As recentes declarações do prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), à TV Gazeta e ao AC24horas denotam a sua provável estratégia de campanha. Tentará se colocar como administrador deixando a questão ideológica longe do seu palanque. Ou seja, não vai ser um defensor da presidente afastada Dilma (PT) e tentará se contemporizar com a provável presidência definitiva de Michel Temer (PMDB). Não que vá elogiar o gestor do PMDB, mas também não vai embarcar em slogans fáceis tipo “fora Temer”. Resta saber se a sua militância petista também seguirá essas orientações. Ao dizer que torce para o Brasil dar certo, mesmo com Temer na presidência, Marcus lança pontes em direção ao novo comando do Planalto. Outro fato é que o vermelho tradicional do PT, que cria a identificação com a esquerda, deverá ser esquecido. Me contaram que a cor predominante da campanha do candidato do PT será o laranja. Nem o azul da oposição e menos ainda o vermelho dos “companheiros”. Também acredito que alguns petistas acreanos notáveis não deverão nem passar perto dos programas de TV de Marcus. A escolha da vice, Socorro Nery (PSB), vinda do PMDB e, posteriormente, PSDB também denotam essa tendência da guinada à direita da imagem que Marcus tentará mostrar aos eleitores de Rio Branco.
O jogo
Anteriormente, cerca de três meses atrás, Marcus participou de um ato do PT em frente ao Palácio Rio Branco, contra o “golpe”. Na ocasião fez severas críticas ao vice Temer e ao PMDB. Mas pelo andar da carruagem essa postura deverá ser esquecida.
Questão de lógica
Sem o Governo Federal nas mãos do PT, como Marcus irá conseguir os recursos para tocar obras na Capital? Obviamente que não vai criar um clima de guerra com o PMDB nacional durante a sua campanha para não ficar isolado em caso de vitória.
Sonho real
Mesmo porque acredito que Marcus ainda sonha em ser governador do Acre em 2018 e, para isso, precisaria fazer dois anos de gestão eficiente na prefeitura. Só emendas parlamentares de deputados federais e senadores petistas não seriam suficiente para garantir os recursos à essa empreitada.
Pedra no caminho
Resta saber se o atual presidente do PT, Ermício Sena, concordará com essa postura do “companheiro” Marcus. Esses dias ameaçou o ex-deputado Taumaturgo Lima (PT) de expulsão por ter aceitado um cargo no Ministério do Trabalho, articulado pelo senador Gladson Cameli (PP).
Plano B
Mesmo se for derrotado nessas eleições, acredito que Marcus será candidato ao Governo em 2018. Sem mandato, não acredito que permaneceria filiado ao PT. Poderá percorrer novos caminhos de quem tomou gosto pela política.
Risco
Se Marcus não utilizar o seu palanque de campanha para fazer a defesa de Dilma deixará alguns petistas escabreados. Por outro lado, é certo que Michel Temer estará de corpo e alma dando apoio à sua candidata Eliane Sinhasique (PMDB).
Discurso ácido
O candidato da Rede, em Rio Branco, Carlos Gomes (REDE), tem feito declarações muito críticas ao atual Governo do PT. Disse que a única organização eficiente que existe atualmente no Acre é a criminal. Dá para perceber que linha de campanha deverá seguir o jovem candidato.
Sem confusão
Muita gente acha no Acre que a Rede é uma extensão do PT. Isso não é verdade. A ex-senadora Marina Silva (Rede) sofreu muito nas mãos de Dilma ainda nos tempos de ministra do Lula (PT). Apesar de ter seu marido, Fábio, na linha de frente do Governo de Tião Viana (PT), Marina não tem motivos para morrer de amores pelos “ex-companheiros”. Ainda mais com a atual política ambiental do Estado.
Planos “vivos”
Os candidatos à prefeitura de Rio Branco Eliane Sinhasique (PMDB) e Raimundo Vaz (PR) já registraram os seus planos de governo. Aquele argumento tradicional do PT de que a oposição não tem projetos será sepultado. Tanto Sinhasique quanto Vaz vão bater forte na tecla dos seus planos para Rio Branco nas campanhas.
Equação de Xapuri
O município terá quatro candidatos a prefeito. Bira Vasconcelos (PT), Aílson Mendonça (DEM), Erivelton Soares (PMDB) e Vanderlei Viana (PROS). Me disseram que a tendência é a polarização entre Bira e Aílson. Ainda que em eleição nunca se possa dizer nada antes da campanha ir para as ruas.
Equação de Xapuri 2
Mas essa tendência de polarização confirmando-se o jogo parece ser o seguinte: Erivelton, que veio do PSB, poderá tirar votos de Bira. E Viana de Aílson. Mas num município pequeno Erivelton ou Viana também podem surpreender.
Chapa hibrida
Aílson terá como candidato a vice Osmar Facundo (PR), fundador e primeiro militante do PT eleito vereador no município. Assim Aílson espera reverter votos de petistas “arrependidos” para o seu projeto. O fato é que a disputa em Xapuri será intensa e cheia de variantes.
Idealista
O candidato a prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (PMDB), já foi deputado estadual pelo PT. Acreditou no projeto de Florestania do ex-governador Jorge Viana (PT). Só que ao contrário dos petistas, tornou o extrativismo rentável. Mazinho tem uma usina que manda uma carreta de 30 toneladas de castanhas beneficiadas para São Paulo por semana e gera mais de 100 empregos no município.
Escaramuças de Sena
Mano Rufino (PSB) vai disputar a reeleição com o apoio de toda a cúpula estadual da FPA. Toinha Vieira (PSDB) tem no currículo uma gestão bem avaliada como prefeita. Mano, Toinha e Mazinho devem fazer campanhas intensas em Sena. O resultado só mesmo no dia da apuração.
Está valendo…
Nesta segunda, 15, começa oficialmente a campanha para a disputa das prefeituras e cadeiras de vereadores. Acredito que com os mais recentes casos de corrupção tendo como pano de fundo eleições o dinheiro será escasso. Não deverá haver aquele tradicional “derrame” que acontece em todos os pleitos no Acre. Mesmo porque a fiscalização deverá ser mais rígida. Quem ganha com isso é o eleitor, porque poderá escolher os seus candidatos de maneira mais livre. Pela qualidade e não pela quantidade no seu “bolso”. Sem dizer que serão muitos os casos de impugnação e cassação de mandatos de “gastões”. Anotem o que estou dizendo e confiram os fatos até o próximo dia 2 de outubro.