Em primeiro lugar são inegáveis as contribuições dos governos petistas para o avanço social do Brasil. Principalmente na educação e na distribuição de renda. Em segundo lugar, acho que ninguém ouviu falar em impeachment durante os dois governos do ex-presidente Lula (PT). Mesmo no auge da crise do “Mensalão” nenhum adversário “ousou” querer destituir Lula do trono. E por que? Lula conseguiu aliar uma boa gestão com uma eficiente articulação política. Talvez tenha sido um dos presidentes mais populares da nossa história. Ele não deixou espaço para que a oposição tentasse crucifica-lo por erros que aconteceram a sua volta. Então por que a atual presidente Dilma (PT) está com seus dias contados no Planalto? Porque, ao contrário de Lula, não conseguiu realizar as duas premissas essenciais para o sucesso de um governo, uma boa gestão associada a uma coordenação política eficiente. Portanto, Dilma não vai cair por conta de “pedaladas fiscais”, mas por ter realizado um segundo governo desastroso e impopular sem a menor orientação política para manter a sua base de sustentação aliada. Dilma e o PT enganaram os seus eleitores. Não foram verdadeiros quanto a real situação econômica do país também atingido por uma crise internacional. Prometeram aquilo que não poderiam cumprir e estão pagando um preço alto que coloca em xeque, inclusive, a jovem democracia brasileira.
O momento do erro
Dilma teve a oportunidade de colocar o seu vice Michel Temer (PMDB) para fazer a sua coordenação política. Naquele momento, os seus “companheiros” cometiam erros crassos na aprovação de importantes projetos no Congresso Nacional.
Precipitação
Temer permaneceu na coordenação política, em 2015, por alguns dias, e reverteu situações desfavoráveis ao Governo no Congresso. Mas o braço direito de Dilma, Aloisio Mercadante (PT), ficou enciumado com o sucesso da primeira empreitada de Temer e ajudou a derrubá-lo para evitar o seu crescimento político.
Tiro errado
Ao invés de manterem Temer atrelado ao Governo deram independência ao vice. Sentindo a fragilidade política do grupo petista, Temer, percebeu ser possível “derrubar” o governo. Assim, aquilo que Mercadante temia, que Temer crescesse politicamente como coordenador político, acabou acontecendo muito pior. E a culpa é de quem? De quem se achava acima do bem e do mal e que acreditava ter uma popularidade que já havia se esvaído com a saída de Lula da presidência.
Além do bem e do mal
Tanto os governos do PT no Acre quanto no Brasil têm a mania de se dizerem do bem e acusarem os seus adversários de serem do mal. Um maniqueísmo estúpido que acabou sendo percebido pela maioria da população depois dos ruidosos casos de corrupção em que o PT se meteu nos últimos anos.
Quem estiver sem pecado…
Não estou dizendo que o PT é mais corrupto que outros partidos. Mas ganharam várias eleições no Acre e no Brasil prometendo fazer diferente e fizeram parecido. Agora, apontam o dedo para o PSDB, o PMDB e o PP dizendo serem menos corruptos que eles. Mas a o povo queria era um PT sem corrupção nenhuma e não menos ou mais corrupto.
…atire a primeira pedra
Aqui no Acre pairam suspeitas nas obras petistas da BR 364, do Ruas do Povo, na distribuição de casas populares. Todos sofreram alguma investigação. E não refresca o fato do PT acusar outros partidos que estiveram no governo de serem mais corruptos. A vida é no presente, não no passado e nem no futuro.
Perseguição
Esse caso da nomeação do ex-deputado federal Taumaturgo Lima (PT) para a superintendência do Ministério do Trabalho do Acre ilustra bem essa situação. Taumaturgo é funcionário de carreira do MT e conseguiu a nomeação mesmo sendo do PT. Mas o PT não aceita e ameaça o ex-parlamentar de expulsão.
Perseguição 2
Vamos falar a verdade. O Taumaturgo nunca foi muito querido dentro da cúpula petista. A sua eleição, em 2010, desagradou muita gente. Queriam que o eleito fosse o atual deputado federal Léo de Brito (PT). A “zebra” Taumaturgo atrapalhou os planos de alguns caciques petistas e isso foi imperdoável.
Perseguição 3
Acompanhei de perto a tentativa, em 2014, do ex-secretário da fazenda, Mâncio Cordeiro (PT), irmão de Taumaturgo, de tentar ser candidato a federal. As rasteiras que o ex-presidente do BASA levou dos “companheiros” foram notáveis. Tanto que Mâncio desistiu da empreitada mesmo antes de registrar a sua candidatura. Ainda que tenha alegado motivos familiares.
Competência dispensada
Lembro-me bem de quando o ex-governador Binho Marques (PT) ganhou a eleição, em 2006. Iniciaram as articulações para tirar Mâncio da presidência do Banco da Amazônia e trazê-lo para colaborar com o Governo. Mas havia uma resistência do então presidente Lula que gabava a competência de Mâncio e reconhecia o trabalho de modernização que havia feito no Banco. Isso pouco contou quando Mâncio Cordeiro quis dar os seus próprios passos na política.
Patinhos feios
O fato é que Taumaturgo, Mâncio e o deputado estadual Jonas Lima (PT) não são da turma petista que manda atualmente na política do Estado. Fazem parte de uma tendência interna contrária a do governador Tião Viana (PT) e do presidente Ermício Sena (PT). A sensação é que podem colaborar, mas não brilhar.
Oportunismo
O senador Gladson Cameli (PP) se empenhou de corpo e alma para conseguir nomear Taumaturgo no MT. Eu estava fazendo uma entrevista com o senador Petecão (PSD), em Brasília, há uns dois meses, quando Gladson entrou no gabinete. Conversou com Petecão pedindo apoio para Taumaturgo. Além da amizade pessoal com o petista, Cameli percebeu o momento de fazer um gesto suprapartidário. Calculou corretamente que estaria premiando um funcionário de carreira do órgão e mostrando aos seus eleitores que não se prende às bandeiras partidárias. Deu certo, o PT mordeu a isca e criou toda essa polêmica desnecessária que reforça a imagem de “ou está conosco ou contra nós”. Diplomacia zero!
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