que mais visitou os rincões do Acre no primeiro mandato, Sebastião viaja agora na maionese ao apregoar a prosperidade de quem luta com muitas dificuldades para sobreviver na zona rural.
Tal ufanismo é dissonante com o dia a dia de milhares de cidadãos cuja precariedade de vida aumentou com a crise gerada pelo governo de Dilma Rousseff. Mas a presente proposição do nosso governador é clara na sua essência hegeliana: se os fatos não lhe confirmam o discurso, ora, pior para os fatos… A filosofia de Hegel, pelo visto, foi incorporada à retórica dos companheiros.
Confirmado no cargo de secretário de Indústria e Comércio, Sibá Machado terá pela frente o desafio de lidar com os percalços de um setor que não se destaca por fatores diversos e agora se encontra aviltado pela crise econômica.
Do parlamentar licenciado não se pode esperar muito, visto que sua atuação na Câmara Federal nunca esteve inclinada aos temas que compõem a pasta que passa a gerir. Essa constatação pode ser feita no portal da Câmara Federal ou no site excelências.org.br.
Neste último há informações detalhadas sobre a atuação dos deputados e senadores. Sibá Machado focou suas atividades parlamentares no tema “ciência e tecnologia”, mas destinou, de suas emendas individuais, mais de R$ 3,1 milhões ao desenvolvimento do setor agropecuário. Não há nada de errado com isso, muito pelo contrário – a não ser a contradição de pertencer a um partido que no Acre chegou ao poder demonizando os fazendeiros.
No parlamento, Sibá apresentou cinco requerimentos pedindo a realização de sessões solenes – eventos que impedem o andamento dos trabalhos legislativos e servem apenas para incensar aliados ou instituições às quais se pretende agradar.
No portal Excelências também se pode verificar que ele apresentou requerimento (REQ RCP-26/2013- 8665/2013) solicitando a retirada de sua assinatura da lista da Comissão Parlamentar de Inquérito que tinha por finalidade investigar irregularidades cometidas nas obras de manutenção da BR-364, no Acre.
Em contrapartida, requereu (RCP- 11/2015) a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as causas do desabastecimento de água na Região Sudeste e nas demais regiões do Brasil. Sibá queria investigar “eventuais responsabilidades dos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Não precisa ser gênio pra concluir que o alvo do petista era o tucano Geraldo Alckmin.
O deputado também apresentou proposta (PL 3613/2012) para acrescentar parágrafo ao art. 12 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, determinando que os depósitos de poupança cujos saldos ultrapassem o valor de R$ 50 mil sejam remunerados por percentual da taxa referencial do Selic, o que, óbvio, aumentaria o rendimento dos poupadores mais endinheirados.
Em sua declaração de renda, cujo levantamento remonta a 2014, ele acumulava mais de R$ 160 mil em quatro contas correntes distintas, além de R$ 1.348,00 em depósitos na Poupança Ouro. Com isso se pode supor que Sibá, neste caso, legislou em causa própria.
Autor das mais absurdas declarações sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Sibá Machado chegou a ser alvo de uma reclamação na Câmara, em março de 2015, de autoria do colega Gilberto Nascimento (PSC-SP). Este último solicitou à Mesa Diretora que obrigasse o então líder do PT a prestar esclarecimentos sobre as declarações segundo as quais a CIA americana estaria por trás dos movimentos sociais que ocorriam no Brasil contra o governo do PT.
A reclamação de Nascimento foi arquivada. Nada mais correto. Afinal, não cabe ao parlamento substituir as competências da psiquiatria.