Categories: Acre Destaque 7 Editorial Notícias Política

Legisladores da própria consciência

Por
Do Conselho Editorial do ac24horas

Reiteradas tentativas do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) de tornar as eleições limpas, equitativas – do ponto de vista da disputa entre os candidatos – e mais próximas da racionalidade – quanto às escolhas conscientes do eleitor – são vistas a cada pleito com certa desconfiança. O problema, porém, não está nessas medidas, que são muitas e mudam ao sabor do vento, mas nos que não se acham no dever de cumpri-las.


A inobservância da necessidade dessa obrigatoriedade pessoal é o que nos faz um retumbante fracasso coletivo. Sem a ciência de que cada um de nós deve se encarregar de cumprir as regras imprescindíveis ao bom convívio social, está formado o caldo cultural em que fervem os desmandos políticos.


Dito isto, é fácil compreender o enorme descompasso na atitude do cidadão que desrespeita regras mínimas no dia a dia, mas recorre ao sempre inflamado discurso contra a corrupção.


Não é raro observar que muitos dos que deploram a voracidade dos políticos por verbas e cargos públicos são os mesmos que não atentam à exigência de dar passagem ao pedestre na faixa ou que ignora o aviso de que determinadas vagas de estacionamento são reservadas a idosos e deficientes físicos.


Na mentalidade tacanha dos que praticam pequenas irregularidades no cotidiano, enquanto condenam o assalto aos cofres públicos, não há relação possível entre, por exemplo, o desrespeito a preceitos simples e o prejuízo que os corruptos causam ao País.


Ledo engano. Enquanto regras mínimas não são observadas por um grande contingente de cidadãos, é inútil desejar que o conjunto dos brasileiros tenha a consciência de que precisamos eleger melhores representantes. A verdade é que muitos de nós somos péssimos legisladores da própria consciência.


Com os candidatos batendo às nossas portas, é o momento de refletirmos sobre o papel dos vereadores e prefeitos.


Uma das medidas a tomar é investigar o currículo dos que nos parecem promissores e confiáveis, ouvir suas propostas com muita atenção e desconfiar das facilidades vendidas por alguns pregoeiros da insensatez.


Mesmo com os municípios em petição de miséria, com o orçamento quase todo devotado a pagar o funcionalismo e uma lista de problemas a enfrentar sem as ferramentas necessárias para isso, já há aqueles que estão prometendo gerar mundos e fundos, como emprego, renda e felicidade para todos.


Promessas irreais e mirabolantes são um ótimo indicativo de que a verdade não faz parte do discurso dos que contam com a ingenuidade alheia para cabalar votos.


E candidato que costuma mentir pra vencer eleição, muito certamente, depois de empossado no cargo, vai dar risada dos que lhe deram crédito às patacoadas.


 


Share
Por
Do Conselho Editorial do ac24horas